EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
1. PERFIL DO AUTOR
Segundo antiga tradição, este Evangelho foi escrito por Lucas,
um médico de Antioquia. Ele não foi discípulo de Cristo,
deduz-se isto logo no início, pois se coloca fora das testemunhas
oculares. Ele teria se encontrado com S. Paulo, em Antioquia. Nos Atos,
ele fala muito de Antioquia, sua terra. Paulo fala dele em suas epístolas
(Col. 4,14), (Fil, 24) (II Tim 4, 11).
É um bom escritor, vê-se pelo estilo do grego usado no prólogo,
considerado um clássico da época. O próprio costume
de escrever prólogos, dedicando o livro era costume entre os grandes
escritores. Corrige muito o estilo do grego de Marcos, substituindo termos
vulgares por palavras mais eruditas. Foi um homem culto. À vista
dos acontecimentos da época, procurou relacionar os acontecimentos
narrados com fatos conhecidos da história, com detalhes cronológicos.
2. COMPOSIÇÃO LITERÁRIA
Alguns estudiosos procuram ver no seu Evangelho um certo "olho clínico",
por ser ele um médico. Vê-se isto, por exemplo, nos episódios
da sogra de Pedro, do Samaritano, da hemorroíssa. Enquanto no evangelho
de Marcos, ele fala 'que há 18 anos esta mulher sofria deste mal
e tinha gasto tudo com os médicos...', Lucas omite este detalhe,
certamente defendendo a classe médica.
No prólogo, ele se propõe a escrever um evangelho completo
desde o início. Utilizou como fontes o evangelho de Marcos, a fonte
Q, além de outras fontes particulares da região onde viveu.
3. OBJETIVO DOUTRINÁRIO
A característica teológica deste evangelho é o Messias
dos pobres, humildes, desprezados, doentes e pecadores. Exemplos: em 19,
10, fala em salvar o que estava perdido; em 7, 36-50, traz o relato da
pecadora que banhou os pés de Cristo; em 15, 1-32, fala da ovelha
perdida, dracma perdida, filho pródigo; em 10, 9-14, fala do publicado
e o fariseu; em 16, 19-31, fala do rico avarento e do pobre lázaro;
em 11, 41; 12, 33; 14,13; refere-se a esmolas.
Nota-se ainda uma preocupação de Lucas pelo conceito da mulher,
valorizando a atuação delas, tendo em vista a situação
destas naquela sociedade. Refere-se a Ana, Isabel, as mulheres que acompanhavam
os Apóstolos, Maria e Marta de Betânia, a viúva de
Naim; a mulher da multidão, que exaltou a mãe de Cristo...E
num lugar todo especial está Maria, Mãe de Jesus. Dá
tantos detalhes da vida familiar da Sagrada Familia que muitas vezes se
pensou que ele a tivesse entrevistado antes de escrever.
Corrige certas referências extraordinárias a respeito de JC
que pudessem escandalizar os não judeus (multiplicação
dos pães, sogra de Pedro, discussão no caminho... ). Faz
a genealogia de Cristo diferente de Mateus, começando por Adão.
4. CRONOLOGIA
O tempo em que foi escrito situa-se entre 70 e 80 d.C.