“AMARÁS TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO”(Mateus XXII vv.34/40)
Há dois mil anos, Jesus nos alertava para a Lei do Amor, que resume e encerra toda a verdade da sua doutrina. Por que essa verdade é tão difícil de ser aplicada e exemplificada? Por que as criaturas, cientes destes ensinamentos evangélicos, ainda reincidem no ódio, rancor, traição e violência? Por que tantas famílias desajustadas, em desarmonia, com tantas brigas? Por que o atrito entre cônjuges; filhos que não suportam pais; pais que agridem filhos? Por que da hipocrisia? Famílias “unidas”, apenas fora de casa; dentro de casa, no seio familiar, “as brigas acontecem”- “a coisa pega”. Às vezes, por causa de um desodorante, um aparelho de barbear, discussões são acirradas, discussões violentas acontecem e crimes são cometidos. Quando falamos para os “de fora”, “os nossos” são os mais lindos: melhores filhos, excelente marido, caprichosa esposa..., mas, como descobrir o “amor” preconizado por Jesus: “amarás o teu próximo”...?
O CONTO
Era uma vez uma ilha,
onde moravam todos os sentimentos humanos. Viviam eles, às turras,
em brigas constantes, sendo o “Amor” , o único que era aceito por
todos.
Um dia, o “Amor” foi avisado que a ilha
iria ser inundada. Solícito, saiu a avisar todos os moradores da
ilha, dizendo:
- Fujam! Fujam todos! A ilha será
inundada!
Todos correram e pegaram seus barquinhos
com destino a uma ilha próxima que tinha uma montanha bem alta.
O “Amor”, solidário, ajudava os
apavorados sentimentos, carregando os barquinhos com os bens necessários.
Quando todos já tinham sido atendidos, num momento de reflexão,
quis o “Amor” sentir um pouco aquela velha ilha que tinha sido o seu lar.
Quis ficar um pouco a sós com aquela amada e adorável ilha
que tinha propiciado, a ele, dar e receber. Ficou em devaneio, por longo
tempo, esquecido de si. De repente, nota que as águas começam
a subir. Pede ajuda:
- “Avareza”, me leva com você?
E ela, centrada nas suas conquistas materiais,
responde:
- Não posso; meu barco está
cheio de ouro e jóias, fruto de toda minha vida de trabalho! Infelizmente,
não há lugar para você!
Notando que a “Vaidade” passava perto,
disse:
- “Vaidade”, me ajuda!
Cristalizada pelo “Orgulho”, com o “amor
próprio” à “flor da pele” , responde:
- Não! O meu magnifico barco mal
me acomoda...! E..., o que hão de pensar os outros? Eu, maravilhosa,
andando contigo, um “pobre de espírito”. Aqui só tem lugar
para o meu amado “Egoísmo”. Além do mais, com esta sua “melosidade”,
você, com certeza, iria sujar o meu barco! Desculpe, mas não
posso lhe ajudar
Percebendo então a aproximação
da “Prepotência”, pede socorro:
- Intrometido! Como ousas pedir ajuda
a mim! Coloque-se no seu devido lugar; neste barco só se sentam
as minhas irmãs de sangue: A “Autoridade” e a “Arrogância”;
nunca um molenga!
Frágil, com as águas já
nos ombros, pede ajuda a “Tristeza” que passava ao largo:
- “Tristeza”, por favor! Me ajude! Leva-me
contigo...?
E ela responde:
Não, amor! Estou tão sem
esperanças de reencontrar a “Felicidade”, que não seria uma
boa compainha para você! Não insista! Talvez, quem sabe, se
você fosse a “Depressão”, até que eu faria uma tentativa...
Conformado com a realidade ( o amor,
por si só se conforta), achando que ia ficar só quase morrendo
afogado, já desfalecendo, entra em prece, e , então, nota
que um velhinho num barquinho que se aproxima, estendendo-lhe a mão,
lha fala:
- Sobe “Amor”! Estou aqui para lhe ajudar!
O “Amor” agradecido, tão feliz
pela atitude salvadora, sobe no barco e ate esquece de perguntar que era
o solidário velhinho.
Já salvo, na montanha alta, encontra-se
com a “Sabedoria” e pergunta:
- Quem era aquele velhinho simpático
que me salvou e me trouxe aqui? Qual é o seu nome?
E a “Sabedoria”, amparada pela “Verdade”,
respondeu:
- Aquele que te auxiliou... chama-se:
O “Tempo”.
- O “Tempo”? Mas porque só o “Tempo”
me ajudou?
- Porque somente o “Tempo” entende e
faz compreender o “Amor”
A REALIDADE
A criatura, criada simples, vagueia na ignorância por múltiplas vivências reencarnatórias, passando por experiências diversas, caindo aqui, levantando acolá; percorrendo um caminho racional traçado pelo Pai e manipulado pelas mãos de Suas Leis Divinais com o objetivo de conquistar, por si mesmo, o esclarecimento que liberta, que consola, que apazigua - “o conhecimento da verdade”. Todavia, para que isto ocorra, muitos séculos e milênios terão que ser assimilados. O tempo, nas suas múltiplas características, irá nos proporcionando aprendizados que jamais serão esquecidos; virtudes serão modificadas e implementadas ao homem espiritual, direcionando-o para a liberdade. O desamor, escamoteado sob o pseudônimo de egoísmo, sentimento racional no animal, mas que, para o homem espiritualizado representa, apenas, uma etapa evolutiva, é aquele que mais sofrimentos traz a criatura, pois, centrada em si, ela agride, rouba, estupra, mata, seqüestra e trai. Mas..., com tantas imperfeições, como nos libertar do jugo da ignorância e conquistarmos o “Amor”?
A CONQUISTA DO AMOR.
Nesta caminhada, a
criatura encontra dificuldades até, em amar a si mesma. Os dois
“eus”, espiritual e material, brigam entre si e, na maioria das vezes,
a emoção (matéria) supera a razão (espirito).
A “porta larga” tem mais atrativos e a criatura sofre e faz sofrer.
Neste torvelinho de
muitas vidas em conflitos, inimizades são construídas e,
se já era difícil amar a si, como amar aos inimigos? Neste
ponto, em obediência à lei disciplinadora de “Causa e efeito”,
a providencia Divina coloca os devedores entre si, em família, para
“desenvolver o amor”.
Esquecidos do passado,
a paixão obscurece a razão, casamentos cármicos são
efetuados e algozes do passado são recebidos no ventre materno.
Tudo planejado pelo “Alto”, direcionando as criaturas à “conquista
do amor”. Pelo atrito familiar, experiências são adquiridas
sob a forma de: paciência, tolerância, resignação
e humildade. As brigas familiares nada mais são que ajustes naturais,
sabiamente amparadas pelo Pai, que tendem a ser minimizadas pela prática
do amor - “só amor constrói”. Se hoje, você tem magoas
do seu cônjuge, conflitos com seus filhos, parentes...; procure aceitá-los
da forma como são. Se não ama mais, tolere! Se não
consegue entender este sentimento, não se preocupe, você,
também está em ajuste! Tudo está
rigorosamente certo! Paciência! Tratam-se de irmãos em crescimento
diferenciados. Jesus nos alertava: “amarás o teu próximo,
como a ti mesmo”.
Agora, vou revelar o segredo: - “Aprender
e saber conviver com as diferenças, é o início.
Dê tempo ao Amor! - Somente conquistamos
o Amor com o Tempo”...
Fraternidade
Espírita Irmãos de Cascais