A observação das doenças através dos olhos é tão antiga como a história da própria
humanidade. As modificações que se passam no interior dos olhos, na Íris ou no branco dos olhos
(esclerótica) representando doenças no corpo já eram observado pelos antigos na China e no Tibet.
Existem referências sobre estudos neste assunto em alguns trabalhos de Hipócrates, e também
registros na Escola de Medicina de Salerno e em Philostratos. Sabe-se que existe um livro
denominado Chiromática Médica de Phulipsus Meyens que foi publicado em 1670 em Dresden;
nele encontramos referências a interessantes achados iridológicos relacionados a doenças
orgânicas, e já se esboçava a presença de um mapa iridológico rudimentar mostrando a localização
de alguns orgãos na Íris.
Muitas obras surgiram posteriormente estudadas por nomes clássicos conhecidos na história da
ciência, no entanto foi na Alemanha onde houve o melhor desenvolvimento dos estudos de
Iridologia com: Stiegile, Rapp, Wirtz e Zoepperitz. O pastor Felke muito contribuiu para o estudo
da Íris. Outros pesquisadores mais modernos são: Maubach, Dr. Schnabel, Thiel e Anderschou na
Inglaterra; Vanier na França; Angeres, Baumhauer, Deck, Kronenberger, Struck, Unger, Wermuth,
por toda a Europa, principalmente na Alemanha. Na América, particularmente nos Estados Unidos,
a Iridologia foi estudada principalmente por Collins, Kritzere e Bernard Jensen, este último autor
bastante conhecido e, que fez uma obra maravilhosa Ciência e Prática da Iridologia.
Atualmente é ainda na Alemanha o principal centro de estudos da Íris do mundo. Porém já
encontra-se difundida para todos os países, inclusive para a América do Sul: Chile, Argentina,
México, Uruguai, Colômbia e Peru. No Brasil o estudo ainda é pouco difundido sendo mais
ultilizado por homeopatas e naturalistas e alguns leigos. Infelizmente como é ainda mal ultilizado no
Brasil carece de valor científico devido as críticas dos especialistas médicos. Com a divisão da
medicina em especialidades, ficou cada vez mais radicalizado os setores orgânicos, enquanto que
no passado o médico era generalista, ou seja via o paciente como um todo, atualmente o médico vê
o paciente como se fosse departamentos seperados e com isso desvalorizou muito o estudo da Íris
como sendo importante meio de diagnóstico (infelizmente) . Porém cada dia que se passa fica mais
importante como sabemos a Alimentação, Respiração, os pensamentos e os modos de vida, coisas
que são amplamente visualizadas com suas alterações, quando observamos a Íris.
A Iridologia é a ciência que estuda e analisa as delicadas estruturas da Íris; ainda é a Íris que dá
a cor aos olhos. Na mitologia grega a Íris era a rainha do arco-íris e na Ilíada era a mensageira dos Deuses.
A Íris revela a presença de inflamação, sua localização no organismo e, como se manifesta.
Mostra ainda a constituição individual e suas debilidades natas , a condição de saúde e as trocas do
organismo quando são feridas as leis naturais orgânicas. Já diziam os antigos que "os olhos são as
janelas da alma” e agora podemos dizer que eles “são os espelhos do corpo".
Sabemos que a Íris revela as fortalezas e debilidades individuais das pessoas e mostra ainda as
lesões ou danos causados aos diversos tecidos causados pelos maus hábitos da vida. Como
também mostrará com alegria a beleza daqueles que viveram de acordo com as leis da natureza.
Uma coisa não podemos esquecer; é que a Iridologia baseia-se inteiramente no fato de o
indivíduo pela má digestão e também pela má eliminação, contrair as doenças de acordo com a sua
fragilidade orgânica, que é individual.
A maioria dos médicos - e principalmente os oftalmologistas - negam este estudo de maneira
científica por motivos de alguns seguidores negarem a existência da cura pela medicina e críticas
severas pelo uso de medicamentos. Mais ao meu ver, encaro este estudo de maneira diferente; é
uma ajuda na conquista de um diagnóstico e uma prevenção adequada para podermos cuidar
melhor dos doentes e das doenças que acometem grande parte da humanidade.
A primeira coisa que o observador da Íris deve prestar a atenção é a estrutura (feitura, modelo)
desta parte do olho. Com esta observação poderá encontrar sinais de boa ou má estrutura
orgânica, de sinais relativos à inflamações agudas, crônicas, ou mesmo degenerativas.
1) Constituição Individual: diremos que a pessoa tem boa constituição física se a Íris se
apresentar de maneira uniforme, sem chanfraduras, e bastante lisa. Ao contrário a Íris que
apresenta, muitos orifícios e o tecido iridiano não for bem compacto (mostrando falhas) esta pessoa
não apresenta boa constituição física portanto sujeito a mais facilmente ficar doente, e mesmo
quando adoece tem mais dificuldade em se restabelecer. Outra coisa que sabemos sobre a
constituição; quanto mais saudável é o indivíduo mais ele absorve os elementos nutrientes de uma
refeição e também elimina de maneira adequada todas as impurezas.
2) Inflamação Infecção: observando o tecido Iridiano você poderá se orientar se o estado patológico está na fase aguda ou
crônica ou mesmo se é um caso de degeneração dos tecidos pela profundidade das lesões. Se
superficial, aguda; intermediária, crônica e profunda; degenerativa. Isto encontramos nas falhas do
tecido iridiano (buracos).
Uma primeira observação que devemos fazer ao olharmos uma Íris, é procurar ver do centro
para a periferia ou seja, começar a observar a pupila e seus arredores que correspondem
exatamente a área do estômago, intestino delgado, e intestino grosso, para logo em seguida
aparecer uma linha irregular em forma de cinturão que é o sistema nervoso vago-simpático
(neuro-vegetativo) com isso compreendemos que existe uma separação nítida entre os órgãos de
digestão e assimilação dos outros sistemas orgânicos.
1.Cor e suas variações
2.Lesões
3.Lagunas
4.Criptas
5.Bordo escamoso
6.Raios Solares
7.Rosário Linfático
8.Anel de colesterol-sódio
9.Arco senil
10.Anel Nervoso
11.Configurações da pupila
Torna-se difícil explicar as alterações encontradas na Íris sem mostrar figuras; mais existem sinais
que poderão ser identificados facilmente.
Arco Senil, que é um anel que fica na periferia da córnea e é de cor esbranquiçada, também
chamado por alguns estudiosos de anel de sódio. Seria um sinal de velhice porque significaria uma
má circulação nas áreas cerebrais encarregadas da regeneração celular e também significa
saturação de sais inorgânicos, especialmente o sódio; mas nós estudiosos da medicina ortodoxa
sabemos que existem famílias que precocemente apresentam o arco senil sem com isso significar
que estão precocemente escleróticos, é a mesma coisa de pessoas de mesma família que logo cedo
ficam com os cabelos brancos. Portanto é essa a finalidade da nossa exposição, não radicalizar
demasiadamente os sinais encontrados na Íris eles precisam muitas vêzes serem melhor analisados...
A acidose na Íris, é outro fator de importância pois indica que o organismo saturado de
impurezas (má alimentação ou má eliminação) apresenta uma coloração na Íris como se fosse uma
neblina, ou seja, as estruturas da Íris perdem o seu brilho natural (quando sadia) e, o sintoma que o
paciente apresenta é o Reumatismo articular crônico.
Sinais de processos destrutivos ou degenerativos, são linhas, pontos e manchas negras vistas na
Íris a um simples exame as manchas variam de castanho claro até o negro; algumas vezes elas estão
localizadas diretamente no órgão comprometido. Por exemplo se for o pulmão o órgão
comprometido aparecerá uma mancha escura nessa área.
Anéis Nervosos, aparecem na Íris como se fossem sulcos deprimidos, pode haver um, dois, até
cinco ou seis constituindo círculos completos ou incompletos. Quando os círculos são completos
significam crise nervosa e quando são incompletos significam estado doloroso no local
correspondente ao órgão aonde está o círculo. Com o exesso de proteínas (principalmente de
origem animal - “carne vermelha”) os anéis se apresentarão bem mais escuros.
Durante muito tempo fiquei observando Íris dos meus pacientes no consultório que eram
submetidos a intervenções cirúrgicas grandes como “ponte safena” e “esterectomias” e não
encontrava na Íris nenhuma lesão representativa no órgão comprometido; muito tempo depois
conversando com um médico amigo em Brasilia, ele mostrou-me um trabalho científico mostrando
que ficava registrado na Íris apenas as coisas que eram sentidas pelo paciente, como as cirurgias
foram realizadas sob anestesia geral , não foram sentidas pelo paciente e consequentemente não
ficaram registradas na Íris. Por esse motivo, que muitas vezes a Iridologia é mal interpretada pelos
colegas médicos que olham para o estudo de uma maneira muito superficial, primeiro porque a
literatura existente é pouca e segundo porque não investigam mais detalhadamente em busca de
esclarecimento. Raios Solares, são raios em forma de sulcos escuros que partem da região
pupilar em direção à periferia da Íris e significam um mal funcionamento do intestino e, que quanto
mais escuras forem os sulcos mais problemática seria a situação, alguns sulcos param antes de
chegar na periferia da Íris e olhamos em que órgão corresponde, com isso teremos a origem de
uma dor de cabeça que vem de um mal funcionamento digestivo (muito lógico por sinal).
Teríamos muitas outras coisas para dizer sobre a Iridologia, mas, para isso, precisariamos de um
espaço maior. Caso você se interesse por esse assunto escreva para a revista ISIS.
Um rapaz chamado Ignatz von Peczely, nos idos de 1800, que vivia no povoado de Egervar,
próximo de Budapeste na Hungria, encontrou em seu jardim uma coruja e com esforço tentou
segurá-la para que não fugisse, porém com o esforço houve uma fratura em uma das patas do
pássaro, Ignaz que contava com apenas 11 anos de idade muito se comoveu com o fato e começou
a tratar da coruja e notou que apareceu, após a fratura, um risco escuro ao nível da íris no olho da
coruja.
Continuou o tratamento por vários meses e a medida que foi sarando a ferida foi diminuindo a
linha escura da íris que pouco a pouco tornou-se esbranquiçada; ele pode verificar toda esta
evolução porque mesmo soltando o pássaro ele permaneceu em sua casa não querendo voltar para
a floresta.
Ignaz tornou-se um médico e sempre ficou em sua alma a curiosidade daquele fato e então
apareceu para ele uma grande oportunidade quando designado para uma enfermaria de cirurgia;
pôde então fazer suas pesquisas, olhando com detalhes os sinais que apresentavam os seus
pacientes com as diferentes lesões que eram encontradas. E, com isso ele pôde criar o primeiro
mapa iridológico para localização das diferentes alterações na íris e sua correspondência no
organismo doente.
Como se fosse uma grande coincidência, nesta mesma época um clérigo sueco de nome Nils
Liljequist e, que era enfermeiro, descobriu a relação entre o depósito ou acumulo de substâncias no
corpo e suas alterações de cor que apareciam em lugares específicos da Íris. Ele usava para sua
doença grandes doses de Quinina, e com isso pode notar claramente as manchas amarelo-verdosas
que se depositam na íris.
De 1800 em diante houve muitos desenvolvimento e muita polêmica acerca da Iridologia, porém
foi Bernard Jensen quem publicou o melhor trabalho, e aperfeiçoou o mapa Iridológico que tinha
sido criado por Ignaz naquela época. Foi o percursor nos Estados Unidos da Iridologia que se
espalhou pelo mundo.
Dr. Marcos F. A. Fulco é médico oftalmologista e estudioso da Kirliangrafia e da Iridologia - mfulco@digi.com.br
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