Alguns escritos, velhos alfarrábios, mistérios gozosos...


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Tenho certeza que a poesia é indispensável, mas não me pergunte por quê.
Jean Cocteau

Será a poesia necessária? Terá alguma serventia? Existirá vida tal qual nós a conhecemos fora da Arte? A grande Arte? Quem aí na audiência poderá dizer? Enquanto dúvidas me assolam e aflingem, vou me valendo de um pouquinho da Arte como lenitivo para meus humanos males.
 
 

Desmonte

    Carlos Gonçalves
Pesado como possa parecer, 
Acabar nem sempre é romper. 
A superestrutura oscila, vacila, 
Vampiresca dor, desejo-armadilha. 
Fomos atraídos por tesão, desejos, 
Nossa fusão, naqueles eternos minutos, 
Soou como um vigoroso arpejo, arquejos. 
Além de portas, de histeria ficou reduto. 
Estranho amor, febre, delírios, ardor 
Estados alterados das mentes-sentes? 
Neblinas e sombras jazem, profundo torpor, 
De longe olhados parecíamos dementes. 
Foda-se! Fazer o quê? Traídos pelo desejo estamos, 
O que mais há? 
Amor-acrílico, inerme, sem rosto, 
Lugar-comum que alguns chamam desgosto. 
Com certeza, algo entre nós germinamos. 
Certamente não nos saciamos, ah não, 
Ainda restam fragmentos de línguas, seios, pau, mãos, 
Em nossos jardins interiores jogados, 
Não juntá-los, decerto, vai dar trabalho.

Alice no céu sem diamantes

    Carlos Gonçalves
Alice é uma garota danada, 
Tem cabelos acobreados e olhos cor de prata, 
Como a luz do luar dentro de uma caixa. 
Alice não é gorda, de fato, é magra. 
Tão pouco sabe tocar guitarra, 
Porém tem uma voz cortante e marcante, 
Como corte de navalha enferrujada. 
Ela não sabe desenhar, mas pinta bem, 
E sempre tem restos de tintas nas unhas e no toque, 
Que acho quase é azul, às vezes amarelo. 
Seu beijo é envolvente como os blues, 
Seus lábios sempre têm cheiro de uísque. 
Nunca usa batom ou pó facial e é tão pitoresca, fresca, 
Porém nunca fria. 
É cativante como solo de guitarra elétrica, 
E cerveja estupidamente gelada. 
Transborda como champanhe agitada, 
Bebe cachaça de golada sem tira-gosto, sem nada, 
Nunca diz que me ama nem que está apaixonada, 
(Alice sabe ser dissimulada), 
Digo que a amo, mas quase nunca acredita... 
Alice é uma garota esperta.

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Copyright ©1998-2000 Carlos Gonçalves
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Atualizada: 6 março 2000
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