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O rei Pândion tinha filhas, Procne e Filomela. Pândion casou Procne com Tereu, rei da Trácia, a fim de tê-lo por aliado. Procne deu-lhe um filho, Ítis. Sua irmã Filomela foi à Trácia visitá-la, e Tereu apaixonou-se por ela, mas ela não cedeu. Tereu violentou-a e cortou-lhe a língua, para que nada contasse à irmã. Filomela, porém, tecia planos nos alojamentos das mulheres em companhia da irmã, e as figuras que ela teceu contaram-lhe a triste estória. Procne planejou vingar-se do bárbaro marido. Pegou o filho, Ítis, ferveu-o num caldeirão, e serviu-o ao pai. Depois de Tereu haver comido, mostrou-lhe as mãos e a cabeça. Louco de dor, Tereu tomou de um machado e saiu no encalço das irmãs até Dáulis, na estrada para Tebas. Ali as encontrou e poderia ter acrescentado dois assassinatos às suas malfeitorias. Mas os deuses se compadeceram de todos eles, e transformou Procne em rouxinol, que chora o marido e o filho, “Tereu, Tereu, Ítis, Ítis”; Filomela foi convertida na andorinha, que não pode falar; e Tereu na poupa, que as procura sempre, gritando: “Pou? Pou? Pou?” (Onde? Onde? Onde?).