Sentadas, por estarem com as pernas fracas, pela idade,
as mulheres na igreja rezam por seus mortos, seus maridos, mortos.
Terço nas mãos, pensamentos em fé, mortos frios. E por
falar em frios, na volta para casa, a padaria. O pão,
o queijo e o presunto. O marido, o presunto, segue a reza.
E eu lá, olhando os detalhes da igreja, dos santos, das velhas.
Muitas velhas. Só velhas. Deus peca ao se deixar sentir em
grande parte, somente por elas. Só velhas. E por
quanto tempo ficaria eu ali, até surgir um jovem, um destes
que está à namoro na praça da frente? Beija o amado na praça,
reza pelo marido na igreja.
E elas ali, consumidas pela vida e a vida pelo remédio,
tédio; há remédio? Mais alguém entra no "mausoléo", e eu,
entre santos e velhas, espero por novidades. E são velhas.
Nada muda a impressão inicial. Entrou, sentou, puxou o terço,
falou fininho e baixo, sabe-se, verdadeiramente, o que. Velha
igreja de velhas.