Introdução à Pintura
Descrição da pintura primitiva, antiga, medieval e moderna
Baseado no livro Como Entender a Pintura Moderna, de Carlos Cavalcanti
expressão artística
literatura
filosofia
Conceitos básicos

Em síntese, a pintura pode ser abstrata, figurativa e realista. A pintura abstrata é fundada não em sensações imediatas, mas em sentimentos, emoções e impulsos. Não se baseia em sensações óticas. A pintura figurativa representa imagens visuais do mundo exterior, ou seja, retrata as imagens do mundo de uma forma compreensível. A pintura figurativa ainda pode ser realista, realçando assim detalhes que caracterizam o objeto em questão. Logo, um leão seria representado por um pintor realista mais sua sua braveza, um acóolatra por sua ilucidez.

Pré-história

O primeiro período pré-histórico do qual temos o que chamamos de primeiras pinturas feitas pelos homens é o peleolítico superior. É uma pintura surpreendente em sua simplicidade e técnica, e certamente poucos seriam os pintores contemporâneos que na ausência de tantos recursos fariam pinturas tão expressivas. A pintura até o tempo em que o homem passa a ser sedentário e viver em família é figurativa. A partir de tais mudanças que caracterizaram o Neolítico e a Idade dos Metais a pintura passou a ter tendências abstratas, com formas geométricas. Aí está o fundamento da pintura dos primeiros povos da Antigüidade.

Antigüidade: Egípcios

A pintura egípcia é considerada figurativa sob o ponto de vista de que representa de forma compreensível as pessoas e tudo o mais. Mas é importante a observação de que esse povo era regido por Estado e leis teocráticas, quero dizer, a vida deles era em função dos deuses. Logo, considero o sentido, a essência da pintura egípcia como sendo abstrata. Como todos já tiveram a oportunidade de observar, a pintura egípcia é regida pela lei da frontalidade. O rosto das pessoas é desenhado de perfil, olhos e tronco de frente e pernas de perfil. No Egito também encontra-se os primeiros afrescos, feitos nas paredes com revestimentos de cal e areia. O termo afresco deriva do italiano afresco, alusão ao fato de os pintores trabalharem com tintas dissolvidas em água ainda quando essa mistura de cal e areia está fresca.

Grécia

Assim como toda sua História, a pintura grega também é dividida em três períodos: Arcaico, Clássico e Helênico.
O que sabemos sobre as obras de arte gregas é através de fontes indiretas e comparativas, como os Romanos. No período Arcaico encontramos obras místicas e simples, com formas neolíticas, ou seja, com formas geométricas e abstratas. Há também afrescos.
Já na fase Clássica - a época de Péricles - surge a pintura com claro-escuro, técnica que cria efeitos de espaço. Há um acentuado realismo figurativo, e a principal preocupação é de retratar a beleza e harmonia das formas. Destaque para o escultor Fídias, responsável pela decoração do Paternon.
A época Helenística é marcada pela internacionalização da Grécia: há expansão comercial e territorial, e a arte também sofre influências orientais, sendo então menos pueril do que era na fase clássica. As obras desse tempo são marcadas por movimentação tumultuosa de formas, gosto pelo pitoresco e pela dramaticidade.

Roma

"Tendo conquistado militarmente a Grécia, Roma fora por ela espiritualmente conquistada".
A partir de tal afirmação, fica claro que a pintura romana foi uma variante da grega. O povo que deu origem aos romanos, os etruscos, eram inicialmente mais práticos e políticos que os gregos, daí a afirmação de Carlos Cavalcanti: "Apenas, por seu caráter prático, o romano acentuou-lhe as finalidades decorativas. Associou-a com maior freqüência à arquitetura, e marcou-a de forte realismo."

Pintura Primitiva Cristã

Com a decadência do Império Romano, há a tentativa por parte dos nobres ("patrícios) de acalmar as massas populares ("plebeus") com o cristianismo, que até então tinha sido oprimido. Isso não impede a queda do Império, o início da Idade Média, época em que a vida ficou isolada em feudos e à religiosidade, que passou a ser mais um método para acalmar as massas, que agora não são mais plebeus mais sim servos a serviço de um senhor feudal, uma espécie de latifundiário.
As artes em geral tiveram um regresso, visto que qualquer forma de expressão diferente do catolicismo era oprimida inclusive com a morte de tal "herege". "Muitos livros põe a fé em dúvida, e não é isso que a Igreja quer" (Trecho adaptado de "O Nome da Rosa", de Umberto Eco)
A pintura volta a ser figurativa, mas novamente de sentido religioso, tanto nas idéias quanto na fé, dogmas e não-racionalismo. Após passar a ser religião também da nobreza, tomou inspiração também na pintura pagã helenística e romana.

Bizantinos e Românicos

A queda da Roma Ocidental não afetou o desenvolvimento da Roma Oriental, que abrangia uma região ao Oriente do território italiano atual. É na Roma Oriental que se desenvolve a arte bizantina, que obedece à lei da frontalidade, apenas com alguns aspectos diferentes aos da pintura egípcia. A arte bizantina é estritamente reduzida a instrumento de propagação da religião para leigos, sendo assim uma arte dirigida.
As técnicas usadas são de majestosos murais de mosaicos, feitos de pequenos cubos coloridos e íconos (quadros religiosos pintados à têmpora). .

Já o romanismo é caracterizado pela vivacidade e colorido, geralmente de base popular, sobrecarregada de emoção religiosa, rudimentar de técnica (não usa perspectiva - claro-escuro) e deformadora das imagens visuais, o que podemos chamar também de simbolismo.

Pintura Gótica

Fim da idade Média, surge aos poucos o renascimento comercial e as artes bizantina e românica perdem espaço, dando origem à arte gótica.
A arte gótica ainda conserva resquícios da bizantina e influências das miniaturas (pequenos desenhos feitos a mão cheios de detalhes que ilustravam os livros escritos no norte europeu. Eram feitos para serem vistos de perto, ou "cheirados", como citou Rembrandt), apenas não conserva o simbolismo. O gótico dá mais importância à natureza e volta com as técnicas de claro-escuro.
Como podemos dizer que a primeira fase do gótico se situa entre 1200 e 1400, a última fase, que vai até 1500, já é a fase dos pré-renascentistas, com destaque a Giotto (1266-1336). Esses pré-renascentistas se libertam totalmente das miniaturas e do convencionalismo bizantino. Autores de obras celebradas pela precisão da análise, segurança técnica, colorido e perfeita conservação ainda hoje, Van Eich, Umbert e Jean (1390-1441) descobrem a pintura a óleo.

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