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NÃO EXISTE UMA história canônica grega da criação do homem. A maioria dos mitos pressupõe que o homem já existia, espontaneamente produzido pela terra. Muitas genealogias gregas remontam um a homem nessas condições, nascido da terra, ou à união de um deus com a filha de um homem assim. Hesíodo sistematizou as gerações numa escala metálica de degeneração. Foi ele o primeiro a mencionar a existência de uma Idade do Ouro, quando Crono era rei. Os homens de ouro deram origem a homens inferiores de prata, que pereceram em virtude da violência mútua e foram sucedidos por homens de bronze, feitos do mesmo metal que faziam suas lanças. A seguir, Hesíodo interrompe o mito e interpõe a raça dos heróis homéricos, que lutaram em Tróia e foram para as Ilhas dos Bem-aventurados. Deviam ser realmente homens de bronze, mas Hesíodo os tem em grande apreço. Sabe que ele próprio vive (viveu) na Idade do Ferro, quando a “cultura da vergonha” deu lugar à “cultura da culpa”. Fora de Hesíodo, a lacuna que se nota entre as várias genealogias familiares e o mito tradicional, é assinalada pelo dilúvio, que liquidou as primitivas e ínquias gerações de homens, de maneira muito parecida com a história bíblica de Noé. Existem também histórias contadas em estilo diferente, narrativas populares que pretendem explicar pormenores da vida humana. O herói de quase todas elas é Prometeu, filho de um titã e, portanto, adversário de Zeus. Conheça a lenda de Prometeu mais adiante, na “seção” de personagens.