10-Hefesto

Hera zangou-se com o nascimento de Atena e, para mortificar Zeus, concebeu Hefesto sozinha. Mas este nasceu tão disforme que a própria mãe jogou-o ao mar. De nada valeu, pois foi acolhido por Tétis e Eurínome, as filhas do Oceano. Nove anos viveu numa gruta, aprendendo a fabricar brincos, colares, braceletes. Durante nove anos ali trabalhou e a corrente do Oceano lhe abafava o barulho da forja. Por gratidão às suas gentis salvadoras, Tétis e Eurínome, fez-lhes formosos ornamentos. Em seguida, fabricou um belo trono e mandou-o para o Olimpo. Hera gostou do trono e sentou-se nele, mas depois descobriu que não podia levantar-se, tal a magia com que fora feito. Os deuses, então, saíram à procura do fabricante do trono e suplicaram-lhe que libertasse Hera. Hefesto recusou-se, até que Dioniso apareceu, deu-lhe vinho para beber, embriagou-o e levou-o de volta para o Olimpo montado num jumento. Depois, reconciliou-se com sua mãe e tentou salvá-la da cólera de Zeus, que expulsou-o mais uma vez do céu. Mas dali ele também conseguiu voltar e os deuses lhe deram Afrodite, a deusa do amor, por esposa e fizeram dele seu copeiro. Como é fácil inferir na natureza das suas divinas funções, Afrodite não se destacava, propriamente, como modelo de fidelidade conjugal. O pobre e laborioso Hefesto, em decorrência, era abundantemente traído, inclusive por um irmão, o esbelto e atlético Ares, deus da guerra. Isso aconteceu lentamente: Ares deu-lhe muitos presentes, e ela acabou por sujar o leito do marido. Quando este ia à forja, ela mandava recado a Ares, que a procurava em segredo; ou, pelo menos, assim pensava. Mas o Sol, que a tudo vê, contou a Hefesto o que vira e este forjou sua vingança. A vingança de Hefesto foi sui-generis. Com sua perícia técnica, fabricou uma rede invisível, leve como a teia de uma aranha e muito firme, pendurou-a nos balaústres da cama e partiu, como se fosse para Lemnos. Logo que Ares a Afrodite se deitaram, a rede caiu, prendeu e imobilizou os dois adúlteros num momento em que eles menor podiam esperar semelhante procedimento. Coube, então ao próprio marido traído chamar os outros deuses para testemunharem a sua desgraça e rirem da situação incômoda e algo ridícula em que Afrodite e Ares precisavam permanecer, ao bel-prazer do engenhoso deus ofendido. Naturalmente, houve o final feliz, mesmo porque um duelo mortal seria impossível entre imortais e, com todos os seus defeitos, sendo muito inteligentes, os deuses sabiam compreender, perdoar e até, possivelmente, esquecer. Além disso, também ocorreu que Posseidon pediu a Hefesto que libertasse-os e prometeu pagar a multa da adúltera. Hefesto o mais engenhoso dos deuses, sendo o deus do ferro, do bronze, da prata, do ouro, etc. Fabricou as armas de Aquiles, o palácio do Sol, a coroa de Agamenon, etc. A origem da palavra vulcão deriva de Vulcano, nome romano de Hefesto, pois sua morada era numa ilha vulcânica; era patrono dos metalúrgicos (aliás, os metalúrgicos eram considerados seus filhos).


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