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Vários motivos míticos surgem pela primeira vez na história dos filhos de Éolo, os eólios. O carneiro de ouro parece ter sido o símbolo da soberania entre os povos que criavam carneiros e, na Tessália, identificava-se originalmente o animal com o próprio Zeus. O carneiro era sacrificado pelos reis, que, em épocas de tensão ou para sustar a ameaça de um desastre, ofereciam também os próprios filhos. Os reis utilizavam a magia para provocar a chuva, e alguns povos criadores de carneiros também praticavam a cerimônia do rejuvenescimento; nessa cerimônia, a vítima era fervida num caldeirão para tornar-se imortal. Alguns filhos de Éolo sofreram por imitar os deuses, ou por se alardearem de ser iguais a eles. Os éolos foram, em outros tempos, reis divinos e viam-se obrigados a essa personificação, até que, no devido tempo, pereceram às mãos do sucessor - talvez na cerimônia do rejuvenescimento, quando o rei aparentemente rejuvenescido seria, de fato, o sucessor. O espírito grego traçou uma nítida linha divisória entre o divino e o humano: era uma heresia por parte do homem ultrapassá-la, e sua presunção nunca deixava de ser castigada pelos deuses. Dessarte, o que fora a princípio a apoteose pelo sacrifício do rei divino, como Salmoneu, ou do consorte, como Actéon, passa a ser, na mitologia, um castigo pela presunção. Outros eólios parecem figurar em vários cultos. A punição de Sísifo sugere um titã debaixo de uma montanha; mas Sísifo é um herói coríntio e talvez apenas artificialmente um eólio. Éolo em grego significa “vário” e “filho da variedade”, nome possível para um Mestre Ladrão. É também o nome do rei dos ventos. O elo aqui pode ser ministrado pela magia da chuva de Atamas. Endimião e os Alóades são ambos tipos do formoso caçador, como Orion, consortes originais de uma deusa-mãe, castigados, mais tarde, pelo que veio a ser considerado presunção. Como Orion, os Alóades são filhos gigantescos de Posseidon e tentam derrubar os deuses, como gigantes numa cosmologia. São também gêmeos cuja paternidade se atribui a um deus. Normalmente, apenas um desses gêmeos é divino; o outro é filho do pai humano. Combina-se a superstição a respeito de Gêmeos com algum expediente para conciliar a descendência contada em linhas paterna e materna. Existem elementos semelhantes de ritual de sacrifício na estória de Meléagro e do javali de Cálidon. Mas esta, completamente refundida, formou-se em tema de epopéia e, em sua forma atual, é quase ininteligível.