Vida e Obra de Bernardo Guimarães
  poeta e romancista brasileiro [1825-1884 - biografia]

 
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Versos para Honorata

No século passado os jovens galanteavam as mocinhas com juras de amor eterno, comparando-as à beleza do ceú, do mar e das flores. Tudo em trabalhados sonetos.

As moçoilas adoravam.

Numa chuvosa manhã de 1849, a sinhá-moça Honorata Cerqueira de Resende recebeu das mãos de uma mucuma (escrava de serviços caseiros) versos enviados por um presumível e misterioso admirador.

O coração de Honorata palpitou de alegria ao receber o papel perfumado. "Oh!!"

Leu os versos uma vez, duas, três, quarto, cinco e nada entendeu. Ficou   decepcionada e perplexa.

Honorata pediu ajuda de amigas mas elas também não entenderam patavina.

Uma cópia dos versos apareceu na Faculdade do Largo de São Francisco e os estudantes, entre gargalhadas, decifraram logo o enigma.

Os versos eram bestialógicos - versos bem feitos, bem metrificados, com boa rima mas sem nenhum sentido, sem pé nem cabeça.

Para os estudantes, o autor dos versos só podia ser Bernardo Guimarães, o Rei do Bestialógico.

Bernardo nunca assumiu a autoria da brincadeira, talvez porque o pai da moça,  o coronel João Cerqueira de Resende, não era dado às letras e muito menos à bestialogia. Mas o estilo dos versos é de B.G., conforme se pode verificar abaixo.

Nas tascas imbecis da tesa Grécia,
Perdia-se um baú o rei tetrarca.
E em batéis de elixir metia a Parca
Fingindo amor à póstera Lucrécia.

De que te vale um lírio se, na sécia,
Te deres de deitar o vil monarca
No fundo do barril da Dinamarca
Só p'ra listrar um gato com facécia?

Costurando os espaços do pagode,
Entre as mil sanguessugas perfumadas
Galileu segurava o pé de um bode.

Assim eu ponho o mérito das fadas
Nas casacas tiranas de um bigode
Por não te ver entre as sílfides rimadas.

 

Esse causo está registrado no livro E assim nasceu a Escrava Isaura, de José Armelim, neto de B.G.

 
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