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São excepcionais na mitologia grega pela maneira da sua concepção e do seu nascimento. O próprio Tíndaro é uma figura das genealogias heróicas, um Perseida por parte de mãe e um Eólida por parte de pai. Os quatro irmãos estão ligados à mitologia de Cálidon, região inexplorada, mas evidentemente importante nos tempos micênicos. Idas e Linceu são dois ajudantes que se juntaram aos argonautas. Idas também figura em dois rituais. Num deles, conquista uma noiva numa corrida de carros, em que o perdedor e seus cavalos são atirados num rio. No outro, luta com Apolo por sua noiva; é possível que ele, originalmente, personificasse o deus, mas a estória foi desmoralizada. De Cálidon, Tíndaro levou Leda de volta a Esparta. A filha de Leda, Helena, foi, sem dúvida, a princípio, uma deusa-árvore, e seus filhos, Castor e Pólux - os grandes Dioscuros, ou Mancebos (rapazes) de Zeus - foram deuses e não semideuses. Dessarte, podemos presumir que Leda foi outrora uma deusa, possivelmente parente carnal de Latona, e a deusa-mãe que Zeus visitou como cisne, a forma de ave predileta das divindades micênicas. Tendo Leda botado dois ovos, presume-se que também fosse um cisne, ave mais tarde sagrada para Apolo. Os Dioscuros parecem ser deuses em processo de dissolução e não heróis deificados, a ser válida uma distinção dessa natureza. O culto deles, dório é popularíssimo na Sicília e no sul da Itália, dali se estendeu a Roma ou, pelo menos, a Lavinium, em data muito antiga. Em Esparta o culto dos Dioscuros era simbolizado por uma canga de madeira de duas vigas, que talvez fosse, de início, uma árvore sagrada, como sua irmã Helena. Castor e Pólux montam cavalos brancos, raptam as filhas de Leucipo, “Cavalo Branco” e apóiam os dórios e romanos em batalhas de cavalaria, no Lago Regilo e na Sagra. Mais tarde foram identificados com a constelação dos Gêmeos e, sob a forma do fogo de Santelmo, salvaram marujos no mar. Mas devem ter começado como deuses da fertilidade que a Terra fecunda mantinha vivos.