Mensagem de Fé

Madalena

Prof. Anísio Renato de Andrade


Um exemplo de transformação e fidelidade.

Jesus escolheu doze homens para serem seus discípulos. Contudo, havia também mulheres que o seguiam. Algumas tinham até a nobre função de prestar apoio financeiro ao ministério do Mestre (Lc.8.1-3). Uma delas era Maria Madalena. Percebemos que o Senhor honrou as mulheres numa época em que a sociedade não lhes dava grandes oportunidades. O nome Madalena indica sua cidade de origem: Magdala, localizada na província da Galiléia. Depois da mãe de Jesus, Madalena foi a mulher que mais se destacou durante o ministério terreno do Messias.

Vida pregressa

Por tradição, somos informados que Maria Madalena era uma prostituta. Entretanto, a bíblia não diz tal coisa. O que sabemos com certeza é que, antes de conhecer o Senhor, aquela mulher era possuída por sete demônios (Lc.8.2). Portanto, tinha uma vida de pecado, sofrimento, tristeza e tormento constante. Esta é a situação de muitas pessoas que não servem a Deus. Estão nas mãos do Diabo. Ainda que não estejam possessas, são oprimidas e influenciadas pelos poderes das trevas.

Encontro e compromisso

Maria conheceu o Senhor Jesus e sua vida foi completamente transformada. Os demônios foram expulsos e ela passou a seguir o Mestre. Todos precisam conhecer a Cristo afim de serem libertos e transformados. Além disso, é preciso que se faça um compromisso com ele. Muitos são abençoados por Deus, mas não querem se comprometer. Madalena se tornou uma seguidora de Jesus. Ela sabia que, se deixasse o Senhor, seria novamente dominada pelos demônios. Portanto, além do compromiso, era preciso haver fidelidade.

A perseverança

Seguir a Cristo era algo maravilhoso, principalmente para os recém-libertos. Ouvir seus ensinamentos e presenciar seus milagres era viver o céu na terra. Porém, as autoridades religiosas começaram a se levantar contra Jesus e as ameaças foram se multiplicando. De imediato, os discípulos não se deixaram intimidar, pois imaginavam que Jesus resolveria qualquer situação adversa. Afinal, quem poderia detê-lo ou prejudicá-lo e aos que com ele estavam? Mas tudo ficou muito confuso na noite em que Jesus foi preso.

Depois veio o julgamento e a condenação do Mestre. Entretanto, ainda havia esperança. Quem sabe ele não invocaria as hostes celestiais para livrá-lo? (Mt.26.53). O tempo passava e a situação parecia cada vez pior. A frustração dos discípulos foi muito grande. O medo também os assolou de tal maneira que todos fugiram (Mt.26.56).

No dia seguinte, Jesus foi pendurado no madeiro, mas ainda havia esperança. Se quisesse, Cristo poderia descer da cruz e salvar-se a si mesmo (Mt.27.42). Contudo, não o fez.

Nos momentos difíceis da nossa vida, também esperamos que o Senhor faça isso ou aquilo. Se ele não faz, muitos ficam decepcionados.

Naqueles instantes que antecederam a sua morte, seus seguidores o abandonaram, à exceção de algumas pessoas que ficaram ali, junto à cruz, acompanhando o Mestre até o fim: Maria, mãe de Jesus, Maria Madalena, Maria, mulher de Clopas, e João, o discípulo amado (João 19.25-26).

Certamente, ninguém entendia o que estava acontecendo. O que ficava evidente ali não era a compreensão, mas o amor. Era demonstração de fidelidade incondicional.

Vemos, portanto, quão profundo era o compromisso de Madalena com Jesus. Seguir a Cristo enquanto tudo está bem é fácil. Nos momentos mais difíceis é que manifestamos a seriedade do nosso compromisso e a realidade da nossa fé. É na hora da cruz, no meio da tribulação, que revelamos o quanto amamos o nosso Salvador. Precisamos permanecer firmes, mesmo quando não compreendemos o que está acontecendo, mesmo quando nossas expectativas se frustram. Deus tem um propósito superior que está se cumprindo.

Madalena estava ali, talvez colocando em risco a própria vida, permanecendo aos pés do Senhor.

Ela demonstrou coragem. Não fugiu, não ficou indiferente ou distante, mas perseverante e fiel.

A morte do Senhor

Quando Jesus morreu, tudo parecia encerrado. Todas as esperanças humanas se dissiparam. Na vida dos servos de Deus existem momentos assim. Todos os recursos parecem esgotados. É o momento da cruz individual.

Madalena deve ter feito uma retrospectiva de sua história. Quando conheceu o Senhor Jesus, tudo se tornou maravilhoso. Parecia que os problemas não existiriam mais. Contudo, a cruz ainda estava por vir.

Muitas pessoas se encontram com Jesus e imaginam que todo o sofrimento de suas vidas tenha acabado. Algum tempo depois, ficam decepcionadas diante das tribulações normais da vida cristã. Neste caminho existe uma cruz.

A diferença é que, antes, sofríamos nas nãos do inimigo. Agora, sofremos para crescer, amadurecer, e experimentar os gloriosos propósitos de Deus em nossas vidas. A cruz parece uma vitória do maligno, mas é a maneira divina de nos conduzir a um nível mais alto em nossa vida espiritual.

O sepultamento

Logo que Jesus morreu, a multidão que assistia à crucificação retirou-se, mas algumas pessoas acompanharam a colocação do corpo na sepultura. Madalena estava ali (Mt.27.61). Quão grande era o seu amor e sua dedicação!

Três dias de dor e tristeza

Durante o tempo de permanência do corpo de Jesus na sepultura, seus seguidores ficaram desorientados e parcialmente dispersos. Naqueles dias, parecia que os céus estavam fechados. Não se viram milagres nem anjos. Não se ouviu nenhuma voz entre as nuvens. Os adversários se sentiam vencedores. Os discípulos estavam confusos e angustiados.

Existem momentos assim em nossas vidas, quando os questionamentos se multiplicam e as respostas não vêm. Parece que fomos abandonados. Clamamos, mas não somos respondidos. Contudo, Deus está trabalhando em silêncio. Aquele tempo era necessário para que os propósitos de Deus se cumprissem, e eles não iriam acontecer antes da hora determinada pelo Pai. Era tempo de esperar, e esperar é muito difícil, principalmente quando não se sabe o que acontecerá ou se acontecerá.

Parecia que o tão falado ‘reino de Deus’ não passou de uma ilusão. O melhor a fazer talvez fosse a dispersão. Alguns resolveriam ir embora de Jerusalém (Lc.24.13). Os pescadores voltariam ao mar (João 21.3).

Nós também passamos por experiências assim, quando chegamos a pensar que os propósitos de Deus para nós foram apenas ilusões do nosso coração. Nessa hora, muitos abandonam sua posição e voltam à vida antiga.

Visita ao sepulcro

Apesar de tudo o que acontecera, no primeiro dia da semana, ainda de madrugada, Madalena foi ao local onde Cristo fora sepultado, com o intuito de ungir o seu corpo (João 20.1-18). De nada adiantaria aquela homenagem póstuma, mas, ainda assim, era uma demonstração de amor.

Ela foi no primeiro dia da semana. Não deixou para o quarto ou sexto dia. Enquanto os discípulos dormiam, ela se levantou de madrugada para ir ao sepulcro. Poderia ter acordado tarde e ido após o almoço. Porém, seu amor por Jesus estava acima de tudo, de maneira que não mediu esforços para realizar aquele ritual. Como é a nossa dedicação a Deus? Damos a ele o melhor? Fazemos tudo com prontidão ou sempre deixamos para depois?

Madalena tinha iniciativa. Não precisou que alguém lhe convocasse ou desse ordem.

Qual não foi sua surpresa e decepção ao verificar que o corpo do Mestre já não se encontrava naquele lugar. Além de todo o sofrimento dos últimos dias, mais esse choque? Pensou que alguém o havia retirado. Foi logo anunciar o fato aos discípulos. Pedro e João vieram correndo ao sepulcro e constataram que Jesus não estava ali. Imediatamente, voltaram para casa, mas Madalena continuou junto à sepultura, chorando.

O choro

Todos nós sofremos de alguma forma e em alguma medida, mas as mulheres, pelo fato de serem mais emotivas, parecem sentir mais profundamente as perdas e as dores da vida. Madalena ficou ali chorando, lamentando. Entretanto, Jesus estava atento ao seu pranto. Hoje também, quando pensamos que tudo está encerrado, quando choramos angustiados, quando vertemos lágrimas de dor, o Senhor nos contempla.

Naquele momento, nada mais podia ser feito. Nem mesmo a unção do corpo ela podia fazer. Muitas vezes pensamos que tudo esteja acabado. Nada mais podemos fazer, mas o Senhor sempre pode fazer muito mais do que imaginamos.

A ressurreição

Após o tempo determinado por Deus, o Senhor Jesus foi levantado do sepulcro pelo poder do Espírito Santo (Rm.8.11). Deus tem um tempo para tudo e, geralmente, não coincide com o nosso cronograma. Ele não se move pela nossa ansiedade, mas por sua soberana vontade. Sempre queremos evitar a morte, principalmente a nossa, mas Deus tem em vista a ressurreição. Os pensamentos de Deus são superiores (Is.55.9). Queremos evitar o sofrimento, mas Deus está visando os resultados positivos que dele virão (Rm.5.3-5).

A intervenção divina vem. Não desanime. Não desista. Sua obra será concluída.

“Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena” (Mc.16.9).

Que honra para as mulheres! Afinal, Maria foi a pessoa que demonstrou maior apego ao Mestre e maior sofrimento por sua morte. Sua dedicação foi recompensada. Ela se tornou a primeira mensageira da ressurreição, indo aos discípulos anunciar-lhes o fato (João 20.14-18).

A ressurreição inaugurou uma nova etapa na vida de todos os seguidores de Jesus, sendo também o fato histórico que coloca o cristianismo acima de todas as religiões.

Daquele dia em diante, os discípulos foram novamente reunidos. O Espírito Santo foi derramado. O propósito do reino foi retomado. A igreja foi estabelecida e milhares de conversões começaram a ocorrer.

Maria Madalena, que tinha sido assolada por sete demônios, agora se encontrava numa posição de honra, como a primeira testemunha da ressurreição de Jesus. Da mesma forma, hoje, muitas mulheres estão servindo a Deus, com amor, com esforço e lágrimas. Que Deus abençoe a cada uma delas, dando-lhes também muitos motivos para sorrir, através de grandes experiências e bênçãos. Que o Senhor lhes conceda a honra de levarem a muitos o testemunho de que Jesus está vivo e sempre vale a pena amá-lo e servi-lo.


Em caso de utilização impressa do presente material, favor mencionar o nome do autor:
Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
Professor do Steb - Seminário Teológico Evangélico do Brasil
e do Sebemge - Seminário Batista do Estado de Minas Gerais

Para esclarecimento de dúvidas em relação ao conteúdo, encaminhe mensagem para anisiorenato@ig.com.br

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