A mitologia da Tessália - distrito do norte da Grécia - apresenta certo número de histórias entrelaçadas de famílias. Isso acontece, em parte, porque as versões que ainda subsistem derivam da tragédia grega. mas algumas coisas na estória de Creteu revelam vestígios de conflito entre os dois sistemas de sucessão - isto é, a patrilinearidade e a matrilinearidade. Diz-se que Sísifo foi informado de que poderia vingar-se do seu irmão Salmoneu, que o expulsara da sua terra, se tivesse filhos de Tiro, filha de Salmoneu. Tiro, com efeito, aparece casada com Creteu, o terceiro irmão, mas deu à luz gêmeos gerados por Posseidon. Os gêmeos, finalmente, derrubaram Creteu, cuja segunda esposa lhes maltratara a mãe. Se a descendência do reino for contada em linha materna, o irmão do rei herdará casando com a sobrinha. numa sociedade patriarcal, a infidelidade da esposa, até com um deus, é severamente punida. Sem esses dois últimos motivos, Pélias aparece como Suplantador normal, marcado por Posseidon como seu próprio filho e o verdadeiro sucessor. Admeto é um rei divino, de cujo bem-estar depende a prosperidade do país. Pode ter sido originariamente confundido com Apolo, que, na Tessália, também é um deus dos rebanhos; mas a relação entre eles transformou-se numa relação entre amo e servo, e Apolo realiza a proeza que vale a Admeto a sua noiva. O serviço de Apolo explica-se como penitência por ter exercido sua vingança contra os ferreiros divinos, os Cíclopes, que lhe mataram o filho, Asclépio, figura semidivina dotada dos poderes curativos de Apolo, o deus da peste. O seu culto em Epidaura tornou-se muito popular no século IV. A história de Bias e Melampo é uma narrativa popular com implicações sinistras: Fílaco talvez estivesse sacrificando o filho. Os centauros ocorrem em muitos mitos como criaturas lascivas, metade homens e metade cavalos, instigados pelo vinha a arrebatar noivas humanas. Apenas Quíron é deus, e deve sua forma eqüina a Crono, não a Posseidon. Íxion engendrou os outros numa nuvem cavalar quando abusou da hospitalidade de Zeus, cuja principal obrigação parece ter sido fazer fogo, em lugar da chuva.