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Resenhas de Babel
Ágora eletrônica ou teletela cibernética "Segundo a tradiçào, [os governos] foram caindo gradualmente em desuso. Convocavam eleições, declaravam guerras, impunham taxas, confiscavam fortunas, ordenavam prisões e pretendiam impor a censura e ninguém no planeta os acatava. A imprensa deixou de publicar suas colaborações e suas efígies. Os políticos tiveram que buscar ofícios honestos; alguns foram bons cômicos ou bons curandeiros." (Borges, Utopia de um homem que está cansado) Alexandre Gomes Tenho dito diversas vezes que em breve o homem será chamado a decidir qual o futuro que deseja, se o renascimento da velha Atenas em um patamar mais elevado, se o mundo orwelliano das demências - em especial da demência da miséria e a demência da opressão. Alguém certamente protestará a respeito da petulância de um jornalistazinho de província que se propõe a imaginar como será o mundo, mas este tipo de observação é uma disgressão, Não um argumento e portanto pouco me importa. O enfoque principal dos artigos anteriores foi sobre as mudanças econômicas que podem construir um ou outro cenário. Hoje queria falar mais sobre o aspecto político. A grande variável do sistema político, em um futuro breve, serão as facilidades de comunicação atuais, em especial os recursos da Internet. A rede virou um ícone da modernidade e como tal vem sendo mitificada, às vezes corre até o risco de tornar-se pouco mais que um rótulo em torno do qual pessoas que não a conhecem debatem seus benefícios e malefícios. Creio já ter mencionado mais de uma vez a história contada por Levy-Strauss durante sua passagem entre os nambiquaras - tal como narrada nos Tristes Trópicos. No trecho em questõa o chefete da tribo, sem conseguir impor sua autoridade à tribo, tenta se utilizar de lápis e papel emprestados do antropólogo como instrumento de poder, fingindo rabiscar palavras e lê-las para a tribo. O texto impossível, é claro, falava que ele devia ser obedecido. Hoje a Internet ainda é isto em grande parte, é um símbolo de poder, algo que soa bem aos ouvidos dos incautos, um instrumento de gabolice para que algum babaca encha a boca e diga "eu falo sobre isto na minha home page!". O próprio termo Homepage é característico da bossalidade proque não tem o sentido que lhe atribuem nem em inglês e muito menos no jargão. Poucas das milhares de emrpesas que tem páginas na Internet tem outro objetivo senõa dizer que as tem, é marketing mais do uma realização concreta. Uma imensa quantidade do que circula pela Internet é a mais pura bobagem, textos de autores que ninguém quis editar, teorias malucas demais para alguém além do próprio levar a sério, palco para que bossais se pavoneiem porque não encontraram outro espaço aonde obter atenção. Felizmente a parte minoritária composta pelas informações úteis está crescendo e a Internet é capaz de burlar não só a censura contituída como aquela outra censura muito mais séria que é a censura econômica. Por maior que seja a diluiçõa da informação útil em meio à bobagem, ainda assim alguém pode mostrar as suas idéias e ser visto mesmo que utilize bem poucos recursos econômicos. Este livre dbate de idéias tenderá a tornar-se mais generalizado em pouqíssimos anos. Nenhuma nova mídia teve uma velocidade de crescimento comparável à Internet, talvez nem mesmo a linguagem falada. Os desplugados sõa uma categoria em extinção proque em breve nòa terõa mais como se comunicar, além do que a exclusão da grande rede é cada vez mais cultural do que econômica. De todo este debate é impossível que não surja uma nova visão de mundo que consagre os planos para o futuro. A rede torna possível sonhar para breve um sonho esquecido desde Atenas: a democracia direta. Praticmanete todos os recursos técncios para isto já estão disponíveis, ainda que não na escala necessária para abarcar uma discussão global ou ao menos municipal simultânea. Mas é um experimento viável que logo poderá obter resultados. O outro lado deste desenvolvimento é mais sombrio. Num mundo aonde a comunicácào se dá em grande parte através da rede é possivel controlar esta informação, ver de onde ela saiu e aonde chegou, checar seu conteúdo, manipular seus efeitos. Tal como as teletelas de Orwell ou o Palácio dos Sonhos de Ismail Kadare elas podem ser um instrumento de controle onipresente. O pior disto tudo é que a decisão é nossa, jamais poderemos escapar a esta responsabildiade alegando que este ou aquele futuro nos foi impsoto. Alexandre Gomes é editor do PRIMEIRA PÁGINA |
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