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A influencia da aplicação da racionalidade aos factores independentes.
Sabe-se bem quantos dias tem um determinado ano. Do ponto de vista estritamente cientifico e
fenomenológico o período de um ano é o tempo que passa entre duas passagens consecutivas do sol por um determinado ponto
predefinido. Quando o Sol no seu movimento de revolução aparente em torno da Terra , transcreve uma órbita
elíptica, esta é, logo, fechada e periódica.
Este tempo iguala 356.26 dias( desprezando termos de ordem inferior a 0.01)
Mas como os humanos nunca se deram bem a tratar de números não inteiros
achou-se por bem tornar o ano um período inteiro de dias ( assim como o mesmo se fez para as horas , pois o
período de rotação também não é de 24h certas)
Assim o ano passou a ter 365 dias exactos e a chamar-se ano civil , pelo facto de ser
adequado às contas temporais das pessoas no dia a dia.
Mas para manter uma relação com o tempo verdadeiro da viajem da terra em torno do sol ou o que vai dar ao mesmo ; e naquela época era assim que se considerava ; do sol em torno da terra. Para isto
achou-se também por bem de 4 em 4 anos civis o ano conter um ano suplementar. Desta forma 0.26 x 4=1.04 onde 0.04 se
desprezou completamente.
Isto explica porquê os anos não são todos iguais.
Mas imagine-se a si a fazer todas estas contas à um bom tempo atras. Onde acrescentaria esse dia ?
Temos 3 hipóteses.
No inicio do ano , no meio do ano ou no fim do ano.
É nesta altura sensato relembrar que antigamente a economia, ou seja, o que dava de comer às gentes era a agricultura e toda a sua vida se baseava na
fertilização, sementeira , crescimento e recolha dos produtos.
Ora , onde colocaríamos esse dia a mais ?
Seria um dia para nos divertirmos ou para trabalharmos ?
Suponho que um dias de 4 em 4 anos seria suficientemente invulgar para ser de
festa. Neste caso , aceitando isto , esse dia suplementar seria colocado no inicio da primavera ou pelo menos quando o tempo fosse o suficientemente bom para
festejar. Mas porquê não no verão ? Bom no verão faz mais calor , e se o frio a mais não é bom para festejar o calor de mais também não é.
Portanto seria colocado no inicio da primavera. Mas em relação ao ano seria onde ?
Segundo o calendário de hoje seria no inicio , bom mais ou menos , fim do 1º
trimestre. E naquela altura ? Faria sentido colocar um dia destes no interior do ano , quebrando o ritmo para
"festejar" um dia suplementar ? Acho que não, ainda para mais conhecendo o rigor com que estas coisas do cultivo era
seguido.
Este aspecto remetemo-nos para uma discrepância entre o calendário actual e o que parece ter tido lugar
antes. Mas não é o único.
Os dias do mês de fevereiro são ondulantes , ou seja , são 28 ou 29 conforme o
ano. Porquê colocar este mês como segundo mês ? Era muito mais lógico colocá-lo no fim , ou no
inicio. Ainda para mais não é um mês que respeita a regra do 31-30.
Bom, supondo que o dia é acrescentado , parece evidente que seria acrescentado no fim dos 28 dias
normais. Ou seja Fevereiro ao ser variável por excesso não faria sentido colocá-lo no inicio do
ano, mas sim no fim do ano , onde se pode acrescentar. Acrescentar implica , que me lembre , sempre , fazê-lo no
fim.
Ora sendo assim como é que temos fevereiro como 2º mês do nosso ano ?
Alem disso temos mais. Existem 2 meses consecutivos com 31 dias; Julho e Agosto. Mas estes meses são
construtivamente o mês 7 e 8 dos 12 do ano. Ora se o ano tem 12 meses e se temos 2 iguais consecutivos não seria mais
lógico colocá-los como os meses 5 e 6 ?
Uma ultima curiosidade. Os prefixos devem servir para alguma coisa ou não os usaríamos
, certo ?
Supondo que isto é verdade e atendendo aos prefixos comuns como , bi , di ,tri
,hexa , sept , oct , nov, dex reparamos que temos meses que têm estes prefixos. ou seja . Se(p)tembro , Ou(c)tubro
,Novembro, Dezembro.
Parece então que estes meses deveriam ser os meses 7 ,8 ,9 e 10 dos 12 e não os 9,10,11 e 12.
Em todas esta questões deparamos com sempre 2 meses de diferença ou seja Fevereiro é o 2º em vez do ultimo ( 12=0 ) , julho e agosto são
os 7 , 8 em vez de 5 e 6 e por fim os últimos meses do ano, cujos prefixos
não estão de acordo com o seu numero.
Como explicar isto ?
A resposta é muito simples e parece até ridícula se pensarmos nisso.
Antes o ano começava como já se viu no Equinócio da primavera , o tempo era contado pelas colheitas ( por ciclos de rotação das colheitas , se quiser). Ora o
Equinócio de primavera dá se em Março , 21 de Março.
Se fizermos Março como o mês 1 então fevereiro seria o mês 12 ( sendo agora compreensível
) , julho seria o mês 5 e agosto o mês 6 , sendo também agora possível estabelecer a relação entre os prefixos e os meses. Se(p)tembro =7 , Ou(c)tubro=8 ,Novembro =9 e Dezembro =10. Esta
simples hipótese parece arrumar tudo nos sítios certos.
Então porquê a discrepância com o calendário actual ?
É muito simples. Quando se soube que existia uma ordem no movimento aparente de revolução do sol, soube-se que era por esta orbita ser
uma elipse e logo se soube também que a Terra estaria num desses focos ( lembre-se que
analisamos o movimento do sol , embora aparente , era o usado pelos antigos agricultores.
Do ponto de vista da
seguinte discussão é irrelevante esse pormenor , "que o quê gira sobre o quê" )
Assim haveria uma altura em que a distancia Terra-Sol era mínima ( perigeu) e outra em que
era máxima. Como o Homem sempre gostou do mínimo então decidiu-se que o ano seria contado
a partir do perigeu e não do equinócio.
Esta convenção Faz o ano civil começar a 1 de janeiro e não a 21 de março.
[ nota: estes dias são assim contados segundo o calendário actual , na realidade os
próprios números dos dias seriam "renomeados" de 1 de Março para 21 de Março e X de janeiro( 285 dias depois de dia 21 de março ) para 1 de janeiro. ]
Conclusão , foi a mente humana e a sua procura/gosto pela ordem que fez o ano ser tão anti-natural como o que temos hoje. Compare-se com o
Antigo e entenda-se que o antigo também era ordenado , e bem ordenado. Ou seja , os meses eram de 31 ou 30 dias com o ultimo
mês a variar entre 28 e 29. Os meses do meio tinham os mesmos dias e o ano seguia o ciclo das estações. O de hoje em dia não tem nada disto mas está de acordo com a consideração
astronómica.
Este é o preço do Raciocínio. Se por um lado deixa de ser natural e ter a ver
com as nossas vidas , por outro é regido pela ordem que se pode provar e contar
e refazer as vezes que forem necessárias.
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