VELTA guerreira

Conheça um pouco sobre um dos personagens mais populares e queridos personagens do quadrinho underground brasileiro

Neste vai e vem de fanzines, diversas publicações que vem e vão, algumas modificações, “desaparecimentos”, renascimentos, algo permanece forte, e, com certeza, esta nova geração de audazes aventureiros em solos da imprensa alternativa não tem conhecimento deste “algo”. Pois deveriam, pois trata-se de um patrimônio dos quadrinhos alternativos... este “algo” tem 2,20 metros, tem longos (REALMENTE longos) cabelos loiros... poderia ficar descrevendo-a, mas basta dizer apenas VELTA.
Sim... VELTA, criação do Paraibano Emir Ribeiro, que entre suas passagens pelo mercado editorial norte-americano, ainda dedica-se a sua a sua criação mais conhecida. Você, que não conhece Velta, trate de não estranha quando o termo “conhecida” for usado... por Velta, sem sombra de dúvida, é a personagem de quadrinhos alternativos mais conhecida no meio... as aparições dela, em histórias longas, curtas, ou em simples porsters (pinups) é vasta. É difícil imaginar um fanzine que não tenha pelo menos citado-a em seus textos, ou de um leitor que tenha referido-se a ela ou a incansável persistência de Emir.

Emir Ribeiro, nascido em em João Pessoa, no estado da Paraíba, em 1959, publicou as primeiras histórias e (na época) Welta, em 2 jornais de sua cidade, em 1973.
De maneira independente, editou cerca de 20 revistas, sendo elas de Velta ou de suas outras criações, como o Homem de Preto (1976), Itabira (1975) entre outros.
Colaborando com diversos fanzines brasileiros e de outros países, tornou a popularidade de Velta notória, mas não limitando-se apenas à temática dos “super-heróis”, realizou trabalhos em outras áreas, como ficção científica (criando a andróide NOVA), terror e erotismo (com várias histórias, dando destaque para FÁTIMA, a mutante, que publicou pelas editoras Grafipar e Press por um longo período).
Iniciou sua atividade no mercado norte-americano como desenhista e arte-finalista, sozinho ou em parceria com Deodato Filho (Mike Deodato Jr.).

Velta na verdade é alguém muito diferente a sua aparência. A loira e 2,20 na verdade é Kátia Maria Faria Lins, de 1,60 cm altura e morena clara. Kátia recebe o poder de transformar-se em Velta de um alienígena inescrupuloso, que a usou como cobaia de teste para uma perigosa máquina. Como Velta, Kátia ganha um corpo escultural, e a capacidade de emitir raios energéticos por todo o corpo.Sua origem é simples. Emir, com o passar dos anos foi aprimorando-a, assim como seu desenho.

O interessante em Velta são suas histórias. Além do evidente (sua aparência, que dá sensualidade à personagem), Velta tem como pano de fundo a cidade de Belo Horizonte, o, conseqüentemente, toda a realidade brasileira (seja econômica, cultural ou social, como a história intitulada “FOME”, onde Velta persegue um ladrão e, ao captura-lo, este a convence a ver a miséria em vive, mostrando sua família faminta, e sua situação de desemprego, humilhando-se a ponto de roubar para comer, e Velta deixa o dinheiro com ele. Personagens muito bem construidos, e idéias a primeira vista comuns, mas que são trabalhadas por Emir de uma maneira única.

HOMEM DE PRETO

Você que está aqui lendo pode achar estranho estarmos falando sobre Velta, e agora falando sobre outro personagem. Mas é impossível deixar de falar no HOMEM DE PRETO, quando se trata de Emir Ribeiro e seu trabalho.
Criado em 1976, o HOMEM DE PRETO tem sua origem envolta em total obscuridade. Nem os leitores sabem sua identidade secreta. Agindo em João Pessoa, apenas à noite, causa terror quase sobrenatural aos bandidos. O motivo do Homem e Preto estar aqui é a inquietação de Emir, que resolveu, em 1989 realizar um filme do personagem.

"O DESCONHECIDO HOMEM DE PRETO (Brasil/1989) é um longa-metragem de aproximadamente 2 horas de duração, completamente alternativo. Foram utilizadas câmeras VHS, e o elenco composto por amigos e integrantes do CLUBE GIGANTE VERDE, do qual Emir fazia parte. O surpreendente é que o resultado, tirando os desvantagens técnicas, é interessante... uma boa história, e o louvável esforço do elenco, que, na sua maioria, não possuía uma experiência teatral sequer. E o filme teve uma continuação, sim... “A VOLTA DO HOMEM DE PRETO”, feita dois anos após o primeiro.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Emir Ribeiro, VELTA , suas demais criações, visite VELTAon-line.

E, finalizando, se você não conhece fanzines, saiba que uma das primeiras palavras que Velta é sinônimo de persistência e de fé no quadrinho brasileiro.
Daniel INUYASHA HDR