A verdade traduz a conformidade da ideia com o objecto, do pensamento com a expressão, do facto narrado com a sua realidade. É a qualidade pela qual as coisas se apresentam tal qual são.
O uso da verdade permite ao ser humano enquadrar-se nas leis naturais, assumindo-se com realismo como partícula da Inteligência Universal.
Nesse sentido parece importante que o hábito do seu uso seja cultivado desde o berço, oferecendo os pais aos filhos salutares exemplos de veracidade nas pequenas coisas do dia-a-dia e nas questões habitualmente consideradas mais complexas, como sejam a vida sexual e o aceitar os seus próprios erros, definindo-os como tal.
Mentir é esconder a verdade, o que inclui a afirmação do que é falso como se fosse verdadeiro, mas também a omissão propositada da realidade.
Mesmo nas difíceis situações das doenças malignas, parece vantajoso o uso da verdade total. Ou melhor, da verdade disponível, que permite ao homem uma apropriada consciencialização do seu estado. Só consciente o ser pode meditar nas causas da sua doença e, devidamente apoiado sob os pontos de vista psicológico e fisiológico, desenvolver uma reacção apropriada. Estão hoje descritos casos diversos de resolução de difíceis situações clínicas, com base na reacção positiva do doente, removendo as causas da sua patologia, dispondo-se a uma vida mais sã, encarando com optimismo o futuro.
Quanto à verdade total ela não poderá ainda estar disponível ao Homem, minúsculo habitante dum tão pequeno planeta, quando comparado com a imensidão do Universo.
Assim, parece ir tendo acesso à verdade a que faz jus através do seu esforço honesto de investigação, de busca de esclarecimento e de um cada vez maior domínio do conhecimento universal.
O Homem vai fazendo uma trajectória evolutiva, na qual vai vencendo a mentira, destruindo dogmas, esclarecendo mistérios, enfraquecendo fanatismos, desbaratando negócios de exploração e falsidade.
A verdade é simples. Sócrates dizia: "sei apenas uma coisa: é que nada sei".
A verdade é corajosa e persistente. Galileu, apesar de condenado pelo "Santo Ofício", manteve a sua teoria de movimentação da Terra em torno do Sol: "eppur si muove (e contudo ela move-se)".
A verdade é serena e tolerante. Jesus, injustamente condenado e crucificado por procurar esclarecer a humanidade, afirmava: "Pai, perdoa-lhes que não sabem o que fazem".
Os verdadeiros defensores da verdade são
desinteressados: nada pedem, nada aceitam; dão-se.