Biofeedback
Por Fátima Rodrigues
1. Introdução
Aquando do estágio realizado para conclusão da minha licenciatura
em Psicologia, foi-me feito o seguinte pedido: "Documente-se sobre o
biofeedback". Este pedido, aparentemente simples, não mereceria honras
especiais, não fosse a subsequente dificuldade que tive em
atendê-lo e a riqueza da técnica em questão.
A bibliografia sobre este tema encontra-se dispersa por variadíssimos
livros de psicoterapia, escritos em inglês. Por outro lado, esta
técnica, apesar da sua utilidade é muito pouco conhecida, pelo
menos no âmbito académico. Assim, decidi apresentar uma
compilação dos dados resultantes da pesquisa bibliográfica
levada a cabo, introduzida por uma breve apresentação de alguns
casos práticos de aplicação desta técnica.
Antes de prosseguir gostaria apenas de traçar de uma forma muito
genérica o conceito em análise.
2. Definição e mecanismos de actuação
O biofeedback é um tipo especial de feedback que se refere a
informação fornecida externamente à pessoa sobre processos
corporais, normalmente subliminares (Stroebel, 1984).
Segundo Fontaine (1980), o termo biofeedback refere-se a processos que se
utilizam para levar os sujeitos a controlar as respostas do sistema nervoso
autónomo e do sistema nervoso central.
O biofeedback utiliza instrumentos para mostrar os aspectos fisiológicos
do funcionamento alterado a par com a corrente consciente do cliente e
demonstra a sua sincronia facilitando a introspecção. O
biofeedback usa um instrumento electrónico para confrontar o cliente com
uma corrente contínua de informação (através de
feedback auditivo ou visual), sobre como uma parte da sua fisiologia muda, por
forma a permitir que ele descubra como o que sente, pensa ou faz a influencia.
Na sua aplicação mais comum o cliente procura alterar essa
fisiologia numa direcção predeterminada e considerada como mais
adaptativa (Toksozkarasu, 1984); para efectuar esta mudança o cliente
é instruído a mudar o sinal de feedback numa
direcção particular, tendo sido préviamente esclarecido
sobre o significado dos sinais de feedback (Williamson, McKenzie e Goreczny
1986). Ele verificará que certas iniciativas mentais o levam nessa
direcção e que outras o levam na direcção
contrária; tenderá a aumentar e melhorar as primeiras e abandonar
as segundas. Com o tempo, o cliente aperfeiçoa a sua técnica
até que ela se torna pré-consciente ou mesmo automática
(Toksozkarasu, 1984).
Miller observou que um feedback mais preciso deveria ser útil quando
1) quando a direcção medicamente desejável é
clara; 2) a resposta que pode produzir essa mudança é
aprendível; 3) a aprendizagem desejada não foi realizada
até ao momento por percepção fraca ou errada do feedback
natural; e 4) medidas momento-a-momento podem fornecer
informação mais precisa (Stroebel 1984).
Segundo Toksozkarasu (1984), parece mais correcto afirmar que o biofeedback em
si mesmo não é nunca um tratamento; é algo que é
usado num tratamento. É normalmente usado com técnicas de
relaxamento e a medicação psiquiátrica pode também
ser adicionada.
Se o biofeedback é continuado por um período de tempo suficiente,
pode ocorrer uma reestruturação central a nível do sistema
nervoso central e/ou autónomo, conduzindo a uma alteração
permanente da fisiopatologia. Então, embora o biofeedback sirva
frequentemente uma função paliativa, também pode levar a
melhorias fundamentais (Toksozkarasu 1984).
O biofeedback pode ser um meio de devolver ao cliente alguma responsabilidade
pelo seu tratamento (Toksozkarasu, 1984).
3. Aplicação da Técnica e sua Descrição
(Casos)
Na prática observei que o biofeedback é uma técnica de
fácil e ampla aplicação, sendo que os clientes que
são sujeitos a este tratamento se mostram satisfeitos, referindo
melhoras consideráveis.
A técnica de biofeedback utilizada foi a de GSR (Resistência
Galvânica da Pele).
Caso 1
1ª sessão
23 anos, casada. Foi violada pelo marido da avó, com quem vivia desde os
8 anos, por decisão do pai. É medicada com benzodiazepinas.
Apresenta desmaios, ansiedade, tensão emocional exacerbada. Os desmaios
são espasmódicos, transpira muito, tem convulsões,
sente-se sem força, muitas vezes está a dormir e acorda com isto.
Entra em pânico quando sente aproximar estes desmaios. Coloca-se a
hipótese de haver uma epilepsia morfeica, pelo que se solicita que traga
os relatórios do EEG.
Está a fazer biofeedback (esta é a sua terceira
sessão).
Caso 2
1ª sessão
50 anos, sexo feminino. Sofre de gota e tem uma insuficiência renal, por
causa da qual sofreu um transplante de rim. Após a
intervenção cirúrgica, ficou a tomar cortisona o que fez
com que esta mulher, que era lindíssima, engordasse muitos quilos. A
cliente sofreu uma destruição da auto-imagem e apresentou
diversos problemas psicológicos, como agitação, tiques,
etc. Por causa desses problemas terá sido medicada à alguns anos
com hipnóticos, que lhe causaram dependência e problemas de
memória.
Neste momento, está a fazer um tratamento de manutenção de
biofeedback, uma vez por semana, com o objectivo de lhe reduzir a ansiedade e
obter algum domínio sobre si própria.
Caso 3
25 anos, sexo masculino. Estuda e trabalha ao mesmo tempo. Tem tido problemas
com a mãe por sair tarde. Apresenta comportamentos depressivos.
Fazemos uma sessão de biofeedback. A aplicação desta
técnica poderá diminuir certos sintomas relacionados com o
excesso de trabalho (cefaleias, etc) e aumentar o auto-controle.
4. Contexto disciplinar e histórico do biofeedback
O biofeedback é um tratamento comportamental, cujo objectivo é
mudar directamente a fisiologia, pelo que se integra na corrente de medicina
comportamental - "... o campo interdisciplinar preocupado com o
desenvolvimento e integração das ciências médica e
comportamental e técnicas relevantes para a saúde e doença
e a aplicação deste conhecimento e destas técnicas
à prevenção, diagnóstico, tratamento e
reabilitação" (Institute of Medicine of the National Academy of
Sciences, 1978 in Williams, 1981). O corpo da investigação em
medicina comportamental lida com a utilização de técnicas
de modificação de comportamento para: 1) mudar os estilos de vida
e padrões comportamentais que aumentam o risco de desenvolver
doenças físicas e 2) modificar directamente mecanismos
patofisiológicos para tratar as doenças fisicas (Williams,
1981).
O termo biofeedback foi utilizado pela primeira vez em 1969 e copia o conceito
de feedback formalizado pela cibernética durante a Segunda Guerra
Mundial (Stroebel, 1984).
Na história do biofeedback podem ser identificadas duas linhas de
desenvolvimento (Toksozkarasu, 1984):
A linha "subjectiva" é a da
introspecção/auto-regulação em que se desenvolvem
tentativas de intensificar a propriocepção através de
técnicas como: a) hipnose (Rossi, 1980), b) auto-análise
(Bezzola, 1918), c) psicanálise (Adler e Adler, 1972), bem como as
técnicas de relaxamento referidas no ponto 8.
A linha "objectiva" é técnica e teórica e inclui
avanços: na instrumentação fisiológica, na
compreensão das respostas viscerais aos estímulos externos
(Beaumont, 1833; Cannon, 1932; Alexander, 1950; Dunbar, 1954 e Pavlov, 1927);
na teoria do condicionamento operante de Skinner (1938) e os conceitos de
contra-condicionamento de Wolpe (1958).
5. Pressupostos
"Um axioma no biofeedback é o de que qualquer mudança no
funcionamento mental e emocional, consciente ou inconsciente, maior ou menor,
resultará numa mudança correspondente no funcionamento
fisiológico e, inversamente, qualquer mudança no funcionamento
fisiológico terá algum efeito na vida mental e emocional da
pessoa" (Green et al., 1970, in Toksozkarasu, 1984).
Outra crença fundamental no biofeedback é a de que o homem tem
mais influência potencial sobre o seu corpo do que a que usa
(Toksozkarasu, 1984).
Os organismos mais avançados funcionam em padrões integrados, e
uma mudança específica numa àrea elicita mudanças
compensatórias noutra àrea. Mesmo quando o biofeedback é
usado para ensinar uma mudança específica, as atitudes,
pensamentos e expectativas do cliente são também inevitavelmente
alteradas e a direcção dessas mudanças serão
importantes para o resultado clínico (Toksozkarasu, 1984).
Frequentemente denominado como um "espelho em tempo real", o biofeedback pode
servir para expandir significativamente a sensibilidade do terapeuta e dos
clientes a componentes emocionais e fisiológicas subtis do
comportamento, acentuando a detecção de marcadores
fisiológicos de negação, resistência e outros
mecanismos de defesa (Stroebel, 1984).
O ponto mais importante é que o uso do biofeedback deve ser integrado
num plano de tratamento sensível (Toksozkarasu, 1984).
6. Teorias segundo as quais pode ser explicado o biofeedback
Segundo Fontaine (1980), foram formuladas algumas teorias para explicar este
tipo de aprendizagem:
- Aprendizagem operante: a resposta adequada (baixa do ritmo de
funcionamento da víscera) é reforçante para o sujeito, na
medida em que assinala uma melhoria na sua saúde.
O maior corpo teórico referente a esta técnica foi conseguido
pelos comportamentalistas, que consideram o biofeedback como uma forma de
condicionamento, isto porque o cliente que usa o biofeedback é
recompensado (reforçado) quando uma das suas iniciativas
espontâneas move o feedback na direcção certa e dessa forma
repete e refina ("shaping") esse mesmo comportamento. Alguns acreditam que o
reforço é fornecido pelo movimento do feedback na
direcção certa ou pelo elogio do terapeuta. Mais importante para
a motivação duradoura em manter esses comportamentos são
os ideais internos em relação aos quais estes reforçadores
situacionais assinalam aproximação, tais como sentimento de
domínio activo, auto-controle ou o objectivo a longo prazo de
alívio sintomático. Se a resposta de relaxamento geral foi bem
aprendida, pode ser chamada na presença de situações que
anteriormente eram perturbadoras, como uma resposta que é
incompatível com e que pode inactivar a ansiedade; esta técnica
é denominada de "inibição recíproca" ou
"contracondicionamento" e é também a base para os procedimentos
de dessensibilização sistemática (Toksozkarasu 1984).
Um princípio fundamental da cibernética é que um
servomecanismo é incapaz de corrigir o comportamento sem receber
feedback da sua performance. Se as pessoas estão motivadas para
melhorar, a informação de que obtiveram sucesso no seu
comportamento, serve como reforço. No caso de muitas respostas viscerais
e alguns casos de tensão muscular e desordens neuromusculares, os
clientes têm uma fraca percepção do que estão a
fazer; estão na posição de atletas vendados e não
podem aprender (Stroebel, 1984). Com os dispositivos de biofeedback
sensíveis a respostas corporais abaixo do limiar habitual de
consciência, é possível fornecer informação
momento-a-momento acerca dessas respostas e, por analogia, remover a venda
(Stroebel, 1984).
- Os terapeutas dinâmicos já realizaram algumas
incursões nesta àrea (Adler e Adler, 1977). Esses autores
descobriram que existe uma distorção do tipo da
transferência do próprio instrumento do biofeedback. Essa
situação é alimentada pela relação
única entre o cliente e o instrumento: simbólicamente
simbiótica; tal como uma mãe idealizada, o instrumento responde
imediatamente a qualquer mudança no cliente, com uma mudança no
feedback.
- Teoria do "awareness" - o biofeedback afinaria a
discriminação de estados internos, geralmente não
percebidos, através da informação regular que é
dada ao sujeito. A instrução "to be aware", permitiria um
controle voluntário progressivo sobre esses estados. No entanto, esta
teoria tem bastantes falhas: Black e al. (1977) constataram que a
discriminação de um estado interno não desencadeia
automaticamente a possibilidade de o modificar. Além disso a
noção de controle voluntário, implicada nesta teoria
é vaga, não tem suporte experimental e não ajuda à
compreensão do fenómeno (Fontaine, 1980).
- Análise cognitiva - o que se passa seria paralelo ao que se
passa nas auto-regulações dos estados emocionais do quotidiano
(Lazarus, 1977). O que o sujeito aprende pelo biofeedback é a reconhecer
o tipo de "emoção" que provoca o déficit na
regulação dos processos psicofisiológicos; a partir desse
momento, pode "substituir" esse tipo de respostas por um comportamento
alternativo mais adequado (Fontaine, 1980).
7. Tipos de biofeedback
Stroebel (1984) distingue dois tipos de aplicação de biofeedback:
intrínseco e extrínseco.
Incrívelmente preciso, o feedback intrínseco de respostas
voluntárias está disponível para ajudar o cérebro a
aprender competências psicomotoras e desenvolver as actividades de ler,
escrever e aritméticas, entre outras, pelo que o cliente tem grande
consciência dele e possibilidade para alterar essas respostas. Para
processos normalmente involuntários sob o controle do sistema nervoso
autónomo, existe relativamente pouco feedback consciente, excepto em
condições de disfunção onde o feedback
intrínseco é frequentemente uma relativamente imprecisa
sensação de dor (Stroebel 1984). Miller provou que estes
processos podem sofrer um condicionamento operante com o feedback apropriado e
podem ser directamente medidos e alterados pelo cliente (Stroebel 1984).
O segundo tipo de aplicação de biofeedback proposto por Stroebel
(1984) - extrinseco - é inespecífico. O sintoma ou
condição em si mesma não é directamente medida numa
base momento-a-momento; em vez disso, é ensinado ao cliente uma
competência mais geral, como a redução
electromiográfica (EMG) ou relaxamento, que parece produzir o efeito
desejado. Por exemplo, aprender como aquecer as mãos pode ser usado para
reduzir a frequência de enxaquecas, palpitações ansiedade,
etc. Nos casos de aplicação não específica do
biofeedback, é usualmente necessária prática frequente com
ou sem equipamento de biofeedback, para manter os ganhos terapêuticos. A
necessidade de prática continuada levanta questões de
aprendizagem dependente de estado; de transferência do treino de uma
situação clinica, calma, para o mundo real; e da aderência
e concordância com estratégias caseiras de prática. O
objectivo final nas abordagens de biofeedback não específicas
é a melhoria a longo prazo no sintoma clínico em questão
(Stroebel 1984).
Outra forma de classificação dos diferentes tipos de
técnicas de biofeedback é feita de acordo com as variáveis
medidas por cada um deles.
Electromiograma (EMG) para os músculos estriados (Fontaine,
1980). A actividade eléctrica gerada por um músculo é uma
medida fiável da sua contracção. Para treino de
relaxamento geral, são colocados eléctrodos de superfície
na região frontal ou noutras zonas musculares da face, cabeça,
ombros e braços porque estas zonas são frequentemente os
indicadadores mais sensíveis do relaxamento geral (Toksozkarasu,
1984).
Temperatura periférica da pele (feedback térmico) para o
tónus vascular simpático. A temperatura é registada por
eléctrodos de temperatura, usualmente ligados aos dedos das mãos
e dos pés ou à testa. O objectivo mais comum é aprender a
aquecer as extremidades, para o que o cliente deve descobrir como diminuir o
seu tónus simpático (Toksozkarasu, 1984).
Electroencefalograma (EEG) - tal como é usado em psiquiatria, o
EEG tende a ser especializado; as aplicações importantes na
epilepsia, hipercinésia e desordens do sono focam-se em
frequências específicas (Toksozkarasu, 1984).
Resposta galvânica da pele (GSR) e suas variantes. Porque a
resposta da pele muda rapidamente de acordo com variáveis emocionais,
esta medida tem sido usada como um coadjuvante na psicoterapia onde serve para
anunciar pontos de disforia aumentada ou pontos de resistência
psicológica aumentada (Toomin e Toomin, 1975 in Toksozkarasu, 1984).
Esta técnica tem sido apelidada de "detector de mentira" ou "detector de
verdade" (Green e Green, 1977).
Cardiotacometria.
8. Utilização terapêutica do biofeedback -
indicações
A redução da ansiedade é a aplicação do
biofeedback mais bem conhecida em psiquiatria (Toksozkarasu 1984).
"A utilização do biofeeedback para reduzir a ansiedade deve
sempre ser feita em conjunto com tratamentos mais fundamentais de relaxamento e
evidenciadores da homeostase. É axiomático que o biofeedback
sózinho é insuficiente como tratamento total de ansiedade
clinicamente significativa ou de desordens indutoras de ansiedade"
(Toksozkarasu 1984). Williams, (1981) refere até que diversas
técnicas de relaxamento são tão eficazes na
redução de sintomas quanto o biofeedback (e que qualquer uma
destas condições é melhor do que a ausência de
tratamento), o que sugere que o relaxamento geral e não um
mecanismo terapêutico específico , é o ingrediente chave na
eficácia terapêutica destas diversas técnicas.
Nem sempre é fácil escolher a terapia de relaxamento mais
apropriada (ou combinações) para um cliente; é importante
que a técnica seja confortável para a pessoa. Existem diversas
técnicas, entre as quais Toksozkarasu (1984), refere: Relaxamento
progressivo (Jacobson, 1938); Treino autogénico (Luthe,
1969); Treino de tranquilização de reflexos (Stroebel,
1982);Resposta de relaxamento (Benson, 1975); yoga e
auto-hipnose.
Segundo Toksozkarasu (1984), as situações em psiquiatria em que o
biofeedback ou o relaxamento assistido por biofeedback podem ser aplicados,
incluem:
a) ensinar controlo a longo prazo de manifestações de
ansiedade;
b) tratar certas desordens psicofisiológicas, não através
da redução da ansiedade geral mas inibindo o acesso da ansiedade
à via de descarga especialmente vulnerável naquele cliente:
c) tratar condições médicas que podem ser acompanhadas por
problemas emocionais;
d) melhorar a dessensibilização sistemática na terapia do
comportamento;
e) reflectir questões psicodinâmicas por resolver que dão
origem à ansiedade ou outros afectos dolorosos;
f) investigar interacções psicossomáticas:
Toksozkarasu (1984), aponta ainda outras aplicações:
Biofeedback e Psicoterapia
Abuso de drogas e alcoól - aqui o objectivo é ensinar ao
cliente meios pelos quais ele se pode acalmar a si próprio, substituindo
parcialmente o alívio proporcionado pela droga. A resposta de
relaxamento deve ser suficientemente bem aprendida para se tornar uma
aquisição de confiança e sempre presente. Não
são suficientes umas poucas sessões no fim do programa de
recuperação (Bowman e Faust, 1977 in Toksozkarasu 1984).
Peniston e Kulkosky (1990), levaram a cabo uma experiência em que
utilizaram o Inventário Clínico Multiaxial de Millon (MCMI) e o
Questionário de 16 Factores de Personalidade (16PF) para avaliar as
diferenças e mudanças de personalidade entre os alcoólicos
crónicos e o grupo de controle de não-alcoólicos antes e
depois de tratamento médico tradicional ou treino de biofeedback dos
alcoólicos. Os resultados fornecem evidência confirmatória
de que a aplicação de tratamentos de ondas cerebrais alfa-beta,
produz mudanças fundamentais nas variáveis de personalidade dos
alcoólicos, que o tratamento médico tradicional não produz
(Peniston e Kulkosky 1990). Estas mudaças talvez possam sustentar a
prevenção mantida das recaídas e a ausência de
aumentos nos níveis de endorfina nos alcoólicos que recebem
treino prolongado de ondas cerebrais alfa-beta (Peniston & Kulkosky,
1989).
Insónia - Hauri (1981) descobriu que as pessoas que sofriam de
insónia e que inicialmente apresentavam elevada tensão muscular
ou psicológica, eram ajudados pelo EMG feedback. No entanto, outros
clientes beneficiam com outros tipo de biofeedback (Toksozkarasu 1984).
Medo - Através da aprendizagem, quase todos os impulsos humanos,
psicodinâmicamente baseados, que previamente eram estímulos
neutrais podem adquirir as manifestações psicofisiológicas
do medo (Stroebel, 1984). Duas formas de reduzir o medo são o uso de
drogas (com as suas desvantagens inerentes) e a utilização de
estratégias de auto-regulação (Stroebel, 1984).
Fobias - quer o ataque de pânico, quer a agorafobia requerem
psicoterapia e farmacoterapia em adição à terapia de
relaxamento. Para fobias isoladas, a dessensibilização
sistemática provou ser, geralmente, um tratamento eficaz. O biofeedback
pode facilitar a dessensibilização sistemática: a)
confirmando que o cliente aprendeu a relaxar-se antes de começar, b)
corroborando a ordem ansiogénica correcta de itens na hierarquia de
dessensibilização, c) monitorizando a variável
fisiológica mais sensível à ansiedade em cada paciente; d)
por continuamente monitorizar essa variável durante o procedimento de
dessensitização para saber exactamente quando iniciar e terminar
a visualização de cenas na hierarquia. Demonstrou-se (Adler e
Adler, 1977) que o EMG e outras leituras fisiológicas tendem a aumentar
antes do cliente referir verbalmente o aumento da ansiedade; este sinal precoce
da subida da ansiedade permite ao terapeuta estar sempre um passo à
frente do cliente durante a dessensibilização (Toksozkarasu
1984).
As técnicas de biofeedback fornecem também um refinamento dos
procedimentos não específicos de relaxamento, para criar estados
de baixa excitação, conducentes a associações
livres sem crítica, necessárias em alguns modelos de psicoterapia
(Stroebel, 1984).
O biofeedback é uma técnica ou ferramenta para a qual só
foram registados resultados positivos quando a modalidade é combinada
com uma aliança terapêutica passiva e não
ameaçadora (Stroebel, 1984). Esta aliança terapêutica
pode compreender elementos de psicoterapia, terapia comportamental, relaxamento
progressivo, terapia autogénica, fisioterapia, resposta de relaxamento,
abrandamento de reflexos, imaginações, variantes
hipnóticas e procedimentos de treino (Stroebel, 1984).
Biofeedback e Desordens Psicossomáticas
Enxaquecas e dores e cabeça de tensão - as dores de
cabeça de tensão têm sido uma das maiores
aplicações do biofeedback EMG. Os eléctrodos são
colocados nos grupos de músculos sintomáticos (Toksozkarasu
1984), normalmente na testa, para fornecer informação visual ou
auditiva acerca dos níveis de tensão muscular (Stroebel, 1984). O
racional do tratamento é: músculos específicos causam dor
porque estão em espasmo; o cliente deve ser capaz de aprender como
relaxá-los com o biofeedback e, assim, inverter o processo
patológico. Nem sempre é assim tão simples porque os
músculos podem estar contraídos por uma razão encoberta -
raiva, depressão, etc. De qualquer modo, dado que o sintoma não
ajuda o cliente a resolver os seus problemas, uma lição para os
melhorar deve ser parte do tratamento (Budzynski et al. 1970, 1973 in
Toksozkarasu 1984). O treino de relaxamento ou a sua combinação
com o biofeedaback também são eficazes na resolução
deste problema. Esta àrea de trabalho tem sido a mais gratificante,
porque mesmo clientes com uma longa história de dores de cabeça,
requerendo tratamento narcótico diário podem chegar a um estado
com uma baixa frequência de dores de cabeça, com um tratamento de
duas a três semanas; diversos estudos de follow-up sugeriram que mesmo
após períodos de 6 meses a 5 anos, entre 34 a 60% dos clientes
tratados comportamentalmente mostravam melhorias clínicas significativas
(Wiliams, 1981).
Dado que as enxaquecas são dores de cabeça vasculares, o
biofeedback térmico é usado para as tratar. Os clientes com
enxaqueca clássica têm maior sucesso do que os clientes com
enxaqueca comum porque os primeiros são avisados por uma aura
prodrómica, sendo capazes de interpôr a tempo relaxamento que pode
prevenir o aparecimento do ataque. Quando o treino é completo, as
questões psicológicas são trabalhadas e a prática
de relaxamento é continuada durante os anos seguintes, mesmo de forma
rudimentar, o tratamento das dores de cabeça com biofeedback pode ser
durável (Adler e Adler, 1976 in Toksozkarasu 1984). Sargent et al.
(1973) e Diamond e Fraklin (1977) referiram que o tratamento de enxaquecas em
crianças era particularmente bem sucedido; cerca de 75% de
redução na actividade das enxaquecas foi referida e relatos de
follow-up revelaram resultados inconsistentes (Williamson, McKenzie e Goreczny
1986).Os estudos de enxaquecas em crianças usaram uma
combinação de biofeedback térmico da pele e um
procedimento passivo de relaxamento (treino autogénico) (Williamson,
McKenzie e Goreczny 1986). Embora os procedimentos de relaxamento generalizado
possam também ser úteis para estas condições,
biofeedback específico será necessário e até mais
rápido.
Blanchard num estudo de 1982, conseguiu isolar um efeito específico de
biofeedback, aparte da relaxação, num design clínico
realista com clientes sofrendo de dores de cabeça de tensão.
Neste estudo, os clientes que não respondiam a uma modalidade de
tratamento eram submetidos ao outro tratamento, num design cruzado. Por
exemplo, descobrir que o treino de biofeedback teve sucesso num cliente que
falhou inicialmente na resposta ao treino de relaxamento, suporta a ideia de
que o biofeedback é necessário para certas pessoas, em certas
ocasiões (Stroebel, 1984). Esta ideia está de acordo com a
proposta de Toksozkarasu (1984), segundo a qual para a maioria das
condições, é correntemente aconselhável permitir
que o clínico experiente avalie o uso do biofeedback numa base
casuística. Também segundo Blanchard (1982), a
extensão em que os sintomas foram aliviados com o biofeedback era de
quase 50% para as dores de cabeça de tensão e mais de 60% das
dores de cabeça combinadas de tensão e vasculares, para as
pessoas que não foram só ajudadas pelo relaxamento (Stroebel,
1984). Observei um caso de síndrome neurovegetativo, em que a cliente se
queixava de violentas dores de cabeça, em que após três
sessões de biofeedback, quase não apresenta sintomas.
Na prática no consultório verifiquei que o biofeedback tinha
bastante sucesso no combate às dores de cabeça e enxaquecas.
Bruxismo, torcicolo e dores de rins - as bases teóricas para
tratar essas condições são similares às das dores
de cabeça de tensão e utiliza-se o biofeedback EMG (Stroebel,
1984).
Aplicações cardiovasculares - embora os clientes possam
aprender a baixar a sua pressão arterial com o biofeedback, a maioria
dos estudos não mostrou que essa descida seja dramática ou maior
do que a obtida com com procedimentos de relaxamento mais básicos
(Toksozkarasu 1984). Uma variedade de biofeedback's, incluindo o feedback da
pressão sanguínea, a resposta galvânica da pele (GSR) e
feedback térmico da mão e do pé combinado com
procedimentos de relaxamento, foi usado para ensinar aos clientes a diminuirem
ou aumentarem a pressão sanguínea; alguns dados de follow-up
indicam que essa mudanças podem persistir pelo menos dois anos e
frequentemente permitem a redução ou eliminação de
medicação hipertensiva (Stroebel, 1984).
Um estudo realizado no tratamento de arritmias cardíacas com feedback
cardiotacométrico (i.e., o biofeedback do electrocardiograma) (Stroebel,
1984) mostrou que os pacientes com problemas cardíacos podiam aprender a
reduzir significativamente contracções ventriculares prematuras
(Toksozkarasu 1984).
O feedback térmico foi utilizado com sucesso por Taub e Stroebel (1978)
e outros para tratar a doença de Raynaud. Um número de
estudos provou que o feedback térmico das mãos, um procedimento
benigno e barato, era eficaz em cerca de 70% dos casos do síndroma
primário de Raynaud's (Stroebel, 1984).
Asma bronquial - usa-se treino de relaxamento assistido por biofeedback
específico da resistência respiratória. Como é
importante quebrar a interacção mutuamente reforçadora
entre o pânico e a dispneia que caracteriza um ataque agudo, a
aplicação de treino geral de relaxamento ou biofeedback
térmico faz muito sentido para clientes cujos ataques são
sensíveis a desencadeadores psicológicos (Toksozkarasu 1984).
Utilizações gastrointestinais - No tratamento da
incontinência fecal, na ausência de desenervação
é o tratamento de escolha (Schuster, 1979 in Toksozkarasu 1984). A
sequência de regulação dos esfíncteres anais
externos e internos foi medida usando cateteres rectais. Esta medida fornecia o
feedback aos incontinentes fecais, permitindo-lhes restabelecer hábitos
normais dos intestinos num número relativamente pequeno de
sessões de biofeedback (Stroebel, 1984). Um percursor do biofeedback,
datado de 1938, foi usado para tratar a enurese. Uma buzina tocava ao primeiro
sinal de humidade, alertando a criança enurética adormecida
(Stroebel, 1984).
Dor Crónica - o biofeedback foi incorporado nos programas de
tratamento da dor crónica mas só para aumentar a capacidade dos
clientes para modular a parte do sofrimento causada pela atenção
acentuada aos estímulos dolorosos ou pelos sentimentos de desespero que
acompanham essa percepção (Toksozkarasu,1984).
Usos em desordens médicas onde os factores
psicológicos podem desempenhar um papel
Desordens apopléticas/epilepsia - os pacientes eram ensinados a
aumentar a produção do ritmo sensoriomotor de12-15Hz (registado
no cortex sensoriomotor) e simultaneamente a suprimir a actividade lenta
paroxismal de 4-8Hz. Sterman (1973) encontrou que 4 de 5 epilépticos
severos resistentes às drogas melhoravam muito o seu quadro
clínico com treino e voltavam aos níveis prévios de
acessos. Lubar et al. (1981) concluiu um estudo que apoiava a
utilização do paradigma do feedback mesmo com epilépticos
retardados ou com lesões cerebrais. Pacientes apropriados para este
tratamento são refractários à medicação
anticonvulsionante, têm motivação adequada, e têm
componentes motores claramente definidos nos seus acessos. Esta
utilização oferece um exemplo de como o biofeedback pode ensinar
os clientes a modificar a fisiologia de uma forma impossível sem a
informação específica que o feedback fornece (Toksozkarasu
1984).
Reabilitação Neuro-Muscular - o biofeedback EMG provou ser
particularmente valioso em restabelecer sistemas de feedback sensoriomotores
naturais interrompidos e funcionalmente atrofiados. O EMG pode ajudar os
pacientes a tornarem-se conscientes das unidade motoras ainda funcionais mas
não usados, embora não possa inverter a patologia inerente
(Basmajian,1983 in Toksozkarasu 1984).
Utilização e auxílio na psicoterapia
dinâmica
O relaxamento assistido por biofeedback pode ser utilizado para reduzir a
ansiedade dos clientes que estão a trabalhar os seus problemas na
psicoterapia psicodinâmica (Rickles et al., 1982 in Toksozkarasu 1984).
Também pode ser usado para facilitar o processo psicoterapêutico
de descoberta que resulta do relaxamento profundo.
Esta técnica pode ser particularmente útil no tratamento do
síndrome de stress pós-traumático (Adler e Adler, 1982 in
Toksozkarasu 1984).
Outra via para o material reprimido é através do que se denominou
psicoterapia de biofeedback (Adler e Adler, 1972, 1975, 1977a 1977b; Sargent
et al., 1973; Glucsman, 1981, 1982 in Toksozkarasu 1984). Quando um cliente que
fazia biofeedback permitia que a sua mente divagasse livremente, o instrumento
de biofeedback actuava como um barómetro psicológico, assinalando
um rápido aumento na direcção da ansiedade, perante um
tema particular, mesmo se o cliente anteriormente não tinha associado
este tópico com o seu estado de tensão. O reconhecimento de que
este material era ansiogénico e relevante era reforçado de cada
vez que este aumento era ocasionado pelo mesmo tema ou temas relacionados. O
paciente era encorajado a discutir as suas observações destas
reacções com o terapeuta para descobrir que elemento não
reconhecido estava na sua base. Eventualmente os clientes aprendiam a prestar
atenção aos antecedentes cognitivos de mudanças de
feedback inesperadas. Respostas térmicas e electrodérmicas
revelam estas reacções mais dramáticamente. Durante a
terapia o feedback pode ser deixado a funcionar a um volume baixo ou ajustado
para fazer a sua aparição só quando se dá uma
mudança rápida; desta forma podemos confirmar a valência
emocional de uma discussão. Esta técnica é útil
para clientes cujos problemas psicológicos se apresentam com
manifestações somáticas. Também foi reconhecida a
capacidade de produzir insight do feedback (Toomin e Toomin,1975; Werbach,1977
in Toksozkarasu 1984). O biofeedback pode ensinar a clientes resistentes
à psicoterapia, com estruturas de personalidade rígidas e com
pouca capacidade para se auto-acalmarem, como praticar funções de
auto-apaziguamento semelhantes às inicialmente experimentadas na
infância.
Aplicações educacionais do biofeedback
Desordem de déficit de atenção
(hipercinésia) - Lubar e al. (1981) ao trabalhar com crianças
hipercinéticas, descobriu que a maioria deles produziam insuficientes
ritmos beta de alta frequência no EEG e um excesso de ondas lentas
(4-8Hz) quando envolvidos em actividades cognitivas. A maioria destas
crianças tinham insuficiente estimulação cortical (i.e.,
baixa excitação) e, numa situação isolada, ficariam
a dormir mais rapidamente que os seus pares. Pensa-se que o comportamento
hiperactivo pode ser uma tentativa homeostática de corrigir essa
insuficiência. Outros padrões de hiperactividade são
psicogénicos e a criança apenas demonstra um problema emocional.
"O biofeedback para o primeiro grupo consiste num treino individualizado de
feedback para os ensinar a aumentar a actividade beta 16-20 Hz e
simultaneamente diminuir as ondas lentas de 4-8Hz, sendo o treino levado a cabo
enquanto a criança está envolvida no tipo de comportamentos
cognitivos onde sente as dificuldades, tal como ler ou desenhar. EMG feedback
ou treino de relaxamento também é utilizado para reduzir o
excesso de actividade irrequieta e mostrou melhorar a performance quer na sala
de aula, quer nos testes cognitivos formais" (Russel e Carter, 1979 in
Toksozkarasu 1984).
Embora várias drogas e técnicas de modificação de
comportamento tenham sido usadas para aumentar o leque de atenção
das crianças ADD (Barkley, 1976) e melhorar as avaliações
de comportamento (Pelham, Schneider, Bologna & Contreras, 1980), nenhuma
provou ser bastante eficaz em realçar o desempenho académico
(O'Leary, 1980), porque elas se baseavam num agente externo para produzir a
mudança de comportamento. Nowicki e Strickland (1973) demonstraram que a
realização académica está inversamente
correlacionada com um locus de controle externo (Williamson, McKenzie e
Goreczny 1986). Carlson (1977) referiu evidência preliminar indicando que
o biofeedback EMG parecia internalizar o locus de controle. Baseado neste
racional, os investigadores começaram a utilizar o treino de biofeedback
como um método de aumentar as percepções de auto-controle
com crianças hiperactivas. Os métodos de tratamento
psicofisiológicos são planeados para ajudar a criança
hiperactiva a ganhar controle sobre comportamentos motores excessivos e
distractivos e a manter atenção nas situações de
aprendizagem (Williamson, McKenzie e Goreczny 1986).
Estudos de Hampstead (1979) e de Hughes, Henry & Hughes (1980), empregando
o biofeddback EMG, revelaram os seguintes resultados: correlação
entre a redução dos níveis de EMG e
avaliações de comportamento feitas por pais e professores; que
cada criança pode reduzir a tensão muscular com o biofeedback EMG
e que o desempenho académico e o comportamento problemático
melhoravam com a redução da actividade EMG. Estes estudos
forneceram evidência preliminar para a eficácia do feddback EMG
como um tratamento potencial para a hiperactividade (Williamson, McKenzie e
Goreczny 1986).
Estudos de Omizo (1980, 1981), Omizo & Michael (1982) e Denkowski,
Denkowski e Omizo (1983), utilizando o biofeeback EMG e procedimentos de
relaxamento assistidos por biofeedback, obtiveram idênticos resultados.
(Williamson, McKenzie e Goreczny 1986).
Problemas educacionais de crianças diagnosticadas como tendo
Incapacidade de Aprendizagem, Incapacidade Emocional ou como sendo Retardado
Mental
Um uso do biofeedback para objectivos educacionais mais tradicionais foi o
procedimento de redução de stress para crianças com
incapacidade de aprendizagem, crianças retardadas mentais e
crianças com desordens emocionais. Embora cada uma destas desordens seja
diferente, é geralmente reconhecido que crianças em todos estes
grupos têm dificuldades numa sala de aulas regularmente estruturada e
muitas destas crianças demonstram problemas como a distractibilidade e
impulsividade (Williamson, McKenzie e Goreczny 1986).
O biofeedback EMG tem sido o tratamento primário para estas
crianças, embora os estudos nesta àrea sejam escassos e
apresentem muitas falhas metodológicas (Williamson, McKenzie e Goreczny
1986). Uma característica predominante nas crianças com
dificuldade de aprendizagem, é que elas são incomodadas por
tensão muscular excessiva e níveis de ansiedade elevados (Carter
& Russel, 1980; Carter, Lax & Russell, 1979; Omizo & Williams,
1982; Walton, 1979). Presume-se que este alto nível de tensão e
ansiedade geral interfira com o processo de aprendizagem. Esta
suposição é consistente com a teoria bem estabelecida
proposta por Yerkes e Dodson (1908), que afirma que depois da ansiedade chegar
a um certo nível, qualquer adicional de ansiedade resulta do
decréscimo de desempenho. Assim, o racional por detrás do
biofeeedback e relaxamento induzido por biofeedback é reduzir a
ansiedade, diminuindo a interferência que a ansiedade tem na performance
académica (Williamson, McKenzie e Goreczny 1986).
Tansey (1991), refere uma experiência em que apresenta os perfis da
escala WISC-R e as mudanças após a aplicação de um
tratamento de biofeedback EEG, em casos de incapacidades de aprendizagem de
origem cerebral. Os aumentos de activação neural do cortex
central e sensoriomotor, treinados pelo biofeedback EEG (aumentou a amplitude
da onda de 14Hz) resultou em aumentos nas competências
bihemisféricas (as capacidades complementares verbal-expressiva e
capacidades visuo-motoras), pré-requisito para uma postura de
aprendizagem bem sucedida, a aquisição da leitura, e a
integração de aprendizagem de mais alto nível. As
"assinaturas" das ondas cerebrais e os perfis da WISC-R normalizavam como
resultado do treino, com uma melhoria nas desordens de aprendizagem. Existia um
crescimento significativo nos QI Verbal, de Performance e de Escala Total, da
WISC-R, reflectindo um funcionamento cerebral melhorado. Com o treino de
biofeedback EEG, é possível ir para além da psicoterapia
de apoio e utilizar um meio terapêutico dentro do qual nós podemos
ter um impacto directo no estado cerebral que caracteriza as dificuldades de
aprendizagem (Tansey, 1991).
Othmer, Othmer & Marks (1992), obtiveram resultados idênticos aos de
Tansey, i.e., com a utilização de um treino de biofeedback EEG,
cujas instruções eram de aumentar a actividade na região
15-18 Hz, com supressão da actividade excessiva nas regiões 4-7
Hz e 22-30 Hz, obtiveram melhorias significativas nas competências
cognitivas, desempenho académico e de comportamento, o que se confirma
com análise de follow-up. Era também utilizada a WISC-R, bem como
o Wide Range Achievement Teste (WRAT), Peabody Picture Vocabulary Test (PPVT),
o Teste de Retenção Visual de Benton e um subteste do Teste de
Harri para Dominância Lateral.
Problemas de escrita
Dois estudos conduzidos por Jackson e col. mostraram que uma melhoria
significativa na escrita pode ser conseguida através da
utilização do relaxamento ou biofeedback EMG (Williamson,
McKenzie e Goreczny 1986).
Como se pode ver pelas referências acima, uma vasta variedade de
modalidades de biofeedback têm sido usadas para tratar diversas
condições. Aplicações muito menos
específicamente clínicas (no sentido médico do termo),
como o tratamento da insónia, dismenorreia, problemas da fala, desordens
da vontade; optimizar o desempenho atlético; atingir estados alterados
de consciência; gestão do stress e uso do biofeedback como um
co-adjuvante da psicoterapia para a ansiedade associada com desordens
psicossomáticas, empregam um modelo no qual o biofeedback EMG frontal
é combinado com feedback térmico, conjuntamente com
instruções verbais de relaxamento progressivo ou frases
autogénicas (Stroebel, 1984).
9. Critérios para a utilização do biofeedback
Orientados pelo cliente; Orientados pela doença
Por exemplo, o cliente orgânico com problemas de memória, o
esquizofrénico com fronteiras corporais muito fracas, o paranóico
muito desconfiado e o sociopata que teme que o seu comportamento associal
impulsivo o meta em apuros são todos pacientes cuja ansiedade não
é melhor tratada com o biofeedback. Clientes psicóticos,
sobretudo aqueles com aspectos paranóicos ou alucinatórios,
tendem a mostrar um aumento da confusão e desorganização,
quando expostos à instrumentação, que induz uma
distorção temporária da imagem corporal (Stroebel,
1984).
Se os dispositivos de biofeedback forem vistos como terapeutas auxiliares
inanimados, podem fornecer uma oportunidade para que o adulto com desordens
narcísicas ou borderline aprenda mais sobre as vicissitudes dos objectos
transaccionais ou facilitadores (Stroebel, 1984).
O biofeedback não é recomendado na esquizofrenia aguda; e
não é geralmente usado nas variedades crónicas. Cuidados
semelhantes devem ser tomados com quaisquer clientes que usem defesas
psicóticas, particularmente quando há o perigo de essas defesas
se abaterem. O biofeedback não é recomendado nunca em clientes
com a) alucinações de influência, b) depressão
severa, c) mania, d) paranóia, e) estados obssessivos severos e f)
delírio ou desorganização psicótica aguda
(Toksozkarasu 1984).
Clientes idosos que recebam medicação anti-hipertensiva podem
sofrer baixas de tensão suficientes para terem problemas de
hipotensão (Toksozkarasu 1984).
O cliente que intelectualiza, racionaliza e resiste ao reconhecimento dos seus
sentimentos pode, com o biofeedback, ver a sua barreira verbal ultrapassada.
O cliente que acha que as suas preocupações não têm
nada a ver com os seus sintomas, acham que com biofeedback, ver é crer.
O cliente que confia mais em dispositivos mecânicos do que nas pessoas,
podem ter uma maior afinidade por este método de controlo do
comportamento. O carácter concreto e imediato do biofeedback torna-o
menos frustrante do que terapia verbal para as pessoas que têm
dificuldade em falar, que são orientados pela acção, que
somatizam e precisam de reinterpretar as suas sensações corporais
em sentimentos. O cliente que precisa de alguma experiência de sucesso
com um corpo que lhe tem falhado, que o tem amedrontado e desencorajado, pode
encontrá-la no biofeedback. Clientes com personalidades
histéricas tendem a tornar-se irrequietos e a negligenciarem a
prática entre sessões, enquanto que clientes
obssessivo-compulsivos são menos capazes de experimentar
confortávelmente a experiência do biofeedback e são
intolerantes com os seus falhanços (Toksozkarasu 1984).
A depressão, manifesta ou não, é um factor importante de
um fracasso, quando as condições somáticas concomitantes
são tratadas com o biofeddback, como co-adjuvante das terapias
tradicionais, porque os clientes deprimidos tendem a não assumir
responsabilidade pela prática de técnicas de
auto-regulação (Stroebel, 1984).
Questões relacionadas com a idade
As crianças vêem geralmente o biofeedback como um jogo e aprendem
a auto-regulação autonómica como um jogo, cerca de cinco
vezes mais depressa que os adultos (Diamond e Franklin, 1977 in Toksozkarasu
1984).
Como a técnica psiquiátrica para crianças é uma
terapia de jogo, quando um cliente jovem se apresenta com dificuldades
psicossomáticas, parece razoável jogar um "jogo" que não
só elucida a maneira como a criança se relaciona com os outros
mas também a forma como se relaciona consigo próprio.
O biofeedback atrai frequentemente os adolescentes por várias
razões: a) os adolescentes são curiosos e frequentemente
vêem-no como um desafio ou uma aventura, b) os jovens adolescentes
são frequentemente demasiado crescidos para a terapia do jogo, no
entanto, são limitados para uma troca verbal gratificante; o feedback
é um compromisso à volta do qual uma parte do tratamento pode ser
estruturado; c) podem-se rebelar em segurança tendo uma performance
baixa no instrumento; a sua autonomia está assegurada porque eles sabem
que são os únicos no controle do feedback; d) a imagem de ser
"treinados" na aprendizagem duma competência física é uma
forma aceitável para gratificar necessidades de dependência
enquanto, ao mesmo tempo, salvam a cara; e) numa época em que o
adolescente sente que o seu corpo está a crescer demasiado depressa e
demasiado sexual, o feedback oferece a oportunidade de experienciar controle
sobre ele e de reinar no seio da anarquia fisiológica (Adler, Adler,
1977 in Toksozkarasu 1984).
Clientes idosos podem precisar de mais tempo para dominar as técnicas e
para resolver os problemas e valores de vida associados a sintomas de longa
duração.
Por causa do seu foco na manipulação de modos de
experiência e aprendizagem semelhantes aos que dominaram os primeiros
anos de vida, o cliente que usa o biofeedback tem uma oportunidade de tomar
contacto com alguns dos modos mais arcaicos de funcionamento
psicossomático, muitos dos quais nunca foram verbalizados (Adler e
Adler, 1977 in Toksozkarasu 1984).
Aprendizagem do biofeedback na criança
A maior parte da investigação referente à aprendizagem de
biofeedback em crianças normais centrou-se na aprendizagem de aumento da
temperatura da pele (aquecimento das mãos) usando o biofeedback
térmico. Alguns estudos são positivos (Dikel & Olness, 1980;
Hunter, Russell, Russell & Zimmerman, 1976; Lynch et al., 1976; Suter&
Loughry-Machado, 1981); outros estudos não demonstram a
aquisição desta aprendizagem (Kelton & Belar, 1983; Suter,
Fredricson & Portuesi, 1983); um estudo com crianças que sofriam de
enxaquecas demonstrou a aprendizagem desta competência (Labbé
& Williamson, 1983, 1984); outros estudos referem dados fisiológicos
que mostram que as crianças podem aprender a modificar o EMG (Walton,
1979) e EEG ( Tansey & Bruner, 1983). Nesta altura, existem dados mistos
sobre a questão de saber se as crianças podem aprender a
controlar respostas viscerais com o biofeedback (Williamson, McKenzie e
Goreczny 1986). Existe uma gama de dados para concluir que sob certas
condições, crianças e adolescentes podem aprender a
modificar respostas viscerais usando o biofeedback. Contudo, as
variáveis que influenciam esta aprendizagem não foram
adequadamente estudadas nas crianças, ao contrário do que
acontece nos adultos, onde a investigação mostrou que
variáveis de procedimento, como o tipo de feedback, a sensibilidade
feedback, frequência de feedback, e instruções, afectavam
significativamente a aprendizagem de biofeedback (Faultstich, Williamson &
Jarrel, 1984; Williamson & Blanchard, 1979 in Williamson, McKenzie e
Goreczny 1986).
10. Avaliação do biofeedback
10.a)Limitações e críticas
Refiro as limitações apontadas por Toksozkarasu (1984):
O maior perigo do biofeedback não deriva do que ele é mas do
risco de ele ser visto como aquilo que ele não é: um tratamento
compreensivo. O cliente com um estado agudo de agitação,
depressão ou crise situacional requere que o terapeuta comece por outros
tratamentos antes de iniciar o biofeedback. O biofeedback tem poucas
limitações ou efeitos colaterais sérios porque nenhum
químico é introduzido no corpo do cliente e não existe
nenhum procedimento invasivo (Toksozkarasu 1984).
A maioria dos tratamentos que têm o poder de ajudar, também
têm poder para, se usados incorrectamente, prejudicar. Contudo com o
biofeedback, ao contrário das drogas ou cirurgia, todas as
mudanças, num determinado nível, têm de ser autorizadas
através de vários pontos de verificação no
cérebro e aí são reguladas por mecanismos de auto-defesa
que habitualmente ajustam automáticamente ou não permitem
tentativas de mudanças que são incompatíveis com as
necessidades biológicas ou inconscientes. A biologia tende a compensar
os erros dos profissionais de biofeedback (Toksozkarasu 1984).
As reacções mais adversas que ocorrem durante as sessões
de biofeedback resultam da sua capacidade de catalizar a
libertação do material psicológico reprimido ou suprimido,
se o terapeuta não antecipa esta situação (Toksozkarasu
1984).
O biofeedback pode reduzir a dosagem requerida de certos medicamentos (por
exemplo, a diabetes mellitus em que a necessidade de insulina pode ser reduzida
depois de uma terapia de relaxamento bem sucedida). Medicação
para hipertiróidismo, glaucoma, epilepsia e asma podem necessitar de ser
reajustados depois de um tratamento bem sucedido. Por outro lado, clientes que
sofreram uma redução da medicamentação podem-se
tornar demasiado confiantes e negligenciarem a sua prática (Toksozkarasu
1984).
Quando um sintoma psicofisiológico não é meramente um
vestígio funcional de um conflito passado mas está activamente
ligado a necessidades inconscientes correntes, a utilização do
biofeedback para remover o sintoma, não remove as necessidades. Algumas
vezes, o equilíbrio é restaurado através da
substituição de sintomas (Szajnberg e Diamond, 1980 in
Toksozkarasu 1984); outras vezes, o equílibrio pode não ser
restabelecido e o afecto contra qual o sintoma defende, seja ansiedade ou
depressão, pode emergir directamente (Rickles, 1976 in Toksozkarasu
1984).
Estas não são ocorrência típicas, mas mostram a
necessidade de treino psicológico de quem utiliza esta
técnica (Toksozkarasu 1984).
Ao contrário deste quadro bastante inóquo que nos propõe
Toksozkarasu (1984), Stroebel (1984) oferece-nos um quadro mais cauteloso.
Segundo este autor, embora muitas apresentações ingénuas
do biofeedback, sugiram que esta técnica é benigna, com poucos,
se é que alguns, efeitos secundários indesejáveis, este
ponto de vista é alarmante para os clínicos experientes. Diversos
investigadores enfatizaram as condições relativamente passivas
necessárias para a aquisição da
auto-regulação voluntária da fisiologia, através da
utilização do biofeedback. A maioria dos clientes que
experimentam dor, quer fisíca, quer somática, são
incapazes de atingir o estado de passividade necessário para a
aquisição destas competências de
auto-regulação e de baixa-excitação (Stroebel
1984).
Por outro lado, a difusão pelos média e consequente
popularização do biofeedback, conjuntamente com o acesso do
público aos instrumentos de biofeedback e a sua utilização
por terapeutas laicos fora do contexto de apoio profissional, é
particularmente preocupante, pelo que os profissionais experientes reconhecem a
necessidade de uma selecção médica e/ou psicológica
dos clientes com situações que são mais bem tratadas pelas
modalidades terapêuticas tradicionais. Sem este escrutínio, os
clientes podem receber tratamento ineficaz ou contra-prudecente para a sua
condição e atrasarem a procura de ajuda apropriada (Stroebel
1984).
Fontaine (1980), refere as seguintes critícas:
1- A maior parte dos estudos sobre a técnica têm pouco qualidade
científica, tratando-se de relatos terapêuticos, nos quais as
variáveis geralmente não são controladas com base numa
metodologia adequada; poucas investigações examinam
satisfatóriamente as explicações alternativas
possíveis para as mudanças observadas; efeito de placebo, efeito
de relaxamento, modificações psicoterapêuticas diversas,
etc.
No entanto, Toksozkarasu, (1984) refere que embora os efeitos placebo sejam
particularmente realçados no biofeedback, ele não é
só placebo. Os placebos actuam automáticamente nos caminhos que o
biofeedback recruta intencionalmente. Foi sugerido que o biofeedback assistido
pelo relaxamento pode ser usado para assegurar que estes efeitos "placebo"
não se extingam mas evoluam gradualmente de um epifenómeno de
esperança para um recurso mais estável e aprendido (Stroebel e
Glueck, 1973 in Toksozkarasu, 1984).
2- Os estudos estudaram o campo de aplicações do biofeedback a um
número sempre crescente de perturbações
fisiológicas.
As modificações em alguns síndromas
fisiopatológicos induzidas pelo biofeedback, talvez à
excepção das que envolvem o sistema neuromuscular, parecem
não se manter fora da situação experimental. Parece
ilusório que um treino, mesmo que tenha lugar duas ou três vezes
por semana, seja suficiente para manter a aquisição de
aprendizagens tão complexas, se os factores desencadeadores persistem no
meio objectivo ou subjectivo do cliente. Esta opinião é
corroborada por Stroebel (1984).
3- Especificidade da técnica - qual é o papel do biofeedback
relativamente às múltiplas variáveis que intervêm na
situação de biofeedback - efeito placebo, relação
cliente-terapeuta, papel da "mística" da aparelhagem, papel do
relaxamento, intervenção de mecanismos de ordem
tipológica, etc.?
10.b)Vantagens
Toksozkarasu (1984), apresenta as seguintes:
a) se o cliente tem uma falsa noção acerca dos psiquiatras e
outros terapeutas, ambivalência sobre se devem confiar num deles,
confusão sobre se "falar" o pode ajudar, o tempo requerido para aprender
relaxamento permite ao paciente e ao terapeuta conhecerem-se
mútuamente.
b) o biofeedback ensina ao cliente uma forma activa de lutar contra os seus
problemas. Aos clientes falta normalmente o insight para reduzir os sintomas
durante os primeiros estádios do tratamento e ficam com o sentimento de
desespero e impotência que deriva de não saberem o que é
que podem fazer para modularem o seu desconforto. O ser capaz de se focar
activamente no combate da experiência da ansiedade e das suas causas pode
acabar com sentimentos duradouros de derrota e passividade. Os clientes ficam
frequentemente aliviados por saberem que podem fazer algo acerca das suas
reacções e dessa forma podem ganhar uma certa autonomia do stress
que os rodeia.
c) por forma a aprender biofeedback o cliente deve dissociar terapeuticamente o
seu ego observante da sua parte que experimenta sensações e
inicia mudanças (funções executivas do ego). Ao tornar-se
simultâneamento o observador e observado, ele pode aprender a ganhar
distância emocional dos seus sintomas. Esta distância é
benéfica em termos das capacidades defensivas do cliente e pode
constituir a base da atitude de auto-observação necessária
num futura psicoterapia.
d) como resultado de se concentrar no seu corpo, o cliente pode tornar-se mais
consciente das suas necessidades e adquire a capacidade de identificar
o início de potenciais dificuldades antes dos sintomas se declararem
completamente.
e) o biofeedback também pode dar informação
diagnóstica (por exemplo, à medida que a actividade fisica
diminui, o cliente pode-se tornar consciente de uma depressão
subjacente). Também existem ocasiões em que a fisiologia
não está de acordo com o presumível diagnóstico, ou
o cliente aprende a mudar a sua fisiologia mas os sintomas permanecem iguais e
torna-se necessário repensar o diagnóstico.
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