De todos os heróis, somente Orestes teve por sucessor um filho, durante cujo reinado os filhos de Héracles voltaram para reivindicar a sua herança. Os espartanos tinham um reino duplo, e ambas as casas afirmavam descender de Héracles: dessa maneira, diz-se que um par de gêmeos chefiou um dos continentes. A ficção genealógica legitimou as novas migrações para a Grécia, ligando-as à antiga mitologia. Muitas estórias populares foram contadas a respeito da invasão para explicar a demora de cem anos, a divisão anterior do Peloponeso e a reputação de cada cidade. O sucesso mitológico corresponde ao que hoje se conhece como invasão dória, que assinala a difundida introdução do ferro na Grécia, uma nova maneira de vestir, a cremação em lugar do sepultamento e talvez uma diferente estrutura familiar. A “invasão” nem sempre foi violenta e pode ter levado um longo período de tempo, algo parecido com a invasão anglo-saxã da Inglaterra. Alguns lugares, como Pilos por exemplo, foram saqueados, embora não necessariamente pelos dórios. No fim do processo, novos gregos, que falavam um dialeto diferente associado ao Noroeste, habitavam a Beócia e o Peloponeso, restringindo os gregos primitivos à Ática e à Arcádia. Os gregos consideravam o período anterior aos dórios, a idade heróica, superior ao seu e essa é uma nota que se repete muitas vezes nos poemas épicos. Tal é o contexto da fábula de Hesíodo sobre as cinco idade dos homens, em que a dos heróis se intercala entre a dos homens de bronze e a do ferro, em que ele mesmo vivia. Isso acontecia quando as tensões da família patriarcal, possivelmente uma introdução dórica transformou a cultura da vergonha da família extensa na cultura da culpa. A arte do período anteruir, ou micênico, derivava de uma técnica naturalística desenvolvida em Creta. Em muitos lugares, este estilo foi desaparecendo, substituído por um estilo geométrico não representativo. Durante o período, os nobres de Atenas colocavam as cinzas dos seus mortos em urnas imensas, mas também tinham estatuetas sofisticadas de marfim. Foi esse o momento em que os poemas de Homero também tomavam forma e os mitos dos gregos eram transmitidos do período a que aparentemente se referem ao período posterior, ou clássico. Tais estórias ministraram o tema principal de muita poesia grega, o que preservou os mitos para o mundo moderno.