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Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos

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Qual será o papel da imprensa




Alexandre Gomes

"A imprensa é como uma torrente em fúria, submerge a planície e devasta as colheitas. Mas se o efeito da pena sem controle é a destruição, o efeito é ainda mais nocivo quando existe um controle exterior, o controle só pode ser legítimo se for exercido interiormente" (Gandhi, Memórias)

Poucas instituições provocam tanto ódio quanto a imprensa. Balzac já assinalou no seu "Ilusões Perdidas" - livro cuja leitura é essencial a qualquer um que se pretenda chamar de jornalista - que não há profissional mais detestado em segredo que o jornalista e que o quanto ele é adulado é diretamente proporcional ao ódio de quem adula por ele.
Talvez o maior paradoxo da profissão de jornalista é que nem todo profissional percebeu ainda o quanto a vaidade causa danos a si próprio, embora explore cotidianamente a vaidade dos outros. Isto porque a matéria prima do jornalismo é a vaidade, quase tudo - senão tudo - que se faz num jornal reflete-se sobre a vaidade alheia, seja alimentando-a ou atacando-a.
A única diferença entre atingir a vaidade alheia ou promovê-la é a questão de perspectiva. Ao se alimentar a vaidade se visa apenas à vítima, ao se atacá-la visa-se contentar o público leitor, ávido por sangue. O conceito atual de assessoria de imprensa, muito em voga, carece geralmente de um postulado essencial à notícia: o interesse público.
Pense, caro e raro leitor, nas dez reportagens que mais lhe chamaram a atenção na sua vida. Duvido que entre elas encontrará alguma que seja "positiva". Os panegíricos tão habituais na imprensa - uns adquiridos pelo seu peso em ouro, outros por preço vil - não interessam a ninguém mais além de a quem os compra.
De cara já se deve ressaltar que este 'aparente desvio" não se deve a nenhuma propensão sádica do público. Não faz sentido bajular um político porque ele é honesto e trabalhador, afinal ele é paga - e bem pago - para trabalhar mesmo e a honestidade deveria ser o pressuposto para a entrada de qualquer um na vida pública, portanto ele no máximo faz a sua obrigação ao corresponder às expectativas da comunidade.
Já quando ele não cumpre estas determinações básicas ele deve ser criticado, e com a mais absoluta veemência na esperança que um dos dois - eleito ou eleitor - se emende. Levando ao extremo este raciocínio, o jornalista deveria ser processado é quando elogia alguém, porque certamente há neste elogio algum interesse outro que não o do público leitor, não quando submete ao julgamento da comunidade as ações de alguma figura pública.
O título de "assessor de imprensa" tão perseguido por muitos colegas e eu que cheguei a ostentar num infeliz momento da minha carreira, sempre me pareceu pejorativo. Nele está implícito o sentido de alguém que está subordinado, submisso, dependente de outrém, função certamente muito menos prestigiosa do que a do jornalista, ainda que um mero repórter no início da pirâmide hierárquica, que é o elo de ligação entre os fatos e o leitor, não uma figura secundária.
Mas pelo jeito o país se degenerou a tal ponto que fatos corriqueiros - que deveriam constituir uma obrigação - tornem-se notícias nas mãos destas assessorias. Só em uma país degenerado social e moralmente é digno de nota o fato de um político se dizer honesto, de um parlamentar ser enaltecido por ser trabalhador, de uma empresa investir na qualificação de seus trabalhadores, de um administrador construir uma determinada obra que prometeu durante a campanha, de uma escola realmente ensinar aos seus alunos, de quem uma pessoa pague seus compromissos em dia.
Tudo isto deveria ser a regra em qualquer lugar civilizado e as poucas exceções à obediência destes princípios básicos é que deveriam ser noticiados de forma contundente. Mas o Brasil anda tão mal moralmente que o que era obrigação torna-se fato digno de nota, até mesmo quando nem é verdade.
Muitas vezes se chega até o extremo de nem se apontar o fato delituoso, apenas apresentando aquele que cumpre sua obrigação como se fosse um grande herói. Parece que o Brasil está chegando àquele ponto profetizado por Rui Barbosa no qual as pessoas sentirão vergonha de serem honestas



Alexandre Gomes é editor do PRIMEIRA PÁGINA




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São Carlos, Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

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