|
Um segundo mito da fundação de Tebas não envolvia Cadmo. Os gêmeos Anfião e Zeto eram figuras do antigo culto de Tebas. O túmulo deles foi a razão de um conflito ritual entre Tebas e a Fócida, região vizinha onde se encontrava o túmulo de sua mãe Antíope. Todos os anos os fócios tentavam roubar terra do túmulo tebano, a fim de espalhá-la sobre o seu e fertilizar a terra. Tendo sido Dirce, a atormentadora de sua mãe, estraçalhada por um touro e atirada numa fonte sagrada, os gêmeos podem ter sido associados, dessa forma, ao culto de Dioniso. Deu-se-lhes, todavia, uma complicada estória trágica, feita de elementos de outros mitos. Os mitos posteriores de Tebas são também mais conhecidos em forma trágica. Sófocles utilizou a saga de Édipo e seus filhos para exprimir seus pensamentos mais íntimos acerca da culpa, da responsabilidade, da identidade e das leis de Deus e do homem. Freud acrescentou profundidade psicológica ao mito, e tornou-o talvez o mais significativo de todos para o homem moderno. Suas origens míticas são simples. Édipo é o Suplantador que realiza uma proeza para conquistar uma noiva e um reino. Só por ser o reino conquistado por Édipo - a fim de ajustar-se aos costumes patriarcais - o reino de seu pai, emergem os elementos do parricídio e do incesto. Tais motivos, totalmente estranhos ao sistema primitivo de sucessão, foram atenuados na maioria dos outros mitos, fazendo-se do Suplantador o neto do rei por descendência martilinear. A narrativa do ataque a Tebas pelos Sete, e seus bem-sucedidos filhos dez anos depois acrescentou-se a esta estória pela introdução da inimizade entre os filhos de Édipo. Parece tratar-se da saga autêntica de uma tentativa argiva que visava cobrir o poder de Tebas com a ajuda de Cálidon. No correr das duas expedições, Anfiarau, de Argos e Tideu, de Cálidon cumprem destinos rituais. O primeiro tornou-se herói imortal, mas o bom gosto grego rejeitou o método pelo qual o outro, a princípio, o conseguiu. O matricídio de Alcméon, tema também de uma tragédia perdida, reflete os deveres conflitantes de duas formas de sociedade. Em todos os mitos, Tirésias prepondera: ele conservou a inteligência nos Infernos, marca de um herói sepultado e não de um herói cremado.