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Amitáon casou com a sobrinha, filha de Feres, e gerou Bias e Melampo. Melampo habitava os campos e, quando seus homens derrubavam um carvalho, tirava os filhotes de cobra do ninho que havia na árvore e os criava. Eles limpavam-lhe os ouvidos com a língua, de modo que o moço conheceu a língua dos pássaros e dos animais. Dessa maneira, Melampo ajudou seu irmão Bias a fazer a corte a Pero, filha de Neleu, em Pilos. Neleu exigia, como preço da noiva, o apreciadíssimo rebanho de Fílaco, filho de Éolo, rebanho este vigiado por um maravilhoso cão, que nunca dormia e a quem nada escapava. O cão pegou Melampo, e este foi atirado para uma prisão, onde ficou durante um ano. Uma noite, Melampo ouviu os carunchos (tipo de insetos) do teto dizendo que, no dia seguinte, acabariam de roer a viga. Pediu uma nova cela, e escapou à morte. Quando Fílaco ouviu a história, libertou Melampo e rogou-lhe que curasse a impotência de seu filho Íficlo. Um abutre contou a Melampo que, certa vez, quando Fílaco estava castrando carneiros, enterrou a faca num carvalho sagrado; talvez tivesse cortado visco e assim castrado, magicamente, o filho. Melampo revelou que a ferrugem da faca curá-lo-ia. Em recompensa de seu trabalho, Melampo conseguiu o rebanho e seu irmão obteve a mão de Pero.