Sentei diante do computador e pensei em ser escritor. Sim, emocionado,
jurei ter um grande futuro, cheio de inspirações, o futuro. Como inspiração
e bolso vazio não dá em nada, sentei e escrevi, louco prá ser entrevistado
em programas de literatura no meio das tardes de sábado, em rádios sem potência.
Que belo texto. Maravilhoso, dizia verdades, as tais nunca antes ditas (pensava eu).
Escrevi e julguei tudo de dentro de minha mente, nada de opiniões exteriores.
Era eu por mim mesmo: que belo texto, digno de ser editado em jornais e livros.
Livros, exato, em livros. Diziam em minha infância o quanto de sonho há nos livros.
Para mim há mais, há vontade de realizar sonhos. É diferente; sonhar com as histórias
e sonhar em fazer histórias.
Texto feito, enviei dali mesmo para tantos sites de edição. Nossa, quantos! Muitos
já nem existiam mais, vi a marca de vazio do webmaster. Da solidão. Da dor por
perceberem ser a Internet um grande "buraco negro". Mas não tinha importância,
saiam estes e surgiam o dobro. Me senti o mestre, o rei.
Passei horas enviando, pesquisando outros sites. Foram muitos, mesmo. Consultei o
Cadê?, Yahoo, Altavista, Google, todos. Quantos!!! Era enorme a quantidade. Quanto
a qualidade, não sei, sequer li o escrito por outros sonhadores. Futuramente o farei.
Lerei. Lerei, sim. E mandarei e-mails com comentários para todos os escritores e farei
contatos, amizades, fundarei uma associação, faremos uma festa por semestre. Idéia
crua (Cruel!).
Emocionado com meu ato, com meu início, desliguei o micro e fui para a tv. Gosto de
novelas, nos despertam a fantasia, nos mostram mulheres exuberantes, argumentos
falaciosos, inebriam nossa mente. É, sou mesmo um grande sonhador!