Tem Tempinho Aí, Seu Moço
O tempo está se indo
Escapando de minhas mãos.
Fluido doloroso
Belo, irreparável.
Irrecuperável.
Sabe o salto de um belo prédio?
Do último andar?
Caímos e nos enxergamos
Em janelas multicores
Tão rápido, tão livre
Tão
Mesmo que abramos os braços
Não voaremos
Pássaros não somos
Deus não quis
Não nos quis, então?
Queda direta para o nada
E de raiva, vingança,
Nem grito
Sussurro, sim, bem feito
Quem mandou não nascer pássaro!
Houve tantos abraços,
Tantos amores
Tantos “te quero”
E nenhum pode nos parar, agora.
Lembra deles?
Não, talvez não dê tempo
TEMPO
Como numa queda, nos permite ver
Mas não podemos voar.
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