Tanto os povos sedentarizados como os nômades
do Marrocos são de origem bérbere. Em seu conjunto eles formam
uma união de diversas tribos que são chamadas de imazighen
(homens livres). A cor da pele dos marroquinos devido ao contato com as
raças negras da África apresenta grande pigmentação.
Ao falar do povo do Marrocos falo com conhecimento,
pois nasci lá, numa tribo de ciganos bérberes (ou tuaregues),
e vim para o Brasil , para Goiás, aos cinco anos de idade. Meu avó
era um chefe de tribo. Assim, sou cigana, morena, de cabelos escuros, encaracolados,
como os ciganos do deserto. Aliás não é negra a Santa
Sara? Há gitanos brancos, vindos da Europa e escuros, das tribos
do deserto. Há ciganos do mar, são os barjaús. Logo
não há um tipo físico cigano puro, pois este povo
se miscigenou em todo o mundo. Os ciganos do deserto são muçulmanos
sunitas, mas conservam as lendas e superstições de todos
os ciganos. Mas, não falam o romani puro e sim uma mistura do romani
com o dialeto bérbere.
Como marroquina e cigana acredito nos talismãs,
principalmente os feitos de moedas. A moeda marroquina é o dirham.
Untamos a moeda com essência de flor de lótus e a incensamos
com incensos raros.
Nossa roupa é composta de muitas
saias, lenços e coroas na cabeça, cordões grandes
de prata e ouro, blusa e colete bordados. A mulher casada usa muito o preto
e um véu negro , com moedas, cobrindo o rosto e a cabeça.
Nossas adivinhações, alem da bola de cristal, de baralhos,
a quiromancia, é a adivinhação na borra de café
e no chá de hortelã. Usamos muitos tapetes em nossa casa,
e fazemos magia com pelo de camelo, olho de gavião e pena de águia
para fechar o corpo contra magia negra. Usamos também a pele de
cobra e o olho de lobo. Os ciganos beduínos são guerreiros,
e muitas vezes são dançarinos, acrobatas, encantadores de
serpentes, fazem artesanato de cobre, e são contadores de histórias.
No Marrocos surgiu a primeira faculdade
do mundo, fundada por uma mulher chamada Fátima, antes de surgir
a Famosa Universidade de Oxford na Inglaterra. em homenagem a esta grande
mulher e a filha de Maomé, também chamada Fátima,
usamos um grande talismã chamado “Mão de Fátima”.
Em nossas festas comemos carneiro, cuscuz
salgado, pão, tâmaras, doces e bebemos chá de hortelã,
pois é proibida a bebida alcóolica.
Mesmo vindo aos cinco anos para o Brasil
nunca deixei os costumes dos ciganos árabes e marroquinos, uso capa
de damasco (seda), tiaras, anéis de âmbar. A mulher cigana
de lá não pode mostrar o cabelo e nem ler a sorte na rua,
por isso tenho minha tenda na Loja Sara Kali.