Amigo...

Quero te conhecer num dia de chuva
de chuva fina e prolongada
de temperatura amena
numa tarde de final de outono
em que a cidade esteja meio oculta pela bruma
prenúncio do inverno.

Quero te conhecer num dia cinzento e silencioso
onde nada possa desviar minha atenção de ti
nenhuma beleza efêmera
nenhuma luminosidade excessiva
nenhum artifício
nenhuma ilusão.

Quero te conhecer quando minha alma esteja despojada
de toda e qualquer defesa
de toda e qualquer razão
para te contar a minha história
sem mentiras ou fantasias
e deixar expostas as cicatrizes sem qualquer pudor.

Quero te conhecer quando for capaz
de deixar fluir os sentimentos mais verdadeiros
de cruzar as fronteiras da alma
oculta de si mesma
e de ter vencido o medo
o medo de ser.

Quero te fazer meu amigo
aquele que há de curar as feridas
sem faze-las doer.
aquele que permanecerá
quando todos os outros tiverem partido
aquele que ama e é amado.

Amigo... amado...
Amigo...





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