É já grande o número de telemóveis em Portugal. O videofone (telefone com transmissão de imagem a cores) já foi apresentado. Os discos laser acabaram com os discos clássicos, estando já a ser comercializadas as cassetes laser. Os microprocessadores estão tão vulgarizados nos escritórios de hoje como as esferográficas há algumas dezenas de anos atrás, e a sua crescente capacidade de utilização é impressionante. O telefax está banalizado a preto e branco, prevendo-se para breve a cores. Os computadores de bolso fazem desaparecer as tradicionais agendas. As placas TV de parede (com medidas até 2x3 metros) começarão a ser comercializadas dentro de pouco tempo.
Ao terminarmos a última década do segundo milénio, é previsível que continue a fantástica evolução tecnológica que tem caracterizado o século XX. Parece lógico que o Homem consiga encontrar a cura para o cancro, para a diabetes ou para a hipertensão arterial, embora possam surgir ou desenvolver-se novas (ou menos conhecidas) doenças, como aconteceu recentemente com a SIDA. O conhecimento mais profundo dos oceanos parece estar a despertar a atenção do Homem, que talvez passe a dedicar maiores verbas à sua investigação, podendo, mais cedo ou mais tarde, pegar moda a alimentação à base de algas. A informática, já extraordinariamente desenvolvida nos Estados Unidos da América e na Europa, vai com certeza crescer e implantar-se definitivamente nos restantes continentes.
Os meios de transporte vão certamente continuar a evoluir. Quem se esqueceu da imagem do homem com uma mochila às costas "voando" sobre o estádio olímpico de Los Angeles? E quem não se lembrou de que qualquer dia somos capazes de "voar" com uma coisa daquelas às costas de casa para o escritório?
Os países economicamente mais ricos parecem apostados em continuar a explorar o Universo, procurando que as suas naves pousem noutros planetas do Sistema Solar e tentando criar condições para o Homem poder viver fora do "seu" planeta. Esta situação é de alguma forma comparável com a vivida, alguns séculos atrás, pelos navegadores portugueses, espanhóis, holandeses, etc. Não será de espantar se os astronautas vencerem novos "Cabos das Tormentas" e implantarem algumas estações orbitais, mesmo antes do final deste século.
A evolução vai-se fazendo, mais rápida em determinadas áreas, mais lenta noutras. E uma área em que parece que a Humanidade se tem esforçado relativamente menos para aumentar o seu conhecimento é o próprio Homem. É certo que se conhece já bastante bem o corpo físico; mas o sistema nervoso central ainda é palco de muita ignorância; e é visível a dificuldade dos cientistas para explicarem múltiplos fenómenos psíquicos, permitindo a vulgarização do misticismo, do charlatanismo, da crendice, da irracionalidade. Contudo, talvez a época em que estamos entrando seja propícia a um grande desenvolvimento de algumas jovens ciências, como a Neuropsicologia, a Psicofisiologia, a Parapsicologia, etc.
Não caberá à Universidade - mais do que a qualquer outra instituição - investigar sem pruridos fenómenos do nosso quotidiano, alguns dos quais vêm sendo descritos há séculos, ou mesmo há milénios? Várias universidades americanas, europeias e mesmo asiáticas estão actualmente a trabalhar nessas áreas, sobre as quais tem sido mantida uma compreensível discrição. É provável que na próxima década alguns dos resultados dessa investigação comecem a ser do conhecimento público. E não será de admirar se a demonstração científica de certos fenómenos provocar algumas alterações do comportamento humano, dando lugar primacial ao raciocínio, à inteligência e à lógica. O que, aliás, estará de acordo com a trajectória evolutiva que vimos fazendo.
Conhecendo melhor o seu próprio eu, o Homem poderá somar à fantástica evolução tecnológica a apropriada evolução moral e espiritual.
Assim, talvez seja possível o Homem iniciar o terceiro milénio sem tantas preocupações de ordem material, conseguindo uma organização social com uma distribuição mais equilibrada das responsabilidades, das obrigações, dos direitos e dos benefícios. O que lhe permitirá dar maior importância e, portanto, dispensar mais tempo à planificação e concretização dos seus objectivos espirituais e ao apropriado enquadramento dos diferentes níveis etários, desde a infância à terceira (ou nessa altura talvez também já à quarta) idade.
Ao século das luzes (materiais) poderá
suceder o século do esclarecimento espiritual ou século da
Luz.