Terceira Parte                   .



          Na primeira parte, vimos ser possível melhorar muitos dos aparelhos, comercializados nas décadas de 70, 80 e 90, a ponto de torná-los compatíveis com os conceitos atuais da alta-fidelidade. A um custo muito inferior ao de um aparelho de boa qualidade, comercializado atualmente. Isto realmente é possível, em muitos casos e, inviável em outros, conforme pudemos observar nas tabelas publicadas na segunda parte deste trabalho. A prática demonstrou que, um bom upgrade é uma alternativa interessante para o audiófilo e ajuda a prolongar a vida útil de equipamentos que, não raramente estavam sendo deixados em segundo plano ou mesmo destruídos. Obviamente, ao trabalharmos com upgrade, quase sempre, teremos algumas limitações técnicas, devido ao próprio chassi do aparelho original, disposição dos controles no painel frontal, distribuição dos conectores do painel posterior, espaço interno, etc... Porém, os resultados obtidos com um upgrade adequado, geralmente, correspondem ou mesmo superam as expectativas.
          Um bom upgrade respeita as características estéticas originais do aparelho, afinal, upgrade significa atualização do equipamento para melhor, nunca descaracterização do design.
          Quando um aparelho é destruído e seu gabinete reaproveitado, total ou parcialmente, para a construção de outro, com características estéticas diferentes das originais, não temos um upgrade, mas um trabalho parcial de reciclagem, sendo este um assunto muito diferente daquele que está sendo abordando.


          Em dezembro de 2002, coloquei-me a disposição dos audiófilos brasileiros para realizar upgrade de alta qualidade em equipamentos de áudio. Antes dessa data, apenas realizava o serviço, eventualmente, e a pedidos de amigos. Infelizmente, pouco tempo depois, em julho de 2004, vi-me forçado a abandonar tal atividade.
          Durante o curto período em que me dediquei mais intensamente aos upgrades, recebi muitas mensagens a respeito do assunto. Muitas dessas continham dúvidas de como era feito um upgrade e qual seria o resultado final. Assim, decidi criar esta página, para trazer a você fotografias de alguns circuitos que utilizei em upgrades e outras informações adicionais.
          A idéia original, era elaborar uma página contendo informações a respeito de diversos upgrades e com várias fotografias dos aparelhos. Mas, isso não foi possível, devido às limitações impostas pelo Yahoo-Geocities, local onde esta página está hospedada gratuitamente, pois não tem propósito comercial. Por isto, não foi possível a publicação de muitas fotos e, apenas um pequeno número de exemplos de upgrades estão apresentados. Também, peço desculpas pela baixa qualidade das fotos, em parte devido à compressão JPEG.

          Aproveitarei para responder, algumas das mais comuns perguntas a respeito de upgrade.


          P: O que posso esperar de um upgrade?
          R: Melhorias na qualidade sônica, confiabilidade e durabilidade do aparelho.

          P: Quanto tempo leva para fazer um upgrade?
          R: Upgrade nível um pode ser feito em menos de uma semana, incluindo revisão completa do equipamento e conjunto de testes em laboratório.
          Upgrade nível dois pode levar alguns dias, ou semanas, devido a maior demanda do tempo de serviço e a espera por componentes importados.
          Upgrade nível três requer um projeto inteiramente novo, de acordo com as características solicitadas pelo proprietário. Por ser um projeto, novo e personalizado, exige diversas etapas de desenvolvimento. Desde, a elaboração do circuito, modelagem e simulação em computador, cuidadoso projeto das placas de circuito impresso (com as dimensões e disposição de componentes de acordo com as exigências do aparelho original, para permitir sua integração perfeita, sem adulterações do chassi), importação dos componentes necessários à montagem, confecção prática do projeto, testes de laboratório e de audição, etc... Isto tudo demanda um tempo considerável, podendo levar alguns meses para sua finalização.

          P: Quanto custa (custava) um upgrade?
          R: O custo de qualquer serviço estava relacionado com o modelo do aparelho, sendo que cada caso era analisado individualmente. E, feito para atender ou superar as expectativas do proprietário.

          P: O que é um falso upgrade?
          R: Modificações que não trazem benefícios ao equipamento ou degradam suas características originais ("downgrade").

          P: Upgrade valoriza ou desvaloriza o aparelho?
          R: Upgrade valoriza o aparelho. Upgrade falso desvaloriza. Mas, um upgrade não tem por objetivo a valorização do aparelho, para revenda. O principal objetivo é melhorar a qualidade do áudio.

          P: Upgrade aumenta a vida útil do aparelho?
          R: Um bom projeto, empregando componentes de qualidade, resulta em um aparelho que oferece muitos anos de boas audições. Aumentando sua vida útil.

          P: Como você realiza ou realizava seus upgrades?
          R: Sempre recomendei o nível de upgrade mais adequado para o equipamento em questão e as pretensões de seu proprietário. Se o cliente insistisse em modificações que não levariam a bons resultados, eu não realizava o serviço.
          Durante as análises dos aparelhos, em momento algum utilizei filtro de ponderação, curva "A" (A-weighted), um subterfúgio comumente utilizado por muitos fabricantes para apresentar números mais atraentes, principalmente, na relação sinal / ruído.
          Sempre, a relação custo benefício foi discutida com o proprietário.
          Quase sempre a fiação foi feita com cabos especiais de cobre-prata e teflon.
          Utilização de componentes de alta qualidade selecionados e testados individualmente.
          Circuitos de alta confiabilidade.
          Todos os projetos, sempre, foram elaborados por mim, pois não utilizo projetos de terceiros.
          Os aparelhos foram submetidos a extensos testes laboratoriais, sendo seus parâmetros mensurados repetidamente, em intervalos regulares.
          Mais de 100 horas, em média, foram destinas a audição de cada aparelho, para certificação da qualidade do som (áudio).

          Abaixo, alguns exemplos de upgrade, bem como circuitos desenvolvidos para eles. Todo serviço foi realizado de modo artesanal.
          Na maioria dos casos, os circuitos foram fotografados durante a montagem dos aparelhos, por isto, a fiação pode estar desarrumada ou faltar alguns componentes nas placas de circuito impresso.


                  Discrete Preamplifier.
Placa do pré-amplificador discreto de alta resolução, utilizada em alguns upgrades (nível dois e nível três).
Amplificadores de transcondutância cascatodinos e diferenciação de corrente. Correção automática de offset. Corrente de polarização independente da temperatura. Acoplamento direto (DC). A placa suporta aproximadamente 390 componentes.



          Upgrade nível 1, em aparelhos Gradiente e JVC da linha Super-A (resumo).

          Circuito Super-A recalculado para proporcionar maior linearidade e estabilidade térmica. Diversas modificações, em todos os estágios de amplificação. Transformador de força reposicionado ou modificado, para melhorar a relação sinal / ruído. Correção da distorção de amplitude, existente em quase toda linha Super-A. Fonte de alimentação revisada e melhorada.
Na fotografia ao lado, vemos os
novos bornes de saída, instalados
em um receiver M-1660.

 




Protection circuit.

Ao lado, o eficiente e confiável circuito
de proteção utilizado em alguns upgrades.



          Restauração das peças metálicas.  


          Em alguns upgrades foi preciso restaurar o chassi. No exemplo ao lado, o tratamento químico, de alta resistência à corrosão, recuperou a tampa inferior do equipamento, gravemente oxidada. Detalhe, a coloração escura não é pintura, mas foi obtida por tratamento químico apropriado.
          Por vezes, a estrutura interna de sustentação (chassi) também foi restaurada completamente, recebendo tratamento químico idêntico ao original.






          
Circuito de 'loudness', acionado
remotamente com auxílio de relés.




         Em regra, relés foram empregados na comutação dos sinais de áudio.

Neste exemplo, vemos
um seletor mono/estéreo.



Modesto pré-amplificador de microfones.
Baixo custo, baixo ruído e
excelente resposta de freqüências
.



              Tone control.
Controle tonal, classe "A", com topologia exclusiva, desenvolvida por FMT (um aperfeiçoamento do controle Baxandall). Alta estabilidade a ampla resposta de freqüências. Acoplamento direto (DC) e correção automática de offset. Freqüências de 'turnover' selecionadas por intermédio de relés. A placa ao lado foi desenhada especialmente para upgrade em pré-amplificadores CM-5000. Neste exemplo em particular, potenciômetros NOS, foram selecionados, revisados e aprovados em testes laboratoriais. Contribuindo para melhorar a relação custo benefício.




          Fonte de alimentação multi regulada com Mosfet. Três estágios de regulação em cascata.
Baixíssimo ruído, alta velocidade e confiabilidade.
Desenvolvida para pré-amplificadores de alto desempenho.
          Na foto, vemos apenas uma parte da placa da fonte, construída em composite.
          Power Supply



            Class "A"    Headphones Amplifier
Um legítimo amplificador de fones, classe "A". Apresenta um som suave, de alta definição e com um sutil toque de docilidade. Livre de sibilâncias e nível imperceptível de coloração. Seu circuito é isento de retroalimentação negativa. A resposta de freqüências supera a respeitável marca dos 5 MHz. Baixíssima THD e IM. Não há distorção, mensurável, por intermodulação de transientes ou SID. Construído sobre placa de fibra especial, de alta qualidade. Corrente de polarização independente da temperatura e correção automática de offset.
          À direita, na mesma fotografia, os amplificadores dos medidores de VU. Isolados e alimentados por fontes independentes. Saída balanceada e livre de RFI (não interfere nos circuitos de áudio).
Nesse aparelho, o transformador de força recebeu quatro blindagens, para garantir que seu campo magnético não interferisse nos circuitos de áudio. O brilho da blindagem externa, observado no lado extremo direito da fotografia, demonstra o sucesso na recuperação do chassi, antes gravemente oxidado. Fiação de cobre-prata-teflon. Upgrade nível 3.




          Phonograph Preamplifier

          Graves presentes e controlados, médios naturais e agudos refinados. São características marcantes neste pré-amplificador fonográfico classe "A", de alta qualidade. Capacitância e resistência de entrada ajustável. Equalização IEC, RIAA e RIAA antigo. Compatível com cápsulas MM, MI, MC/HO. Acoplamento direto (direct coupler), isto é, não há capacitores de acoplamento. Placa de fibra especial de alta qualidade. Os diversos estágios do aparelho aqui fotografado foram separados por blindagens. Materiais absorventes foram aplicados à fiação e peças metálicas. O polimento das blindagens demonstra a atenção ao acabamento interno. Fiação em cobre prata e teflon.
Corrente de polarização independente da temperatura e correção automática de offset.




Upgrade em crossover Gradiente CX-II. Fiação em cobre-prata-teflon. Capacitores high-grade de 1%, com superior 'slew rate'. Saída de graves, originalmente monofônica, convertida para estéreo. Novos circuitos de alto desempenho garantiram excelente qualidade de áudio e compatibilidade com todos os tipos de cabos. Modificações nos circuitos de entrada e filtros possibilitaram acoplamento direto e mínima distorção de amplitude.
 



Upgrade nível dois em CD-Player (Rotel RCD-1070). Além dos ajustes e diversas modificações (conectores, fonte, controle de motor, silenciador, blindagem magnética, amortecimento do gabinete, etc...), a nova placa implementada corresponde a um circuito analógico classe "A", de alta resolução.  



Upgrade nível dois em CD-Player JVC (XL-Z232).
Além das modificações nos estágios analógicos, a pedido, foi acrescentada uma saída digital coaxial.
Assim como em outros casos, os terminais das PCIs adicionais encaixam em furos, originalmente, existentes na placa do aparelho. Cuidado que preserva as características físicas da placa original.





Conectores RCA, dourados, afixados em placas de composite, desenhadas especialmente para esta finalidade. As fotografias mostram o lado interno do painel posterior do aparelho.



Upgrade nível 2.8 em um amplificador PA-400.
Embora designado especialmente para amplificação de freqüências altas (solicitação do cliente), este projeto responde de 14 Hz ou 150 Hz a 290 kHz, configurável internamente. Os Mosfets de potência, cuidadosamente selecionados, trabalham com grande margem de segurança, dispensando circuitos adicionais de proteção. Baixo índice de distorção, respeitável fator de amortecimento, estabilidade de ganho e boa resposta de freqüências, foram conseguidos com pouca retroalimentação negativa. Fato não muito comum em amplificadores comerciais. Resolução e definição sônica também estão muito acima da média atual.
Transformador de força, toroidal, enrolado à mão, em conjunto com os melhores componentes disponíveis no mercado mundial, compõem uma fonte de alimentação com excelente reserva de energia.
          O bom desempenho do circuito empregado neste upgrade demonstrou, mais uma vez que, um upgrade adequado e honesto, valoriza o equipamento, permitindo igualar ou mesmo superar a qualidade de muitos equipamentos comerciais, incluindo os classificados como High-End.

          As figuras da distorção demonstram diferença significativa entre o aparelho atualizado (upgrade) e três amplificadores comerciais, de custo médio, atualmente em linha.

PA-400
Krell CAV-400xi
NAD C-370
Musical Fidelity A3.2


Espero que esta pequena amostra, tenha sido útil para exemplificar, como eram feitos upgrades e os resultados obtidos.

2005.07.02          

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