15 de agosto de 1999
Nossa, que frio que tá fazendo!!!
Hoje foi um dia que nasceu pra não virar nada mas acabou
sendo bem legal. Eu acordei cedo, quer dizer, nove horas da manhã,
tomei café e fui buscar o jornal pra minha mãe.
Ela tá querendo arranjar um emprego. É, entrou
numa de independência financeira. Eu a apóio, também
preciso dar uma olhada naqueles classificados. Cansei de ter
que ficar pedindo dinheiro pros meus pais pra poder sair. Mas
tenho uma preguiça de trabalhar... depois começo
ir mal na faculdade e terei que mudar de horário, eu não
quero estudar à noite... É complicado. Ou pelo
menos eu faço ficar. Depois de buscar o jornal eu resolvi
cumprir minha missão, pensada ontem, de ir no Centro Cultural
Vergueiro, ver se conseguia aqueles livros que eu estava procurando
pra alugar ou ler lá mesmo. Pensei também em ir
no Mercado Mundo Mix, pois eu quero um sobretudo, mas só
se for bem baratinho. O Maurício comprou um por dez reais
num brechó! E foi por isso que eu quis ir no Mundo Mix,
porque ouvi falar que lá tinha brechó. Telefonei
pro Paulo e combinei que depois que eu saísse do Centro
Cultural ligaria pra ele e nós nos encontraríamos
na estação Barra Funda do metrô.
Me troquei e mudei o cabelo. Penteei ele todo espetado para cima
e não todo penteado para baixo como eu deixo depois que
ele cresce, pois meu corte é rapado na máquina
um ou dois. Me deu vontade de mudar e como ele já está
bem crescido, passei um gel e mudei de visual. Fui pra Vergueiro,
procurei pelos livros na biblioteca circulante, que é
onde se pode alugar livros e não achei. Depois procurei
no acervo geral e encontrei todos. Só que lá eu
não podia levar. Fiquei lá uma meia hora e dei
uma lidinha em um pouco de cada um. Saí para telefonar
pro Paulo e depois de várias tentativas em orelhões
quebrados, consegui combinar com ele: duas e vinte na estação
Barra Funda. Ainda era cedo demais e eu não queria entrar
novamente no Centro Cultural. Fui andando da estação
Vergueiro até a Sé, onde peguei o metrô.
É mole que quando eu tava passando pela João Mendes
uma puta disse pra mim: "Hei, baixinho, vem cá."
Eu disse: "Nem vou, ó." Aquela filha de uma
mãe com a mesma profissão que a dela me chamou
de baixinho, é mole? Palhaçona. Tomara que tenha
congelado naquela praça hoje, com o frio que fez e feia
do jeito que ela era, não iria conseguir ninguém
pra pagar um quarto quentinho pra ela nesse domingo congelante.
Nossa, eu fiquei muito chocado, pô... baixinho??? Merda.
Engraçado que quando eu fui contar isso pro Paulo, que
é meu camaradão, fiquei com vergonha e não
disse bem que ela me chamou de baixinho... pô, ele podia
tirar sarro de mim e eu não tava afim disso...
Bom, cheguei na Barra Funda e sentei numa cadeira que tinha lá,
pra esperar o Paulo, mas a cadeira era dos carinhas do metrô,
então todo mundo que chegava pedia informação
pra mim e eu dizia: "pergunta pra aquele moço de
crachá ali, ele sabe". Mas eu tava cansado demais
pra levantar, preferi ficar dando uma de balcão de informações.
Quando eu descansei, levantei, mas aí meu amigo já
estava chegando. Fomos no Mercado e eu fiquei chocado. Pensei
que iria encontrar roupas baratas e pessoal alternativo. Só
encontrei roupas caras e pessoal riquinho dando uma de alternativo.
Cluber não é mais uma tribo, é uma grife...
ridículo. Além disso ainda não achei sobretudo
nenhum!!! Fomos embora. Passamos no Memorial da Am. Latina e
resolvemos ir pra Paulista, comer alguma coisa. Fomos num Viena,
que foi onde eu comi esfihas no dia que assisti o show do Karnak,
afinal, eram 4 esfihas por 1 real!!! Mas só tinha esfiha
de queijo dessa vez. Fomos no Mac Donalds. Comemos e fomos
embora pra casa. Nisso tinhamos 6 graus na região da Paulista,
sentiu?
Cheguei em casa, fui olhar meus e-mails e tinha um do meu primo
de Batatais. Ele estava há muito tempo mandando mensagens
pra mim mas não chegava. Dessa vez, felizmente, chegou.
Ele escreveu bastante, contando as novidades e respondendo a
todos os e-mails que eu mandei pra ele desde que voltei de viagem.
Inclusive o primeiro que eu mandei, dizendo: "Pô,
primo, tá difícil de engolir aquele fora".
Me referindo ao que tinha acontecido, na época, no dia
anterior. E qual não foi minha surpresa ao encontrar essa
frase em sua msg, que eu recorto e colo aqui na íntegra:
"A Clara disse pra Silvia, que ela não te deu fora
nenhum não, pelo contrário ela disse e eu escutei
que ela iria acabar ficando com você." Eu quase tive
um troço quando li isso... Elas querem meu endereço
e telefone, tudo. Talvez seja por isso que a Silvia quis tocar
no assunto no dia que eu liguei pra ela. Agora já intimei
meu primo a me mandar toda informação possível
sobre o assunto. Eu sou encanado, não? Não existe
uma só mulher na minha vida que não faça
por merecer ao menos três páginas de meu diário...
que coisa, cadê as "mulheres vulgares, uma noite e
nada mais"? Que coisa mais enrolada, parece que minha vida
amorosa é uma pedra quadrada, pesadona e anda com uma
dificuldade do caramba! Bom, vamos ver o que dá. Eu só
fico pensando: Ela disse que iria acabar ficando comigo? Quando?
Se eu disse pra ela que estava vindo embora no dia seguinte!
Quando ela queria ficar comigo? Bolas!!!! Só comigo mesmo,
por isso eu digo que minha vida parece uma comédia de
situações. Se fosse um outro qualquer, normal,
teriam ficado aquele dia, tudo beleza, todos ficariam felizes
e satisfeitos. No máximo uma página do diário
seria ocupado com o nome dela. Mas pra mim não, tem que
ser difícil, ela tem que dizer não, querendo dizer
sim, meus amigos têm que aparecer na hora de eu chegar
nela, eu tenho que chorar me achando o mais feio dos homens da
Terra... só comigo mesmo...
Bom, chega por hoje, acho que vou ler Rousseau ou Locke. Comprei
ontem, agora tenho que aproveitar o dinheiro gasto.
Até mais ver !!!


