Introdução

No século XIX os mitos gregos eram universalmente considerados ficção religiosa. Mas o negociante alemão Heinrich Schliemann, que aprendeu grego sozinho, acreditava ser a Ilíada uma página da história e, fazendo escavações em Tróia e Micenas em 1875, forneceu provas de que Tróia realmente existira. Seguindo-lhe o exemplo, Sir Arthur Evans realizou escavações em Cnossos em 1900, onde a mitologia grega situava o Labirinto. Ali descobriu uma civilização inteiramente nova, denominada minóica, em homenagem ao rei mitológico de Creta. Procure livros de História Geral que falem (entre outras coisas) sobre a Antiguidade Clássica para você saber mais sobre Creta. O palácio de Cnossos tinha plano complicado de corredores e salas, sugerindo o Labirinto, ou o Palácio do Eixo Duplo - o Labris - usado como símbolo religioso. Mas o Labirinto também era um dédalo ritual, através do qual a filha do rei conduzia o pretendente para que pudesse realizar sua proeza e suplantar-lhe o pai. Atenas é tão conveniente quanto Micenas para quem vai por mar a Creta, e a mitologia ateniense está estreitamente ligada a Creta. Os atenienses reivindicavam para si o crédito das maravilhas cretenses através do ateniense Dédalo, arquétipo do artesão através dos séculos. Touros também eram figuras no mito cretense desde o tempo de Europa. Certo número de obras de arte minóicas mostravam que uma forma de rito taurino era, de fato, celebrada em Creta. Jovens de ambos os sexos tentavam, aparentemente, fazer acrobacias e dar saltos atléticos sobre o dorso do touro, agarrando-o primeiro pelos chifres. Mas um dos vasos dá a entender que o malogro era, pelo menos, tão comum quanto o êxito; e a morte, fosse do touro, fosse do homem, constituía o final desejado de qualquer rito taurino; real ou simbólica, significava a morte sacrificial do rei sagrado, que personificava o deus. Outro mitos subentendem o domínio cretense do mar. Alguns são contos populares cheios de elementos primitivos. O morto Glauco embalsamado em mel tornou-se imortal graças à erva da vida, descrição ritual do sacrifício. Os cabelos purpurinos de Niso são a sua alma externa, o que o torna invulnerável. Mas a filha que o atraiçoa em favor do pretendente não é recompensada com o casamento, senão punida pela traição, como numa sociedade patriarcal. Minos parece ter sido o título de um rei sagrado, que governou talvez pelo prazo de nove anos, o que explica o seu longo reinado no mito.


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