Clube dos Escritores


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Preto no Branco

Cleomar Santos



Sentadas, por estarem com as pernas fracas, pela idade, as mulheres na igreja rezam por seus mortos, seus maridos, mortos. Terço nas mãos, pensamentos em fé, mortos frios. E por falar em frios, na volta para casa, a padaria. O pão, o queijo e o presunto. O marido, o presunto, segue  a reza.

E eu lá, olhando os detalhes da igreja, dos santos, das velhas. Muitas velhas. Só velhas. Deus peca ao se deixar sentir em grande parte, somente  por elas. Só velhas. E por quanto tempo ficaria eu ali, até surgir um jovem, um destes que está à namoro na praça da frente? Beija o amado na praça, reza pelo marido na igreja.

E elas ali, consumidas pela vida e a vida pelo remédio, tédio; há  remédio? Mais alguém entra no "mausoléo", e eu, entre santos e velhas, espero por novidades. E são velhas. Nada muda a impressão inicial. Entrou, sentou, puxou o terço, falou fininho e baixo, sabe-se, verdadeiramente, o que. Velha igreja de velhas.









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