Era 1881.
Ouro Preto se engalanou de verde e amarelo. Não
era para menos. Sua Majestade Imperial, Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina
iriam se dignar a visitar a cidade.
À época, Ouro Preto não contava nem com o
esplendor do tempo da mineração e nem com o atual charme de cidade histórica.
Era tão-somente a acanhada e decadente capital da Província das Minas Gerais.
A visita imperial gerou um clima de efervescência.
Ninguém falava em outra coisa. Os políticos se esmeravam em mil e uma formas de
agradar o casal imperial. Os homens se preocupavam com protocolo e cerimonial. As
mulheres com trajes e penteados.
Avisaram Bernardo Guimarães que ele deveria
comparecer. Avesso a pompas e circunstâncias, o escritor alegou que naquela data
não estaria na cidade, mas em "Rancharia", propriedade rural da
família de seus sogros.
Tarde demais! Informada de antemão que o Imperador
manifestara o desejo de receber as obras completas, autografadas por Bernardo, sua
esposa, Teresa Gomes Guimarães já tinha aceitado o convite em nome do escritor.
Encomendada uma coleção encadernada de seus livros, do Garnier, no Rio,
com urgência, e retirada a casaca do baú, estava Bernardo Guimarães
pronto para ter com Pedro II.
No dia 20 de abril de 1881, entraram no salão as
duas filhas do escritor, Isabel e Constança. Carregavam em bandejas os
livros que o pai mandara buscar no Garnier.
Recebendo os livros das mãos das meninas, o
Imperador perguntou-lhe:
-- São essas as suas obras, dr. Bernardo?
-- E mais estas duas, Majestade -- respondeu o
escritor, apresentando suas filhas. E por serem as melhores, são as que mais
aprecio.
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Versão de um jornal da época sobre o encontro do encontro
do Imperador com BG.
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