O Grande Artesão Parte II

 

 

O velho foi interrompido pela garotinha.

- Ela era uma bruxa Vô ?

- Não, ela  era uma garota apenas uma garota, pelo menos foi o  que eu pensei na hora. Então eu disse a ela ...

E o velho nos mergulhou na história.

- "Bru, Bruxas ? Ha é e eu sou Noel, Papai Noel."

- Ela apenas riu , até ver a andorinha em minha mão , franziu a testa e a  tomou.

-  "Como pôde fazer isto !?"

- Eu expliquei  que  fora  um acidente  e contei como aconteceu.

- "É sempre assim, as  pessoas  se assustam com o que não conhecem e as destroem."

- Falou num tom triste como se tivesse sentido o mesmo que andorinha. Ela chorou e  uma gota  da  lágrima caiu sobre o ferimento do pássaro, ele então piou .

E uma garotinha, levantou, sorriu e disse :

- Tá vendo , era uma bruxa. Fez mágica ! Ne Vô ?

- Não, nossas  lágrimas  contêm bastante sais , o que fez  arder  o ferimento da andorinha , que não estava morta, apenas  desacordada com o choque. A menina soltou a andorinha no chão mas a pobrezinha não conseguia voar, então levou-a ao colo novamente  e me disse...

-"As  pessoas andam muito agressivas ultimamente, elas estão se afastando  cada vez  mais  do  ritmo natural."

- Eu lhe disse que não entendia nada do que ela  estava falando. E começamos a andar em direção de umas pedras .

- Perguntei quem eram aquelas pessoas dançando. E ela disse :

- "Bem,  quem não compreende pode chama-los de qualquer  coisa, pode teme-los e tentar destrui-los assim como você fez com a andorinha e  como já  foi feito a muito tempo. Eles  são  pessoas  que  não perderam  a capacidade  de sentir o ritmo natural,  o  ritmo  da natureza. As  pessoas nas cidades , cada vez  mais  afastadas  da natureza, ficam  agressivas egoístas, passam cada  vez  menos  a perceber  o  que  ocorre  a sua  volta  ficam  cegas, vêem  irmãos morrendo a seu lado e nada fazem , elas perdem sua sensibilidade. Essas pessoas que você viu estão em harmonia com a natureza e com elas  mesmas. Se você se sentar num bosque ou a beira de um rio  e ficar quieto apenas ouvindo os sons dos bichos, da água, você vai ver que há uma harmonia nesses sons há um ritmo. Se você‚ capaz  de sentir esse ritmo você e seu corpo podem entrar harmonia."

- Então eu disse :

- "E aquelas pessoas estão dançando ao ritmo da natureza ?"

- E ala respondeu :

- "Sim, e pela natureza, pois, devido a fome de destruição a  própria natureza está perdendo seu ritmo, está morrendo, e aquelas pessoas já conhecem  a muito tempo este ritmo e elas cantam para que a natureza não morra."

- E eu retruquei ...

- "E  você acredita que apenas cantando elas podem salvar este  rio de ser contaminado por mercúrio devido ao garimpo ou impedir  que aquelas arvores da margem sejam cortadas para enfeitar a casa  de alguém  ?  O problema é bem mais complicado que simples  ritmo  o problema é a ganância , um sentimento que constrói maravilhas por interesse  e a tudo destrui . Se um certo produto que salva  vidas pode  ser bem vendido se faz de tudo para produzi-lo, mas  se não há interesse econômico, que morram. Não há nada que se  possa fazer  a  não  ser esperar para que  todos  se  conscientizem  que devemos  preservar  para sermos preservados, e isso não  está  em nossas mãos apenas nas mãos de uns poucos que detêm o poder."

- Nisso chegamos a umas pedras e ela começou a subir o monte de pedra até podermos observar o rio. Estava lindo, a cachoeira, a lua, os pontinhos de luz das casinhas do ribeirinhos. O rio parecia uma grande estrada asfaltada e o faixo da lua a faixa central. E ela disse :

- "Vê a cachoeira ? A água é frágil, se você jogar um  punhado  de água  nessa pedra nada acontecerá a ela mas esta pedra já  esteve lá  na cachoeira e foi cortada e empurrada para cá pela  água. Vê esta  areia se eu jogar um punhado dela na pedra nada  acontecerá mas foi um banco de areia que parou esta pedra que vinha  rolando lá da  cachoeira. Se todos fizéssemos um pouquinho  tudo  estaria salvo.

- Então a música parou e as pessoas começaram a se dirigir para uma gruta entre as pedras quase dentro d'água. Eu perguntei :

- "E o que eles vão fazer agora ?"

- Ela respondeu:

- "É um casamento, muito especial, aí dentro nas paredes dessa  gruta está  escrita  uma  história muito antiga, e se  você  conta  essa história  para  alguém  numa noite de lua  cheia,  você  rouba  o coração dessa pessoa para sempre. Então eles vem para cá contam  a história um para o outro e ficam ligados para sempre."

- "Sei e vivem felizes para sempre..."

- "A felicidade varia de pessoa para pessoa, você é feliz ?"

- "Sou."

- "Você acredita em sonhos ?"

- "Acredito que não há sonhos loucos, há loucos que não sonham."

- "Legal, você acredita em bruxas ?"

- "Não..."

- "Não  falo  de  bruxas que voam em vassouras ,  mas  pessoas  com alguma percepção especial."

- "Sei que não usamos nosso cérebro direito e que a muito que ainda não pode ser explicado..."

- "Você procura explicação para tudo?"

- "Sempre  há  uma  explicação, as  vezes  falta  conhecimento  para acha-las, mas, sempre há uma explicação."

- "Você acredita no amor ?"

- "Meus  pais  se  amam, eu os amo. Me mostra esta  estória  eu  me amarro em contos."

- "Não é uma estória , nós acreditamos nela."

- "Quem são o "nós" ?"

- "Pessoas com percepções especiais."

- As pessoas se retiraram da gruta e voltaram a dançar.

Enquanto  isso  no presente o velho avisa as pessoas  que  tenham cuidado  ao contar  esta  história para alguém, não que ele acredite mas não custa nada ter cuidado.

- Eu estava ancioso para ver a tal estória :

- "Vamos me mostre a gruta."

- Nós entramos na gruta que se encontrava iluminada por um buraco no teto por onde o luar penetrava. Na parede encontrava-se uma pintura com letras estranhas. E eu disse :

- "Que lugar estranho, que língua é essa !?"

- E ela me respondeu :

- "Este lugar só aparece de 50 em 50 anos quando o rio desse a esse nível. Esta  língua  é  um  dialeto que  era  usado  no  tempo  da inquisição  pelas pessoas  cassadas , elas o  criaram  para  que pudessem falar sobre seus dons sem que a igreja pudesse acusa-las de bruxas."

- Perguntei se ela sabia ler aquele dialeto e ela respondeu que sim. E eu, perguntei ironicamente se ela era uma bruxa por isso. Ela me respondeu.

-"Não ,  apenas  sou mais sensível que  as  pessoas  normais. Você parece não acreditar em nada."

- "Não  existem  bruxas e não se pode roubar o coração  de  ninguém apenas contando uma história. Já  que você sabe ler, leia para  mim. Não me importo de perder meu coração para você."

- Falei sem ironia. Ela era muito bonita e eu estava encantado.

- "Olhe, eu não sei se você fala sério mas ao roubar seu coração ele retornará caso nos não sejamos compatíveis, outras metades. Mas caso contrário eu o terei para sempre."

- Disse ela sorrindo. E eu disse a ela :

- "Sei aquela besteira de pessoas que se olham e se reconhecem como sendo  a outra metade e se sentem atraídas. Para mim é como eu  já disse  a  coisas  a respeito do nosso  cérebro  que  não  podemos explicar  ainda, essa de você se sentir atraída por uma pessoa  se deve em parte por essa pessoa ter feições que agradam seu cérebro é tudo químico, são memórias somadas com hormônios. Nada a ver com almas que se dividem e formam outros indivíduos. Essa história de almas gêmeas que se dividem e se reencontram eu não acredito."

- "Você se acha bem informado."

- "É eu li Brida. Eheheh !"

- Respondi ironicamente.

O velho ia nos contado seu diálogo com a menina e fazendo as duas vozes, nós nos sentíamos na história.

- E ela retrucou :

- "Não sei do que se trata, mas vou te dar uma lição que  você não vai esquecer nunca. Venha vamos chegar mais perto da parede."

- E ela começou a me contar a história do "Grande Artesão".

Se quiser saber a história do grande artesão clique aqui

Se não

Continua na Parte III

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