Clube dos Escritores

| Home Page | E-mail |

As Covas

Cleomar S. dos Santos

N esta sexta, ao meio dia, estive visitando o cemitério da Santa Casa em Porto Alegre. Estava à procura das covas de Erico Veríssimo, Mário Quintana e do Teixeirinha. Cruzei o local de ponta a ponta para que pudesse ter uma idéia geral do local. Lá havia três divisões nítidas, diretamente relacionadas com as posses de seus usuários. No primeiro grupo de túmulos, havia a beleza, a arte, o romantismo, expressos por estátuas magníficas, inscrições em relevo e construções monumentaris. Em seguida, a classe média, com esquifes instalados em belos paredões, repletos de flores e de inscrições claras da saudade causadas nos familiares. Distante destes, a classe do proletariado, instalados no chão, ornamentados por cruzes simplórias sob as intempéries da chuva e do terreno. Fiquei analisando estas diferenças claras entre ricos e pobres.

Voltei à entrada, passando novamente pelos abastados personagens. Lá estavam pessoas que anteriormente também tiveram um passado pobre. Parei diante do túmulo do Teixeirinha, com sua estátua à tocar violão e com seu ar que nos lembra nossos tios do Lami. Neste momento fui obrigado a refazer a primeira impressão que tive. Ali, entre os ricos, também existiam expobres. E ao chegar à entrada, pude ver claramente o quanto pode ser gerado durante uma vida, visto que um rico pode ser pobre em pensamentos e ser enterrado no terçeiro grupo, assim como um pobre pode pensar como alguém que se desenvolve e parar no grupo do conforto, da beleza.

Recomendo esta visita, esta experiência, não para pensarmos na tristeza da morte mas sim para vermos o resultado final de nossas vidas.


| Home Page | E-mail |

1