PLATÃO


Nasceu em 427 a.C. - primeiro grande filósofo a construir um sistema de pensamento.

Sua origem é em familia nobre, seus prentes militavam na politiva. Recebeu boa educação, iniciou-se na filosofia com Crátilo, discípulo de Heráclito.

Ao mesmo tempo, frequentava a escola de Sócrates, que exerceu grande influência na sua personalidade.

A condenação de Sócrates pela democracia ateniense o fez desistir dos ideais políticos, dedicando-se exclusivamente à filosofia.

Após a morte de Sócrates, iniciou uma série de viagens pela Grécia e Itália, indo provavelmente até o Egito.

Retornando para Atenas, funcou a Academia (387 a.C.), fato relevante para ele e para a ciência. Foi a primeira universidade criada, com um curriculo baseado na matemática e na geometria. Formou várias gerações de jovens.

Fez uma tentativa de colocar em prática suas idéias políticas na Siracusa, mas não foi bem sucedido, terminou sendo preso e vendido como escravo. Foi resgatado por Arquitas, seu discípulo.

As obras de Platão são de dois períodos: juventude e velhice. Tem forma de diálogo, exceto a Apologia de Sócrates e as Cartas, algumas destas de duvidosa autenticidade.


A TEORIA DAS IDÉIAS


A filosofia de Platão tem tres aspectos: metafísico, ético e epistemológico. O principal é o metafísico, que se concentra na sua Teoria das Idéias: todas as coisas singulares participam ou comungam da idéia universal do que elas representam. Todo o mundo sensível participa do mundo intelectual ou ideal. Existem cães porque há uma idéia de cão eterna e perfeita; existem homens porque existe o homem perfeito no mundo das idéias. Dessa teoria derivam todos os demais ensinamentos de Platão e o fato básico dessa teoria é o da existência dos dois mundos: mundo material e mundo ideal.


ARGUMENTOS EM DEFESA DO MUNDO IDEAL


a) reminiscência – o conhecimento atual é recordação das idéias que a alma um dia contemplou;

b) verdadeiro conhecimento – é a correspondência entre conhecimento e realidade, que só ocorre no plano intelectual;

c) contingência – para explicar o nascer e o perecer das coisas deve existir o mundo perene.


NATUREZA DAS IDÉIAS


São realidades simples, incorpóreas, imateriais, não sensíveis, incorruptíveis, eternas, divinas, imutáveis, auto-suficientes, transcendentes. Vide exemplo da beleza (p. 60)

Todas as idéias têm as mesmas qualidades, mas há uma hierarquia nelas, sendo a prioridade da idéia do Bem. Isso leva à noção das relações entre as idéias: algumas são compatíveis entre si, outras, não.

Existe uma idéia de Deus? As conclusões dos estudiosos são divergentes. Em verdade, Platão nunca afirmou isso. Há fortes indícios, mas não afirmações.

As idéias são a fonte inspiradora pela qual o Demiurgo criou as coisas do mundo usando-as como modelo.


INFLUENCIAS FILOSOFICAS SOFRIDAS POR PLAT ÃO:


1. PITAGORAS - dele derivarn-se os elementos órficos de sua filosofia: a tendencia religiosa, a crença na imortalidade, o outro mundo, o tom sacerdotal contido na metafora da caverna, o respeito ás matematicas, sua maneira de entrelaçar intelecto com misticismo.

2. PARMENIDES - deriva dele a crença de que a realidade é eterna e intemporal e que, logicarnente, toda mudança tem de ser ilusória.

3. HERÁCLITO - deriva dele a doutrina de que n&attildde;o há nada permanente no mundo sensível. Combinado com a doutrina de Parmenides, levou á conclusão de que o conhecimento não e derivado dos sentidos, mas algo que somente se consegue atingir por meio do intelecto. Essa maneira de pensar, por sua vez, se adaptava ao pitagorismo.

4. SÓCRATES - aprendeu com ele a refletir sobre os pproblemas eticos, a tendencia para buscar explicações teológicas para o mundo, além do predomínio da idéia do Bem.


OBRAS MAIS IMPORTANTES NA FILOSOFIA DE PLATÃO:


1. sua Utopia (República) - o rei filósofo govemante da sociedade ideal;

2. sua Teoria das Idéias (problema dos universais) - as ideias são em parte lógicas e em parte metafisicas;

3. seus argumentos em favor da imortalidade da alma

4. sua cosmogonia - o Derniurgo criou o mundo moldando conforme as idéias. Os astros com o fogo, os peixes com a agua, os passaros com o ar, o homem e os animais com a terra.

5. sua teoria do conhecimento como rerniniscencia.


NATUREZA DAS IDEIAS


São realidades simples, incorpóreas, imateriais, não sensiveis, incorruptiveis, eternas, divinas, imutaveis, auto-suficientes, transcendentes.

Todas tem as mesmas qualidades, mas há uma hierarquia, sendo a prioridade da idéia do Bem. Isto leva a noção de relações entre as idéias: algumas são compativeis entre si, mas outras não.

Existe a idéia de Deus? Isso não é claro em Platão, as conclusões são divergentes porque ele nunca afirmou. Admite que há fortes indícios, mas não afirma.

Origem do mundo: formado pelo Demiurgo usando como modelos as idéias.


O CONHECIMENTO


A realidade é constituída de dois estratos: o estático e o dinâmico. O estático é percebido pela razão, o dinâmico, pelos sentidos.

Da distinção entre coisas e idéias, chega-se á distinção entre sensaçao e intelecção. Objeto do conhecimento dos sentidos: coisas sensíveis; objeto do conhecimento do intelecto: idéias. Conhecimento sensível = doxa, conhecimento intelectual = episteme.

Mas não é possível deduzir as idéias a partir das coisas (método indutivo), porque há um abismo imenso entre elas.

As idéias foram apreendidas pela alma, quando esta vivia no hiperuranio, lembrando-se das idéias quando ve as coisas que as representam. (mito da caverna)

Há quatro graus do conhecimento:

1. sensitivo- a) eikasia- conh. das imagens

b) pistis - conh. das coisas

2. intelectivo - a) dianóia- conh. das matematicas

b) noésis - conh. da ética e da metafisica<

A maioria das pessoas vive na eikasia. Para subir os graus há necessidade de esforço e metanóia (conversão). O processo de elevação dos niveis do conhecimento realiza a doutrina da reminiscencia. A teoria da reminiscencia é também prova da imortalidade, pré-existencia e espiritualidade da alma.


NATUREZA DO HOMEM


Alma e corpo formam no homem união acidental, não substancial. Estão juntos apenas provisoriamente. Em essencia, o homem é alma, que vivia no mundo das ideias (hiperuranio). (ver texto do Timeu, p. 67)

Alma se compõe de tres partes (tres almas):

concupiscivel - sediada no ventre,

irascível - sediada no peito,

racional - sediada na cabeça.

A alma racional é como um cocheiro que conduz a carruagem do corpo puxada por dois cavalos (duas almas). Um dos cavalos é bom e obediente, o outro é mau e feio.

A alma, que vivia no hiperuranio contemplando as ideias, por algum motivo inexplicavel, toma-se pesada e cai, sendo aprisionada num corpo. Precisa fazer o bem para se purificar e poder voltar á sua estrela no hiperuranio.

Tres argumentos para demonstrar isso:

a) teoria da reminiscencia

b) superioridade da alma sobre o corpo

c) imortalidade da alma (ver argumentos p. 69)

Argumentos a favor da imortalidade da alma:

a) capacidade que ela tem de mover a si mesma,

b) aspiraçao de todos os homens pela sobrevivencia. (ver p. 70)

O filósofo verdadeiro é aquele que conseguiu se livrar de todas as impurezas do mundo sensível e chega ao vértice da ciencia do bem

As almas purificadas voltam para a sua estrela de origem; as almas não purificadas reencamam sucessivamente até alcançarem a purificação. Transformam-se em fantasmas a assustar sepulcros ou entrarão nos corpos de um animal, um burro, um lobo, um gavião, conforme o seu caráter. A alma virtuosa do não filosofo transforma-se em abelha, vespa ou formiga ou outro animal sociável. Somente o verdadeiro filosofo vai para o hiperuranio quando morre.


Ver sobre a teoria da reencarnação – fl. 72.


ÉTICA


Coerente com a sua teoria sobre a alma, Platão ensina o homem a desprezar os prazeres, as riquezas, as honras e todos os bens do mundo e praticar a virtude. Este é o caminho da felicidade. A vida só tem sentido se a alma for direcionada para o retorno ao lugar de onde veio, já que se encontra prisioneira do corpo.

Após a morte do corpo, a alma será julgada pelo que fez, e poderá ter um desses destinos: se viveu na justiça, receberá um prêmio; se viveu na injustiça total, receberá o castigo eterno (o Tártaro); se tiver cometido algumas injustiças e se arrepender, receberá um castigo temporário. Porque o pior pecado é a injustiça, quem a faz pratica um mal maior a si mesmo do que a quem é atingido.

Para praticar a justiça e praticar a virtude, que é a busca da verdade, a alma racional recebe ajuda da sabedoria; a alma irascível recebe ajuda da fortaleza e a concupiscível recebe ajuda da temperança, e a que controla as relações entre as três é a justiça.

A ética de Platão é consequência da sua concepção dos dois mundos: o sensível ou material que é das sombras e o supra-sensível ou ideal que é o verdadeiro. Assim, as virtudes tradicionais dos gregos (saude física, beleza, riqueza, prazeres) são tidos por ilusórios. Por isso, o sábio deverá deixar de lado os valores corporais e buscar os valores da alma, para libertá-la dos laços que a prendem, e assim subindo nesse processo de purificação poder chegar à contemplação das Idéias.


POLÍTICA


Por influência familiar, Platão sempre teve muito interesse pela política, embora dela houvesse se desligado, após a condenação de Sócrates. Mas a política continuava no seu sangue. Decepcionado com a democracia ateniense, Platão se inspirou no modelo de estado autoritário espartano para traçar o perfil do que ele considerava a teoria política ideal.

Esta nova política e este novo Estado não se baseiam na retórica (tal como queriam os sofistas), mas tem a filosofia por seu instrumento de acesso aos verdadeiros valores da justiça e do bem.

Três são as obras de Platão dedicadas especialmente à política: a República, a Política e as Leis.

A origem do Estado está no fato de que cada indivíduo não é autosuficiente. Nenhuma pessoa pode, ao mesmo tempo, exercer todas as atividades, por isso os homens se associam e cada um se encarrega daquilo que sabe fazer melhor e assim no conjunto todos se completam.

O Estado ideal tem três categorias de profissionais: os trabalhadores, os guerreiros e os magistrados. Os primeiros ocupam-se com a manutenção de todos, os segundos, com a defesa de todos e os magistrados se ocupam do governo. A virtude própria dos trabalhadores é a temperança (para aceitarem a subordinação); a virtude própria dos guerreiros é a fortaleza e a dos magistrados é a sabedoria. Todas as crianças devem ser educadas desde cedo para as funções que irão exercer na idade adulta.

O Estado intervém na geração e educação dos filhos, devendo as crianças serem afastadas das familias e entregue aos educadores oficiais, que cuidarão do seu caráter e sua personalidade, segundo as aptidões naturais de cada um. Os menos dotados devem se transformar em trabalhadores, os mais fortes devem ser os guerreiros e os mais sábios, os magistrados (filósofo-rei). Afinal, é dever do Estado cuidar da alma, para que os cidadãos tenham condições de praticar a virtude e purificá-la.

Este é o Estado ideal, o que proporciona ao homem viver no Bem, na Justiça e na Verdade. As outras formas de governo são más: timocracia (governo dos ambiciosos), oligarquia (governo dos ricos), democracia (governo das massas) e tirania (governo do déspota).


ESTÉTICA


Platão considera a arte não fundamental. A sua visão da arte é sempre negativa: ela não revela, mas esconde a verdade; não melhora o homem, mas o corrompe; não educa, mas deseduca.

A arte se subordina à moral, por isso deve ser favorecida só a arte que é útil à educação.

A arte não é criação, mas imitação das coisas, jamais poderá ser comparada à contemplação das idéias. Ela não se funda na razão, mas no sentimento e na fantasia (sensações). Só uma arte deve ser cultivada: a música, porque possibilita á alma a harmonia interior.


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