Cronos Respira
Em seus fartos e belos seios, Réa acomoda o titã desfalecido. Sua primeira visão, a irmã que o amamenta. Réa que dança e vive. Réa que nutre ao Tempo.
Silencioso, Cronos a contempla e deseja. Cronos respira e se sente vivo.
Olha no interior do Tártaro. Nevoento e frio, terrível e amaldiçoado. Os titãs se abraçam e abraçam o irmão para consolá-lo, dar-lhe forças para viver no exílio. Mas o Tempo olha além. O Tempo não tem rancor, ou ira, ou ódio... O Tempo trabalha.
Silencioso, Cronos observa e compreende o mundo à sua volta. E assim, com ele, tudo começa a ganhar forma. Acontece o nascimento e a morte. O envelhecer, o renascer.
Como de súbito, Eros se aproxima dos titãs no frio Tártaro. E contempla a Cronos. "É meu filho, como filho de Urano e Gaia. Será meu mensageiro, será como um braço meu sobre o Universo. O Caos o contempla, Eros o contempla. Faça de seus ombros, a força, pois carregará os mundos nas costas."
E se foi...
Espantados, os titãs desconfiaram de Cronos. Quem seria aquele que tem a atenção de Eros e do Caos ? Que estranho e novo ser seria aquele ? Silencioso e calado, como se planejasse e tomasse medida de todas as coisas. Com frieza e distância o trataram desde então. Distanciaram-se como se não existisse. Mas a Cronos nada importava. Suas forças já tomavam comando de todos os seres que existiam. Com ele, novos seres se formavam, pela simples necessidade de existirem. Com Cronos, o Destino, filho da Noite ganhava forças e funções...
E o vento: o vento pairava sobre tudo.
Réa dançava. Dançava sua dança da vida. Cronos compreendeu que os seres deviam se unir, para que ele, o Tempo, se perpetuasse. Mas ainda não havia chegado a hora. Os titãs, juntamente com Réa, o evitavam. Mas de Cronos havia a compreensão de que isso era preciso. Ele devia viver isolado e distante. Pois assim poderia comandar.