Uma fogueira pode ter sido a causa da marca que provocou
enorme polêmica na pequena cidade de Itupeva, no Interior de São
Paulo. A marca circular de queimada no capim seco da área de pasto
da propriedade do Sr. Mário Montovanelli foi associada pelo proprietário
do sítio vizinho, Roque Ming (62), como conseqüência
do pouso de um disco voador na madrugada do dia 26 de abril.
Naquela noite, pouco antes da meia-noite, Roque e sua esposa,
Maria dos Anjos Ming (59), chegavam em casa de carro, acompanhados do filho
Carlos Eduardo e a nora Andréia. Pouco antes dos casais se separarem,
a atenção de Maria foi chamada para uma luminosidade forte,
avermelhada, enquanto seguiam pela Estrada Municipal do Quilombo, mas ninguém
deu muita importância ao fato.
Já dentro do sítio Nossa Senhora das Graças,
numa inclinação acentuada, Carlos e Andréia ficaram
na primeira casa, enquanto Roque e Maria seguiram para o imovel mais adiante,
subindo. Ambos foram para a varanda, ficaram algum tempo conversando e,
quando resolvem ir se deitar, reparam no pasto novamente. Roque Ming foi
o primeiro a notar a intensa luz provinda do que ele deduziu ser um objeto
ovalado de cerca de dez metros de comprimento, no alto do morro, que pairava
a dois metros do chão, segundo contou. "Por dentro era um vermelho
meio claro, mas tinha umas pontas que passavam muito rápido, como
se girassem, com cores diferentes laranja, amarelo, branco, várias
cores", descreveu ele.
Da varanda de onde observavam até o clarão há
uma distância de aproximadamente 800 metros. Mesmo a esta distância,
Roque e esposa afirmam ter ouvido, em alto e bom som, os ruídos
provenientes do lugar. Eram uma espécie de 'grunhidos', segundo
contaram.
Mais alguns segundos se passaram até Maria --que usa óculos
mas no momento estava sem eles-- reparar um vulto humano. Só que
ela não viu braços ou pernas. Enquanto foi buscar os óculos
e voltou, seu marido identificou mais três. "Estavam saindo do aparelho.
Vi saindo bem de dentro da luz e pisando firme no chão", contou,
esclarecendo que teve a impressão de que queriam certificar-se de
estar em terra firme. Para o casal, os vultos pareciam estar com vestimentas
largas, todas brancas, e todos encapusados.
Depois de algum tempo pensando no que poderia ser e de especular
sobre ladrões de gado, despacho de macumba, o casal aventou a hipótese
de uma visita de outro mundo.
Ambos ficaram ali observando por mais meia-hora quando então,
à 1h30, decidiram trancar as portas e ir dormir, para voltar ao
lugar apenas no dia seguinte e verificar o que ocorreu. Mesmo assim, Maria
conta que só conseguiu dormir após às 2 horas, quando
os grunhidos cessaram.
No dia seguinte, logo pela manhã, Roque Ming e seu filho
foram diretamente ao local onde ele havia avistado a luz. Ali encontraram
uma marca circular, de 78 cm de diâmetro, coberta de cinzas numa
coloração muito esbranquiçada e com uma constituição
muito fina, sem vestígios de carvão ou do material queimado.
Ao redor, o capim --muito seco nesta época do ano-- não chegara
a queimar, mas ficara chamuscado e amassado.
Vigília de oração
Roque Ming avisou uma amiga e, através dela, a história chegou
ao ufólogo Claudeir Covo, que passou o caso aos pesquisadores do
Centro de Estudos e Pesquisas Exológicas de Sumaré, o CEPEX,
na primeira visita ao local, eles encontraram um vizinho de Ming --seu
antigo capataz-- que disse ter visto a mesma luz avermelhada e ovalada
ao longo da estrada, acompanhando seu carro, pouco antes da meia noite,
e seguindo na direção da propriedade do sr. Montovanelli.
O jornal Expressão, de Itupeva, soube da notícia
e divulgou a ocorrência. Enquanto os pesquisadores levantavam dados,
uma nova versão apareceu: um pastor evangélico enviou um
fax ao jornal explicando que, naquela noite, um grupo de 16 jovens da Congregação
Cristã Pró-Família, de Jundiaí, reuníra-se
exatamente naquele local para realizar uma vigília de oração,
em volta de uma fogueira.
À Revista Vigília, o pastor Francisco Vanderlinde
se disse surpreso com o alarde em torno da questão. "Não
tinha nada para produzir luz além da fogueira e dos carros dos garotos,
que ficaram um pouco abaixo", contou. "Não neguei (no fax ao jornal)
que o sr. Roque tivesse visto algo mais que a fogueira, os carros e os
jovens", apaziguou, explicando que sua comunidade admite --como a maioria
dos evangélicos-- a ocorrência de manifestações
divinas na forma de luzes sobrenaturais durante os cultos. "Mas os jovens
mesmo não viram nada. Apenas afirmei que não seria disco
voador", completou, explicando que os sons estranhos ouvidos pelo casal
talvez fosse o que se chama glossolalia, fenômeno comum entre evangélicos
e católicos carismáticos, quando os participantes do culto
começam a falar em lingüas estranhas. "Isso está na
bíblia", afirmou, dizendo não acreditar em discos voadores.
O líder do grupo de jovens, Eduardo Scarpelli, de 22 anos,
deu mais detalhes. Sua família possui outra propriedade na cidade
e é amiga de longa data de Mário Montovanelli. Por causa
disso, ele e seus amigos foram ao local sem sequer avisar o proprietário,
acreditando não haver problemas. Antes, à tarde, ele já
tinha estado no morro, quando preparou a fogueira com galhos e folhas secas
colhidos ali mesmo. Também disse ter tomado precaução
para não causar um incêndio, escolhendo um local onde o capim
estava muito baixo.
Última atualização: 04/08/97.
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