Discurso Original Encerrou Curso de Filosofia
 
 
 
Espantados, os Licenciados em Filosofia de 1973 ouviram o Prof. Rui Simões convidá-los "para uma sabatina sobre os vultos mais significativos da História da Filosofia e aquilo que melhor os caracterizou". E isto, exatamente ao finalizar a solenidade de colação de grau da turma, quando os novos Licenciados, por Lei, não mais tinham a obrigação de prestar exames frente aos seus antigos professores. Mas a surpresa durou pouco, quando ele acrescentou adiante: "Acompanhem-me, portanto e por favor, no que, pelos olhos alheios, vi – feito sob inspiração e modelo de Paulo Mendes Campos – e que começo a recitar".
E o discurso informal terminou sendo uma aula monumental difícil e sofisticada que reproduzimos a seguir:
 
 
 
" Thales viu aparências.  
Pitágoras, subjacências.
Heráclito viu no sensível.  
Parmênides, no inteligível.
Demócrito viu o atomismo.  
Górgias viu o ceticismo.  
  
 
Protágoras, viu a opinião.  
Sócrates, a conceituação.
Platão viu o ideal.  
Aristóteles, o real.
Epicuro viu o prazer  
Zenão, sorriu ao sofrer.  
  
 
Plotino nada viu.  
Juliano, tudo destruiu.
Agostinho viu confissões.  
Boécio viu consolações.
Boaventura viu a essência.  
Aquino viu a existência.  
  
 
Abelardo viu Heloísa.  
Os hereges viram Papisa.
Grócio não viu e afirmou.  
Galileu viu, mas negou
Hobbes viu antes o animal.  
Rousseau, a vontade geral.  
  
 
Morus viu a Utopia.  
Maquiavel, a tirania.
Montesquieu viu os poderes.  
Voltaire viu os deveres.
Erasmo viu a loucura.  
Lutero viu a impostura.  
  
 
Descartes viu Cogitando.  
Bacon viu experimentando
Locke viu o intencional  
Malebranche, o intencional.
Spinoza viu o panteísmo.  
Leibnitz viu o monadismo.  
  
 
Condillac viu sensações.  
Hume reuniu impressões.
Wolff viu o imanente.  
Kant viu o transcendente.
Fichte viu a liberdade.  
Schelling, a identidade.  
  
 
Hegel viu a razão.  
Marx viu o pão.
Feuerbach viu a ateísmo,   
Schopenhauer, o pessimismo.
Nietzsche viu o trágico.  
Kierkgaard viu o mágico.  
  
 
Comte viu o nexo  
Freud viu o sexo.
Haeckel viu a evolução.  
Darwin, a transformação.
Spengler viu a decadência.  
Boutroux viu a contingência.  
  
 
Bergson viu a intuição.  
James preferiu a ação.
Scheler viu a axiologia.  
Husserl, a fenomenologia.
Brunschvicg viu a causalidade.  
Einstein viu a relatividade.  
  
 
Heidegger viu o existir  
Sartre ficou a curtir.
Ortega viu a razão vital.   
Maritain, o humanismo integral.
Camus viu o absurdismo.  
Ponty viu o corporeísmo.  
  
 
Chardin viu criaturas.  
Marcuse viu estruturas.
Russel viu a matemática.  
Wiener viu a informática.
Dewey viu a educação.  
McLuhan, a comunicação.  
  
 
Carnap viu a linguagem.  
Rhine despiu a visagem.
João XXIII viu a abertura.  
Paulo VI pôs fechadura.
Toynbee viu Civilização.  
Moralmente em regressão  
  
 
 

Se Buda viu a libertação,
E Cristo viu a Redenção.
 
 
 
É lógica a conclusão:
 
 
 
O que o Oriente viu,
O Ocidente Mal pressentiu.
 
 
 Autor: Prof. Rui Simões
 in 1973
 
 
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Última Atualização: 08/06/98 
 
 
 
 
 
 
 
 
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