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Diário do Front
A alta tecnologia do jeitinho Vigaristas criam golpes novos todo dia, inclusive utilizando o nome de entidades respeitadas Alexandre Gomes Em São Paulo um sujeito se fazia passar por padre e oferecia seus serviços de benzimento de residências por módicos preços entre R$ 3 a R$ 5 mil. No Rio farmácias clandestinas vendiam placebos com propalados efeitos milagrosos. Em Natal empresas mandam encomendas não solicitadas com Sedex a pagar no destino. Mas São Carlos não fica atrás de nenhuma cidade na malandragem. Há algumas semanas um cidadão foi advertido pela Polícia por "coletar donativos" para a Promoção Social da Prefeitura. Alguns dias depois um outro cidadão se aproveitou da "greve de fome mais curta da história" do vereador Idelso Paraná para "coletar donativos" para a compra de cestas básicas pretensamente destinadas àquele bairro. Mas não para por aí, bastou a Apae lançar uma campanha beneficente para que golpistas já se aproveitassem do fato e saíssem pelos bairros da cidade em nome da entidade. Há algum tempo pessoas vendiam os mais diversos produtos, das mais suspeitas procedências, alegando que a renda seria revertida para entidades assistenciais de prestígio no município. Os golpes evoluem na velocidade alucinante do mundo moderno. O clássico "conto do vigário" sobreviveu por umas quatro ou cinco décadas, o "conto do bilhete premiado" só faleceu recentemente, mas ainda é capaz de pegar algum otário excessivamente incauto. Agora não, os golpes nascem e se desenvolvem em poucos dias ou horas, se sofisticam, se aprimoram. Aos poucos se tornam como vírus que aparecem e reaparecem em formas mutantes, resistentes à repressão e assumindo formas mais convincentes. Rapidamente também incorporam as novas tecnologias, quem tem email dificilmente deixa de receber ao menos uma vez por dia algum "spam" - mensagem não solicitada de caráter comercial - anunciando algum jeito milagroso de ganhar dinheiro. Os estelionatários e vigaristas também demonstram um incrível nível de informação e uma capacidade inusitada de processar estas informações transformando-as em golpes. O caso da Cidade Aracy mencionado acima foi uma demonstração desta capacidade ímpar. Os golpes da velha guarda tinham ainda uma sutil justiça, pois eram incapazes de pegar pessoas honestas - como salientaram dois escritores: Monteiro Lobato e Graciliano Ramos - pois se baseavam na ambição e na expectativa de obter dinheiro rápido e de forma desonesta, como no caso clássico da "máquina de fazer dinheiro" que até alguns anos atrás ainda fazia vítimas. Esta característica se mantém por exemplo nos golpes pela Internet que investem no que existe de pior no ser humano. E devem produzir grandes resultados pois é uma industria crescente que gera empregos sem parar pelo tanto que se vê de anúncios relacionados à infra-estrutura do "spam". A eficiência desta tecnologia justiceira de golpe residia no fato de sempre haver alguém desonesto o bastante para tentar tirar vantagem de um otário e, ao mesmo tempo, ingênuo o suficiente para não perceber que o otário a ser depenado era ele mesmo. Envergonhado e com culpa no cartório o otário metido a esperto sequer podia reclamar à polícia. Mas uma nova onde de golpes que está surgindo tem uma característica diferente, baseia-se sobretudo em altos valores morais e na generosidade das pessoas, por sito são muito mais danosos e exigem uma punição feroz. Ao pedir donativos para uma entidade ou causa os vigaristas apelam justamente para o bom coração das vítimas e com isto acabam por comprometer todas as campanhas sérias que realmente são feitas. Este é exatamente o mais grave ponto: o doador nunca poderá Ter certeza se o que ele doar será usado realmente para uma grande causa ou vai ser transformado em "crack" e fumado em algum moquifo. Com isto a tendência é as pessoas deixarem de colaborar, o que pode significar a morte das entidades filantrópicas. Mas, felizmente, é fácil evitar ser vítima desta classe de vigaristas. Aqui vão algumas recomendações básicas sobre o assunto: (fazer quadro) * Evite fazer doações na porta da sua casa, contate sempre a entidade diretamente e peça a presença de uma pessoa credenciada. Preferencialmente faça um depósito bancário ao invés de entregar o dinheiro a alguém. * Sempre que for mencionada alguma entidade cheque se ela realmente existe, se ela realmente está fazendo uma campanha de porta em porta e se a pessoa que está lhe pedindo a doação realmente pertence à entidade. * Desconfie de credenciais, elas podem ser facilmente forjadas. * Caso perceba alguma reação estranha informe imediatamente a Polícia. * Repasse estas informações para amigos e vizinhos * Nunca dê esmola, ela alimenta uma rede que geralmente alimenta o tráfico de drogas, a exploração de crianças e uma série de outras "indústrias da esmola". Prefira sempre fazer uma doação a uma entidade reconhecida. * De sempre a preferência às entidades cujo trabalho é público e reconhecido pela comunidade. * Se pretender fazer uma doação de maior valor visite a entidade e verifique como seu dinheiro será realmente aplicado. * Desconfie de qualquer informação que receber pela Internet * Não participe de pirâmides e coisas do tipo e denuncie quem as estiver organizando à Polícia * Desconfie sempre que lhe for proposto um "negócio da China". Alexandre Gomes é editor do PRIMEIRA PÁGINA Endereço internet: www.geocities.com/CapitolHill/Senate/6848/ email: ensaio@zaz.com.br |
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