ÍNDIA
As essências perfumadas que os egípcios e outros povos do Oriente Próximo utilizavam para obter unguentos não existiam na sua terra; vinham de Punt, país mítico da África, que pode ser comparado a Grasse, porque dali provinham todas as flores e plantas empregadas em perfumaria. Mas, como plantas e flores tão diferentes podiam ser cultivadas em Punt? Na realidade, não eram cultivadas ali, mas chegavam de países longínquos, convergindo para aquelas terras graças às poderosas corporações de comerciantes que organizavam caravanas que iam comprar, em viagens que duravam meses, as essências nos países de origem, principalmente, na Índia. No livro do francês J. Vercountier sobre o comércio na Antiguidade cita-se um fragmento de uma carta interessante que um importador da Mesopotâmia escrevia a um enviado: "Procure as tabuinhas de cedro...trinta quilos de murta de boa qualidade, trinta de cálamo aromático e grandes troncos de madeira de pinho e, depois entregue todo esse material para mim na Babilônia...". Os assírios e os babilônicos gostavam muito de essências embriagadoras proporcionadas pelas resinas de certas árvores gigantescas que cresciam na Índia e em outros países asiáticos e importavam grandes quantidades delas. Das regiões meridionais da Índia chegava uma resina balsâmica extraída da palnta do espinheiro, utilizada tanto para unguentos como para aromatizar vinhos. No extremo sul do país e no Ceilão deixavam-se secar as folhas do cinamomo, que depois eram enroladas para obter uma canela muito fragrante com a qual se aromatizavam alimentos. Outro tipo de cinamomo, denominado camphora, servia para unguentos empregados nas técnicas de embalsamamento. Em toda a Índia, no norte e no sul, recorria-se à erva de cardamomo, cujos ramos, depois da floração, produziam cápsulas com pequenas sementes escuras e aromáticas das quais, uma vez espremidas, eram obtidos óleos perfumados para massagem. Da região perto do Himalaia chegava a lavanda ou alfazema, uma planta herbácea perene de cuja espiga floral se extraía uma fragrância que Plínio, séculos mais tarde, definiu como "o perfume por exelência".